A preparar-se para realizar em Portugal a sua conferência anual, marcada para os próximos dias 24 e 25 de Fevereiro, em Lisboa, o FTTH Council Europe divulgou hoje números que colocam Portugal no top do ranking de países europeus com mais adesão à fibra óptica e refere que este é um caso "sem precedentes na Europa".

O TeK aproveitou para questionar o presidente do organismo, Karel Helsen, sobre as razões para este crescimento e as expectativas sobre a sua manutenção em 2010.

TeK - Portugal teve um crescimento muito significativo em 2009 em termos de casas passadas e também de número de utilizadores, segundo os dados preliminares que o FTTH Council divulgou. Quais são as principais razões para esse crescimento?
Karel Helsen -
Eu acho que há três razões: a primeira é o apoio do Governo. É muito importante que o Governo queira que as pessoas tenham estas redes disponíveis. A segunda razão é o bom trabalho que o regulador, a Anacom, fez, criando um ambiente em que os operadores podem investir e ao mesmo tempo obter concorrência. E também para fazer regras específicas de como podemos desenvolver e criar redes abertas.

[caption]Karel Helsen[/caption]A terceira razão é a promoção junto do povo português, que percebeu as vantagens da tecnologia e o que pode fazer com estes serviços, que são muito importantes para mudar vários aspectos da sua vida.

TeK - Acredita que este é um crescimento que se pode manter em 2010 e 2011? E será maior no número de assinantes ou na disseminação da infra-estrutura?
Karel Helsen -
Estamos à espera de uma decisão da União Europeia a nível de regulação, que é muito importante também, para Portugal, e está claro que vamos ver a continuação desta tendência que estamos a assistir em Portugal.
Os portugueses são também um povo que gosta de ter a infra-estrutura e que de certeza absoluta que se o Governo continuar a apoiar a tecnologia e os operadores a investir como fizeram em 2009, a taxa de crescimento pode continuar da mesma forma.

TeK - O FTTH Council tem interesse que a Comissão Europeia defina uma velocidade mínima para a "banda muito larga" que é referida pelos Governos e pela Comissão Europeia e que é independente da infra-estrutura tecnológica?
Karel Helsen -
é importante explicar que o upload e download são duas questões importantes, não apenas a velocidade de acesso. Neste momento é um pouco difícil definir a velocidade mínima porque se a Comissão Europeia tomar essa decisão vai discriminar uns operadores face aos outros.
Por isso acho que a Comissão Europeia não vai fazer isso, também não era da sua responsabilidade, mas podem dar uma ajuda fazendo a comunicação da importância da velocidade de upload para os novos serviços.
Esta é também uma responsabilidade dos fornecedores de serviços, incluindo os Governos que querem promover a educação remota e saúde, que é da sua responsabilidade. Se falarmos só sobre infra-estrutura não podemos discriminar alguns operadores e temos de incluir também a questão dos serviços que são sustentados em fibra e que exigem maior largura de banda.