A Epson apresentou a semana passada a sua nova estratégia de negócio, com especial enfoque no mercado empresarial, ao qual dirige uma nova gama de impressoras jacto de tinta com sete modelos com lançamento previsto para este ano.
O TeK aproveitou a passagem pelo evento para conversar com Rob Clark, director executivo da Epson Europa, que explicou porque a aposta nas soluções para empresa, sobretudo na implementação de equipamentos a jacto de tinta num mercado tradicionalmente dominado pelo laser.
TeK: Como se posiciona agora a Epson no mercado? Quais são as áreas chave?
Rob Clark: A Epson está agora muito mais empenhada no mercado empresarial com as impressoras jacto de tinta. Com a gama Workforce Pro temos uma oportunidade de levar o jacto de tinta para um espaço onde este nunca esteve. Nós dividimos o mercado em consumo, pequenos negócios, médios negócios e grandes empresas. Tradicionalmente, o primeiro destes mercados é cem por cento dominado por impressoras jacto de tinta e o último pelo laser, e pelo que temos observado - especialmente desde que lançámos o nosso primeiro equipamentos destinado a micronegócios - a intercepção dá-se algures no pequeno negócio. A nossa estratégia é levar o jacto de tinta a todo o mercado empresarial. A chave reside na pessoa que compra, porque no mercado doméstico quem compra é quem vai usar o equipamento, enquanto no empresarial quem faz as compras é o departamento de TI da empresa. Essa diferença resulta em grandes diferenças ao nível dos requisitos do produto.
TeK: Porquê a aposta em levar as impressoras jacto de tinta para o mercado empresarial?
Rob Clark: Consideramos que oferece uma série de vantagens em relação à impressão a laser. Temos a possibilidade de introduzir a impressão a cores de forma muito fácil, temos uma redução de 50 por cento no custo da impressão (portanto a impressão a jacto de tinta custa metade da impressão a laser) - e quando falamos dos departamentos que tomam estas decisões nas empresas, uma das suas principais preocupações é o total controlo de custos, por isso ter um produto que pode oferecer 50 por cento de redução de custos constitui uma grande oportunidade para eles. Em terceiro lugar, a ecologia do produto. Optar por uma impressora de jacto de tinta permite poupar 80 por cento do consumo energético, face a uma impressora a laser. Estas são três grandes razões pelas quais a tecnologia inkjet pode ser bem-sucedida no mercado empresarial.
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TeK: Porque está a Epson a concentrar-se no mercado empresarial agora?
Rob Clark: Tradicionalmente, temos sido muito fortes no mercado de consumo, mas temos vindo a desenvolver a nossa tecnologia em muitas outras áreas. Somos muito conhecidos no mercado fotográfico, temos diversificado o nosso negócio para áreas como impressão têxtil, de etiquetas, rótulos para garrafas. A razão pela qual temos feito isto, prende-se com o desenvolvimento da tecnologia de impressão a jacto de tinta, sabíamos que não conseguiríamos entrar neste mercado a menos que tivéssemos uma oferta capaz de corresponder realmente aos requisitos destes clientes. Porque se tentássemos entrar neste mercado e o fizéssemos da maneira errada, provavelmente ficaríamos de fora para sempre. Por isso, esperámos até que a tecnologia tivesse chegado a um ponto que nos permitisse entrar em novas áreas, convencer as empresas e os departamentos que fazem a selecção dos equipamentos e agora acreditamos ter chegado lá, com a gama Workforce Pro.
TeK: De que maneira contam distinguir-se da concorrência?
Rob Clark: Lá fora [na demonstração de produto] temos os nossos novos equipamentos e modelos da concorrência para o mesmo efeito, permitindo uma comparação directa entre eles. A tecnologia que usamos é a nossa própria e única Micro Piezo - e era a isso que me referia quando disse que desenvolvemos a nossa tecnologia até um ponto em que estamos em condições de apresentar uma oferta realmente competitiva para este mercado. Se olhar para os produtos na demonstração, os das concorrentes continuam a ser concebidos do ponto de vista do pequeno negócio, enquanto as nossas soluções foram desenvolvidas de um ponto de vista das grandes empresas. A forma do produto, o estilo de produto, a acessibilidade dos cartuchos, a conectividade, idiomas que a máquina suporta. Tudo o que tem sido desenvolvido, tem sido com vista a endereçar necessidades específicas deste mercado. Não começámos com um produto destinado ao mercado de consumo que puxámos para o empresarial, concebemos equipamentos totalmente novos para este mercado.
TeK: Numa altura em que a computação na nuvem está na ordem do dia, perguntava-lhe se esta vossa "investida" no mercado empresarial inclui alguma espécie de aposta em serviços na nuvem?
Rob Clark: A mim parece-me que este entusiasmo em torno da cloud é, nesta área (da impressão) e de acordo com aquilo que temos observado, muito mais da parte do mercado de consumo. Se olhar para o que tem sido lançado recentemente por parte dos alguns dos nossos concorrentes - estou a falar de impressão a partir do email ou a partir de dispositivos móveis - é muito mais dirigido ao mercado de consumo.
