A Nintendo 3DS serve para mais do que jogos, e a empresa quis demopnstrar isso mesmo tirando partido de uma das suas características mais inovadoras: a fotografia em 3 dimensões (3D). A exposição "Dimensões" que está patente no MUDE até 10 de Julho (com entrada gratuita) é uma boa prova desta capacidade.

Para esta exposição foram convidados 5 fotógrafos de cinco áreas distintas que durante um mês trocaram as suas câmaras habituais pela consola, recolhendo imagens de Moda, Família, Natureza, Desporto e Fotojornalismo, como o TeK já tinha escrito.

A este propósito entrevistámos Nelson Calvinho, responsável de Marketing da Nintendo em Portugal, que explica os objectivos da iniciativa e responde a questões sobre a estratégia da empresa nesta área e o futuro da fotografia 3D.

TeK: Como surgiu a ideia desta exposição de fotografia 3D? A Nintendo fez algo semelhante a nível internacional?
Nelson Calvinho:
A Nintendo 3DS é o primeiro objecto de consumo mainstream que permite jogar, ver fotografias e vídeo em 3D sem a necessidade de usar óculos, mas até ao momento o público associa a consola sobretudo aos videojogos. Quisemos demonstrar que o entretenimento inovador proporcionado pela Nintendo 3DS pode estender-se a outras áreas. Por isso decidimos desafiar cinco prestigiados fotógrafos portugueses a trocar as suas máquinas fotográficas habituais pela Nintendo 3DS e, com ela, fazer a primeira exposição de fotografia 3D em Portugal
[caption]Nelson Calvinho[/caption]A cada fotógrafo foi pedido que explorasse um tema "tradicional" do exercício fotográfico: Moda, Família, Natureza, Fotojornalismo e Desporto. Quisemos que os cinco fotógrafos nos mostrassem as potencialidades da Nintendo 3DS enquanto câmara fotográfica que pode ser transportada para todo o lado e utilizada de uma forma tão simples quanto apontar e disparar. Quase como que uma Polaroid dos tempos modernos, que tanto pode ser usada por profissionais como por famílias.
Ao mesmo tempo, pretendemos que esta exposição levante o véu sobre o futuro do 3D na fotografia e questione esta forma de expressão. No cinema temos décadas de evolução. Na fotografia estão a ser dados os primeiros passos. E a Nintendo 3DS dá um dos primeiros contributos para este novo paradigma.
A exposição é, para já, um projecto exclusivamente ibérico, estando a decorrer simultaneamente em Lisboa e em diversas cidades espanholas. Mas a exposição que está patente no MUDE é feita com fotógrafos portugueses sobre a realidade portuguesa. Os visitantes vão pela primeira vez redescobrir Portugal - as suas gentes, as suas paisagens - através de um novo olhar… em 3D. A verdade é que todos percebemos a realidade em 3D mas a maioria de nós nunca se viu representada em 3D. Esta exposição, no seu conjunto, é bastante consistente nesse olhar.

TeK: A exposição é "montada" com as consolas Nintendo 3DS, porque não há ainda outro suporte para as "exibir"? Já é possível passar as imagens para televisores 3D ou monitores de computador 3D?
N.C.:
As fotografias 3D da Nintendo 3DS são gravadas em formato .JPEG e .MPO. Teoricamente poderíamos exportar os ficheiros .MPO para outros equipamentos que suportem este formato. Mas os equipamentos actualmente disponíveis para mostrar fotografia e vídeo em 3D sem a necessidade de óculos especiais são escassos e caros. E, para já, a tecnologia que a Nintendo 3DS utiliza para exibir 3D sem óculos só faz sentido em ecrãs mais pequenos.
A alternativa é visualizar imagens sem óculos em ecrãs maiores onde o efeito 3D rapidamente se perde, porque é preciso visualizar as imagens num determinado ângulo. Ou então ver imagens 3D com o recurso a óculos especiais, cuja utilização é algo que a Nintendo considera constituir uma barreira à interacção social. Para já a Nintendo 3DS é a plataforma por excelência para ter acesso a estas imagens.

TeK: Quais são as principais diferenças e dificuldades que surgem na fotografia 3D face à fotografia tradicional?
N.C.:
Os fotógrafos profissionais que realizaram a exposição serão as melhores pessoas para responder a esta questão, mas é natural que a abordagem tenha de ser muito diferente da fotografia tradicional. No fundo passa-se algo semelhante ao que aconteceu com a passagem da fotografia a preto e branco para a fotografia a cores, e depois com a chegada do digital, que revolucionou completamente a abordagem à fotografia.
Apesar de vermos em 3D, quando fotografamos instintivamente pensamos em 2D. É assim que estamos habituados a ver fotografia. Com a Nintendo 3DS temos de voltar a pensar no real, num mundo com profundidade, volumes, distâncias. Na exposição "Dimensões", no MUDE, há diversa informação e recomendações sobre técnicas apropriadas à fotografia em 3D. Aconselha-se, por exemplo, que quem fotografa procure diferentes planos para aumentar a sensação de profundidade. E a intensidade e riqueza de cores ajuda também à sensação de volume e de distância entre objectos.

TeK: Maior distância focal e mais resolução são alguns dos "requisitos" pedidos pelos fotógrafos que experimentaram a consola. A Nintendo está a preparar-se para melhorar estas características?
N.C. :
A Nintendo 3DS foi lançada há muito pouco tempo - em Março deste ano. É demasiado prematuro pensar em alterações às características da consola. Na essência da consola está o entretenimento. Pretendemos sobretudo que as pessoas sorriam e sejam surpreendidas quando utilizam a Nintendo 3DS, seja através de jogos, fotografias ou vídeo, mas sempre de uma forma acessível a todos. E, para já, a Nintendo 3DS é a forma mais acessível, imediata e eficaz para podermos ver conteúdos em 3D sem óculos especiais.

TeK: Acredita que o 3D vai mesmo revolucionar a fotografia? E que papel pode ter a Nintendo nesta revolução?
N.C.:
Na apresentação desta exposição colocámos uma questão: se vemos o mundo a cores porque é que estivemos a fotografar durante mais de um século a preto e branco? A capacidade de criar e reproduzir fotografias em 3D da Nintendo 3DS é um primeiro e pioneiro passo para passarmos a reproduzir o mundo da mesma forma que o vemos: com profundidade, volume e distância. Acredito que muito provavelmente as câmaras do futuro serão baseadas neste princípio e que as imagens em 3D farão parte da norma. Especialmente se tivermos em conta a tendência cada vez mais forte da passagem de conteúdos em papel - sejam livros, jornais ou revistas - para suportes digitais.
Estamos no início de uma mudança de paradigma que nos vai obrigar a explorar novas fronteiras de uma forma criativa. No futuro, as fotografias de família e das férias que fizemos serão mais "palpáveis" e será mais fácil recordar como foi "estar lá". A fotografia e o vídeo em 3D vão passar a fazer parte da forma como descrevemos a realidade. E ainda há a curiosidade de percebermos de que maneira o 3D pode ser integrado na fotografia de autor, em que o 3D pode ser usado mais como uma forma de interpretar a realidade do que de descrevê-la.

Fátima Caçador

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