Com o Codebits em plena produção, o TeK falou ontem com o director técnico do Sapo, e um dos fundadores do projecto, para perceber as expectativas de mais uma edição do evento que envolve um Concurso de Programação.

O desenvolvimento de projectos seleccionados na edição de 2007 e as parcerias com Universidades foram também tema de conversa.

[caption]Celso Martinho[/caption]TeK - Esta é já a segunda edição do Sapo Codebits. Já vi que um projecto vencedor do ano passado já teve concretização no mundo real, que é um dos objectivos. Como está a correr o Sapo Codebits e quais são as vossas expectativas este ano?
Celso Martinho –
Acho que o Codebits deste ano está a correr muito bem. Temos a casa cheia, temos mais de 500 participantes, ligeiramente mais do que no ano passado, e também gosto do espaço, que é mais aberto e contínuo e cria uma dinâmica interessante. O feedback tem sido muito positivo.

No ano passado ao fim de três dias tínhamos 56 projectos, eu não espero ter menos este ano. Portanto as minhas expectativas são altas, pelo menos tão altas como no ano passado.

TeK - Acha que o Sapo Codebits pode ser um laboratório de desenvolvimento de ideias à semelhança do que faz a Google? Temos matéria prima promissora em Portugal?
C.M. -
Muitas pessoas olham para o Codebits como um evento que nós [Sapo] fazemos e pronto... Para nós o Codebit não é algo que fazemos em Novembro todos os anos e pára ai. O Codebits para mim, e até pelo facto de ser no final do ano, tem a ver com a celebração de uma estratégia que é mais ampla e tem a ver com aquilo que notámos que nos estava a acontecer há dois ou três anos, que com o crescimento do negócio nos estávamos a afastar um pouco do meio académico e das comunidades e, no fundo, do talento. O nosso projecto sem talento não funciona e arranjar talento em Portugal não é fácil, o que não quer dizer que ele não exista. Existe com certeza e a prova disso serão os projectos que vão ser apresentados amanhã [dia 15 de Novembro].

O Codebits é o culminar de um esforço constante. No ano passado fizemos o protocolo com a Universidade de Aveiro, ontem apresentámos uma série de projectos que já fizemos com o Laboratório, dois desses projectos já se materializaram. O Carne p’ra Canhão é uma série que estamos agora a lançar, estamos também a fazer um projecto grande que é o Sapo Campus, que é uma instância de Sapo para ambientes universitários.
Temos feito alguns eventos menos grandes durante o ano, como o evento de Usabilidade em Aveiro, falamos mais nos blogs, ouvimos mais as pessoas, temos uma série de APIs para programadores...

Tudo isso para nós faz parte do que o Zeinal Bava e Abílio Martins [Administradores da PT] chamaram de “Open” e eu vivi muito o fenómeno do open source nos anos 90 ... Hoje o open source já nem sequer é cool, porque já está tão massificado... Mas não é só tecnologia, é uma forma de estar.

Para além disso é claro que temos objectivos de curto prazo com o Codebits, de identificar gente talentosa e que realmente tem ambição. E no fim do evento convidamo-los e queremos próximos de nós e, se correr bem, queremo-los a trabalhar connosco...

TeK – Comecei por falar na equipa que no ano passado venceu e que este ano lança o BookWorms. Porque é que dos 56 projectos de 2007 só um é que se concretiza?

C. M –
Não foi só um. Nós apoiámos 10 projectos. Este foi o que chegou a um estado que representa para nós tudo o que andamos a advogar porque nós temos mais três na calha, simplesmente não estão ainda na etapa em que estes estão.

Esta equipa foi particularmente interessante porque eles aceitaram o desafio de caras, largaram os empregos que tinham, meteram-se na aventura de fazer uma empresa, terminaram o projecto e neste momento têm o produto pronto para ir para o ar. E foi mais por isso que resolvemos dar o destaque que demos ao BookWorms.

TeK - Uma última pergunta. A parceria que o ano passado foi criada com a Universidade de Aveiro este ano estendeu-se à Universidade do Minho, Porto e Coimbra. Em que se pode materializar esta parceria? Com a Universidade de Aveiro havia uma ligação próxima e histórica que não será em alguns pontos replicável noutras...

C.M. -
Estar próximo das Universidades é fulcral. Falamos de talento e à porta das Universidades é onde há mais concentração. Obviamente que o retorno ao meio académico tinha de começar pela Universidade de Aveiro, pelos motivos históricos, mas também porque achamos que fazer protocolos com Universidades não serve de nada se não passar do papel. Acho que o que estamos a fazer com a Universidade de Aveiro tem resultado porque tem havido um envolvimento muito grande e um acompanhamento muito grande quer da Universidade quer da nossa parte. E só assim é que uma parceria pode funcionar.

O que fizemos hoje com a Universidade do Porto, Coimbra e Minho foi o que fizemos com a Universidade de Aveiro há um ano atrás e, para ser muito honesto, é apenas uma carta de intenções: a intenção que duas instituições têm de começar a trabalhar com professores e alunos em projectos no Sapo. Com algumas destas Universidades já temos projectos avançados e é natural em que algumas surja o que surgiu em Aveiro, um Laboratório. Agora vamos ver como é que corre. Em 2009 cá estaremos para fazer o balanço.

Fátima Caçador