Se haverá ou não uma verdadeira necessidade por parte dos utilizadores de recorrerem ao cloud computing em matéria de impressão, é algo que ainda não conseguimos esclarecer.
TeK: E no que respeita aos serviços de gestão documental (MPS)? Existem planos para tirar partido da computação na nuvem no fornecimento desse tipo de serviços?
Rob Clark: Nós temos uma oferta de serviços de gestão documental (Managed Print Services) onde contamos actualmente com contratos de impressão para cerca de 400 milhões páginas. Nesta oferta, o nosso principal objectivo é assegurar o controlo dos custos de impressão, se vamos recorrer, ou não, a serviços na nuvem para fazer isso, é algo que será determinado em função desse objectivo de redução de custos.
TeK: Esta não é, portanto, uma área prioritária para vocês neste momento?
Rob Clark: Só na medida em que vejamos que a sua aplicação pode trazer reais benefícios à impressão e às principais necessidades deste mercado, que são o controlo de custos.
TeK: Qual o investimento em pesquisa e desenvolvimento associado a esta nova linha de produtos?
Rob Clark: Não posso dizer-lhe exactamente quanto investimos nesses produtos em particular, mas posso dizer-lhe que o investimento da Epson Corporation em pesquisa em desenvolvimento é de cerca de 2 milhões de dólares por dia. É um investimento significativo em ID, são cerca de 6 por cento da nossa receita.
TeK: Disse-me que estão a investir em "muitas, muitas áreas". Quais são as mais importantes, em termos de estratégia de negócio?
Rob Clark: Em termos de importância para o negócio, nos dias que correm, é o mercado empresarial e a entrada das impressoras jacto de tinta nesse mercado. É esta a principal área a desenvolver, mas encaramos o mercado empresarial, em geral, como uma grande oportunidade, seja na área das impressoras jacto de tinta, projectores, scanners… temos vários produtos que podemos levar para esse mercado. Do ponto de vista estratégico, estamos também a desenvolver novas áreas, por exemplo as destinadas ao comércio e indústria. A impressora de rótulos (para garrafas) de que lhe falei há pouco é uma área completamente nova para nós, e uma para a qual a companhia está a olhar com muita atenção. O que procuramos realmente são áreas em que a tecnologia Micro Piezo possa ser utilizada. Talvez sejam áreas em que ainda não tenhamos pensado antes e podem mesmo estar fora da área da impressão, mas que se localizem em espaços onde possamos levar valor acrescentado através das nossas "tecnologias chave".
TeK: Que são?
Rob Clark: Micro Piezo, 3LCD e Crystal Clear.
TeK: A tecnologia 3LCD é a usada nos vossos projectores. Quão importante é essa área de negócio?
Rob Clark: O negócio de projectores tem cerca de um terço da dimensão do negócio de impressão.
TeK: Mas vocês são líderes nos projectores…
Rob Clark: Sim. Mas o mercado de projectores é um mercado muito fragmentado, e tem sido sempre assim, há muitos, muitos concorrentes, enquanto no de impressão - e particularmente no de impressão a jacto de tinta - existem apenas meia dúzia de fabricantes.
TeK: Isso explica o vosso interesse? É mais fácil fazer a diferença nesses mercados?
Rob Clark: Há diferentes dinâmicas. No mercado de impressão, se entrarmos da forma certa, a oportunidade é enorme, mas também significa que se um concorrente o fizer, a sua vantagem é enorme, é um grupo muito forte de concorrentes.
No mercado de projectores tendem a existir muitas e pequenas marcas - dependendo também do segmento para o qual estamos a olhar, porque se trata de um mercado muito segmentado.
TeK: Qual é o peso do mercado europeu no negócio global da Epson?
Rob Clark: O mercado da Epson Corporation encontra-se mais ou menos dividido em três terços: América, EMEA e Ásia - mais ou menos, porque o Japão tende a ser um pouco maior do que "normalmente" seria. Por isso, a EMEA representa cerca de um terço da receita global.
TeK: Em que medida é que terramoto e o tsunami afectaram a companhia?
Rob Clark: Afectaram, antes de mais, de um ponto de vista emocional, porque temos colegas lá e também temos colegas no escritório europeu cujas famílias vivem no Japão, por isso do ponto de vista emocional foi bastante difícil. Do ponto de vista do negócio, quando ouvimos falar do terramoto pela primeira vez ficámos bastante preocupados com o seu impacto nos negócios da companhia, mas na realidade a sede da Epson e a maior parte dos laboratórios de investigação são na região de Nagano, a sudoeste de Fukushima e bastante distantes da zona, pelo que o impacto no negócio foi mínimo. Apenas uma ou duas das nossas fábricas de componentes ficam nessa área, assim, através de planos de contingência e recurso a outras fontes, conseguimos manter quase toda a produção com danos mínimos para o negócio.
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