Algumas horas antes do último passo para a aprovação da fusão entre a EDS e a HP, Santiago Urío Rodriguez, presidente da EDS de Espanha e Portugal, deu uma entrevista ao TeK para falar sobre as perspectivas que a fusão abre para o negócio e o impacto para os clientes portugueses.
Tal como esperado os accionistas acabaram hoje por votar massivamente a favor da fusão, criando uma das maiores empresas do sector.
http://imgs.sapo.pt/gfx/454734.gif TeK - Quais as perspectivas que este negócio abre para os clientes ibéricos da EDS?
Santiago Urío Rodriguez - Durante algum tempo não falámos do negócio porque estávamos à espera da aprovação das autoridades norte americanas e da União Europeia, mas agora que temos o aval destas autoridades o negócio pode prosseguir, embora ainda existam algumas autorizações pendentes em alguns países.
Parece que o processo está a correr bem e os accionistas devem votar ok pela transacção.
Se a transacção de cumprir (e tenho de dizer sempre "se"), acho que é uma oportunidade muito boa para as duas empresas e um bom complemento para os nossos clientes. Tal como as autoridades disseram, há poucas sobreposições entre as duas empresas. A HP, como todos sabem, é uma empresa líder na área de tecnologia e é muito forte na área de software e hardware. Tem também operações significativas na área de Serviços, mas não tão tanto como nós, que estamos na área de Serviços de TI desde os anos 60.
Temos muito orgulho de ter sido uma companhia de serviços independentes, como sublinhávamos aos nossos clientes, mas é verdade que alguns dos nossos concorrentes não são independentes e usam esse músculo para concorrer no mercado.
Penso que a combinação da HP e da EDS é muito poderosa, juntando a líder de TI com uma das 3 maiores empresas de serviços de TI. Do nosso ponto de vista poderemos trazer muito valor com esta operação. Temos grande conhecimento nos serviços, e sobretudo no outsourcing, com uma boa base de clientes e serviços muito sólidos, construídos ao longo dos anos. Começámos com o outsourcing de TI que é sobretudo infra-estruturas, data centers, backup e depois passámos a aplicações. Agora estamos a avançar na área de BPO, tirando partido do conhecimento dos nossos recursos na área de processos e assumindo processos de empresas, dos quais podemos fazer reengenharia e torná-los mais sólidos e eficientes. E é por isso que esta área de negócio se está a desenvolver muito rapidamente, em particular em Portugal e Espanha. Em Espanha o BPO já representa 1/3 do negócio da EDS e em Portugal, embora tenhamos começado mais tarde, estamos a expandir esta área muito rapidamente, em particular nas empresas do sector financeiro.
TeK - Como reagiram os clientes a este negócio, sobretudo pela mudança do estatuto de "independência tecnológica" que a EDS mantinha?
S.U.R. - Os clientes reagiram de forma extremamente positiva. Eu próprio fiquei surpreendido. Anteriormente mantínhamos a independência tecnológica de forma orgulhosa e por isso tínhamos alguma preocupação em relação à reacção a esta mudança, mas o feedback que temos recebido é que os clientes apreciam esta combinação e pensam que o valor da combinação é bom para eles e já procuravam algo deste género para terem um player forte no mercado no qual podem confiar.
TeK - Em relação à concorrência, sobretudo ao líder deste mercado que é a IBM, como se posiciona agora a EDS + HP Services? Fica com mais trunfos?
S.U.R. - O principal objectivo da concorrência a nível mundial é sermos mais concorrenciais e nesta área estamos a concorrer obviamente com a IBM, embora haja outros concorrentes. Mas penso que do ponto de vista dos serviços se a operação se concretizar vamos estar muito perto do líder de serviços de TI a nível mundial e a nossa intenção é dar aos nossos clientes uma forte alternativa nas áreas que cobrimos.
TeK - A EDS vai ter de abdicar da independência tecnológica e adoptar soluções da HP?
S.U.R. - Como sabe tínhamos uma aliança com fornecedores de tecnologia , na Agility Alliance, e neste momento o nosso compromisso é manter essa aliança. Com a fusão vamos fortalecer as nossas plataformas porque temos acesso a toda a tecnologia e infra-estrutura da HP, mas estamos empenhados em fornecer as melhores soluções e infra-estruturas aos nossos clientes e se estas incluírem qualquer outra plataforma pedida pelo cliente vamos continuar a focar-nos em oferecer aos clientes o que eles pedem.
O que penso é que de um lado é positivo ter acesso a nova tecnologia, mas não vamos deixar de trabalhar com os nossos parceiros.
TeK – E qual é a perspectiva de tempo para manter essa postura?
S.U.R. - Esta é a nossa intenção actualmente e não posso dar-lhe um prazo, mas esta é a nossa intenção neste momento.
TeK – Outra das grandes questões em relação a esta fusão é a integração da empresa e dos recursos e a interrogação sobre se será mais fácil do que foi a absorção da Compaq na HP. Já têm certamente planos alinhados. Como será esta integração?
S.U.R. - Eu não posso julgar a fusão da Compaq com a HP há alguns anos e é de notar que havia uma grande sobreposição entre as duas operações. Neste caso temos pouca sobreposição.
A intenção que anunciámos é que a EDS vai manter-se como uma marca e vamos incorporar o logo da HP e a informação ”uma empresa HP”. E vamos integrar a área da HP Serviços com a EDS. Ainda não há uma análise dos recusos e a forma como será feito país a país porque como disse antes temos estado à espera das aprovações e do processo formal, mas vamos fazer isso nos próximos meses.
Não espero problemas, até porque o que queremos é o melhor para os nossos clientes e não criar problemas, mas não consigo antecipar como será feito.
TeK – E a EDS poderá manter alguma da sua independência?
S.U.R. -Esta é uma questão que será analisada nos próximos meses. A nossa intenção para já é manter diferentes identidades legais, mas isto está ainda a ser analisado e dependerá do que for considerado como a melhor forma de operar.
Nos próximos meses poderei dar-lhe uma perspectiva mais clara sobre este tema.
TeK – Em Portugal e Espanha a EDS tem cerca de 4 mil colaboradores. É esperada alguma redução destes números?
S.U.R. - Esta é outra questão que tem de ser analisada mas não esperamos despedimentos significativos, porque como disse não temos negócios sobrepostos. Precisamos de todas as pessoas para suportar os contratos com os nossos clientes.
Temos de fazer uma análise porque queremos ser tão eficientes quanto possível e temos de combinar as duas áreas, mas a maior parte das pessoas na EDS está envolvida em projectos com clientes e precisamos delas para os serviços que prestamos.
TeK – Quando refere que não há grande sobreposição com a HP Services refere-se a produtos e serviços ou também a clientes? Em Portugal, por exemplo, partilham clientes?
S.U.R. - Algumas empresas são clientes da EDS e da HP, mas é muito raro termos os mesmos serviços nos mesmos clientes. Podemos estar no mesmo cliente onde a HP vende os produtos tradicionais de software e hardware e a EDS presta serviços. O número de clientes onde estamos ambos a fornecer serviços de TI é muito reduzido e essas situações serão analisadas mas é uma parte pequena do negócio.
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