http://imgs.sapo.pt/gfx/246071.gifPresente em Portugal para dar a conhecer a nova estratégia de identificação dos seus processadores aos integradores e fabricantes nacionais, Roberto Espinosa, responsável ibérico da Intel para o canal, falou com o TeK desta e de outras mudanças estratégicas entretanto anunciadas pela número um dos processadores e das consequências que lhes estão associadas.



A estratégia para a arquitectura de 64 bits, assim como a aposta na computação móvel foram igualmente temas focados durante a recente entrevista.




TeK: A Intel tem vindo a fazer um grande investimento em termos de computação móvel, tendo lançado muito recentemente os novos Pentium M. Qual o roadmap da mobilidade para os próximos tempos?

Roberto Espinosa:
Acabámos de lançar o Dothan, um Pentium M de fabrico de 90 nanometros e neste momento estamos essencialmente interessados na sua promoção e em dar a conhecer as suas mais valias. Queremos transmitir o valor acrescentado pela nova tecnologia, quais as novas características dos processadores, como por exemplo terem 2 MB de memória cache. Tirando o Pentium 4 Extreme Edition, que é um produto muito focalizado para o mercado especifico que busca rendimentos máximos, como o dos jogos, por exemplo, é o primeiro processador de volume para clientes com 2 MB de cache, o que o torna desde logo interessante.



TeK: A cada vez maior integração de componentes na plataforma Centrino não rouba espaço à possibilidade de inovação e diferenciação entre integradores e fabricantes?

R.E.:
Creio que não. Dentro da plataforma Centrino, mesmo ao nível do processador existem duas opções. Existe o Pentium M de núcleo Banias e Dotham, a diferentes velocidades e dirigidos a diferentes segmentos, diferentes níveis de preço. Ao nível dos chipsets temos quatro soluções diferentes para a plataforma Centrino. Na parte de Wi-Fi há duas soluções, prevendo-se no futuro a adição da solução triband. Por isso creio que o portfólio é muito grande. Além disso, se isto não for suficiente, lançámos o Celeron Mobile, que tem o mesmo núcleo que o Pentium M, mas com menos cache, para fazer chegar esta arquitectura ao segmento mais baixo. Por isso creio que existe bastante hipótese de escolha. Há diferentes opções mediante diferentes características.

À parte disto tudo, temos dois segmentos de mobilidade, dois segmentos de portáteis. De mobilidade entendemos apenas a tecnologia móvel como a Centrino, e de portabilidade, com as soluções com o Mobile Pentium 4. É outro segmento onde as fabricantes, sejam um integrador local como multinacional, tem muitas hipóteses de se diferenciar.



TeK: Recentemente a Intel anunciou a mudança do sistema de identificação dos seus processadores, que passou a assentar no número de processador e não na velocidade de relógio associada, como acontecia anteriormente. Qual é o objectivo desta mudança estratégica?

R.E.:
A intenção foi facilitar ao utilizador final, ao consumidor, a compra de um PC. O método anterior era muito confuso se pensarmos na panóplia de processadores com a mesma velocidade de relógio. Só para desktop temos quatro processadores com a mesma velocidade e com diferentes características que afinal são também rendimentos diferentes. Isto para um utilizador final que não esteja muito habituado ao mundo da informática é muito complicado. É complicado saber qual processador eleger.

Por isso entendemos que com números que reflictam tanto a velocidade de processador, a cache, o bus do sistema, a arquitectura do processador, diferentes tecnologias, entre as quais o hypertrading, realmente facilitaremos a compra ao utilizador.



TeK: Mas é verdade que o consumidor, mesmo não percebendo muito de tecnologia, está já muito habituado a ver nos computadores, referências da velocidade de relógio dos processadores...

R.E.:
Sim, mas as fabricantes que quiserem continuar a salientar a velocidade de relógio de entre as características do processador podem fazê-lo. A Intel, ao nível do nome do processador, estipulou que utilizará o número de processador. Numa sequência numeral penso que é mais fácil perceber as características de um dispositivo.

Acredito que a mudança, a longo prazo, será positiva para o consumidor. A Intel tem agora de apostar muito fortemente na comunicação do novo sistema de identificação, e é isso que estamos hoje a fazer com os fabricantes portugueses: estamos a contar como é que funciona, porque é que se decidiu nesse sentido e sobretudo como fazer passar a mensagem aos seus clientes.



TeK: Que feedback tem recebido por parte dos integradores e fabricantes portugueses quanto à mudança do sistema de identificação?

R.E.:
À primeira vista, principalmente aos fabricantes, parece-lhes uma mudança algo radical. Mas quando se explica, sobretudo do ponto de vista do consumidor, não muito ligado ao mundo da tecnologia, a estratégia passa a fazer todo o sentido. E realmente, em países como Portugal e Espanha onde a taxa de penetração do PC é baixa comparativamente a outras regiões da Europa, facilitar o processo de compra a uma pessoa menos especializada na tecnologia, penso que é algo muito positivo para todos e de alguma forma ajudamos a que o mercado cresça.



TeK: O Dothan foi o primeiro processador a adoptar esta nova terminologia. Porquê o Dothan e quais os próximos?

R.E.:
A transição para o número de processador está muito ligada à transição para a produção de 90 nm. O primeiro processador de 90 nm foi o Prescott, mas fizemo-lo num encapsulamento anterior. Lançámos agora o Dothan e depois lançaremos o Prescot com um novo encapsulamento, o LGA 775, mudança que introduzirá a alteração de nomenclatura na área dos desktops.



TeK: Também há pouco tempo, a Intel anunciou o cancelamento do desenvolvimento das linhas de processadores Tejas e Jayhawk, justificando-se com a necessidade de um realinhamento estratégico. Que vantagens poderá trazer esta mudança ao consumidor final?

R.E.:
Com o lançamento da tecnologia hypertrading e com um pouco da visão de lar digital promovida pela Intel e partilhada no mercado entre todos os fabricantes, e até já exigida ao nível do consumidor, creio que é claro que têm muito mais valor as tecnologias que sejam capazes de servir melhor um modelo onde os utilizadores terão diferentes aplicações a correr ao mesmo tempo num PC.

Para este futuro modelo de utilização que vamos ter em casa consideramos que tecnologias como o hypertrading são aquelas que realmente dão valor acrescentado e rendimento muito importante.

O que o hypertrading está a mudar, de alguma forma, é ter dois processadores em um. Na sua visão de futuro, a Intel considera que se vai poder atender e responder melhor às necessidades do consumidor tendo processadores dual core - dois núcleos - do que processadores com um único núcleo, como era o caso dos Tejas.



TeK: Mas uma decisão deste género não traz prejuízos elevados à Intel?

R.E.:
Em qualquer indústria ligada às tecnologias há que investir em investigação para depois ter um retorno em produto. Aqui não chegou a existir o produto, mas isso não quer dizer que o investimento efectuado tenha sido em vão. Desde logo, toda a aposta neste desenvolvimento poderá ser utilizado noutros sítios...



TeK: Está previsto que os futuros sistemas operativos Windows tirem partido da arquitectura de 64 bits. O que está a Intel a fazer para melhorar o ecossistema?

R.E.:
Actualmente, o único processador que a Intel vê como solução de 64 bits é o Itanium 2, que além disso é um processador que tem vindo a ganhar o apoio tanto da indústria de software como de hardware para soluções de alta computação - não é com certeza de um processador para o servidor de uma PME...

No segmento dos servidores existe já alguma necessidade de expandir a capacidade de memória, algo que a nossa tecnologia EM64T permite. A EM64T permite trabalhar com uma quantidade de memória maior do que o registado com a de 32 bits. Essa necessidade já está a ser endereçada por nós no mercado de servidores, e por isso lançaremos o próximo processador Xeon Nocona com essa tecnologia.

Actualmente não há urgência na tecnologia 64 bits para o consumidor individual - pelo menos para este ano. Não existem nem sistemas operativos nem aplicações - a Microsoft está a falar do sistema operativo só para o ano que vem. Depois, a vantagem mais importante da tecnologia de 64 bits é a de direccionar mais de 4 GB de memória e actualmente não conheço nada que necessite de tal capacidade.


Quando realmente se estabelecer um ecossistema, tanto ao nível do hardware, como de software, como da necessidade do utilizador, apostaremos na 64 bits. Não será com certeza este ano.


Por agora, nem para a EM64T existe procura por parte do utilizador doméstico. Não acreditamos que o utilizador doméstico necessite dela actualmente, nem sequer há procura, porque não há aplicações, não há necessidade destes mais de 4 GB de memória. Actualmente, ter um processador com hypertrading traz muito mais valor ao utilizador do que ter um 64 bits em sua casa que não pode utilizar, porque o vai utilizar como um 32 bits.



TeK: Há depois espaço para a EM64T e a 64 bits Itanium existirem simultaneamente?

R.E.:
Seguramente, sim. De início teremos estas três capas - 32 bits, EM64T e 64 bits -, posteriormente restará apenas a de extensão e a de 64 bits e no futuro, ficaremos apenas com a de 64 bits. Mas ainda irão conviver as três durante muito tempo.



Patrícia Calé

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