Em entrevista ao TeK o diretor da IDC Portugal confirma as expectativas de crescimento hoje adiantadas, e as prioridades fixadas na melhoria da eficiência operacional das organizações. Tecnologia de cloud computing, mobilidade e redes sociais, a chamada terceira plataforma, vão centrar este crescimento nas empresas, mas a Administração Pública terá também um papel de relevo na melhoria do relacionamento com o cidadão.

TeK: As previsões para 2014 hoje apresentadas têm um tom positivo que não assumiam no ano passado. Que sinais de recuperação encontram no mercado português?
Gabriel Coimbra:
Em termos empresariais, a melhoria das condições da atividade económica tem reflexos nas prioridades de negócio das organizações nacionais o que influencia diretamente o investimento em tecnologia. No topo das preocupações dos responsáveis aparece a melhoria da eficiência operacional da organização, e apesar da redução de custos ainda permanecer como a segunda principal preocupação das organizações nacionais - notar que nos últimos 3 anos era a primeira preocupação -, fatores como a inovação de produtos e serviços, a atracão e retenção de clientes e a expansão para novas geografias aparecem no topo das prioridades de negócio.

As prioridades de negócio traduzem-se em algumas áreas concretas de investimento em TI, mais especificamente, na adoção de serviços de Cloud Computing de forma a apoiar a internacionalização, aumentar a flexibilidade e eficiência dos processos, na implementação de projetos de mobilidade corporativa de forma a aumentar a produtividade dos colaboradores e melhorar o relacionamento com clientes, na renovação de alguma da infraestrutura tecnológica, assim como um crescimento nas soluções de segurança de informação e implementação de soluções de negócio (ERP e CRM). Continuaremos também a assistir à conclusão dos projetos de virtualização e de consolidação tecnológica, assim como uma forte adoção de ferramentas de Big Data & Analítica de negócio.

TeK: No ano passado a expetativa era de uma quebra de 1,6%. Este ano mesmo com um crescimento previsível de 0,9% não chegaremos aos níveis de investimento de 2008. Quando lhe parece que poderão recuperar-se os níveis dos melhores anos?
Gabriel Coimbra:
Demorará mais de uma década.

TeK: Esta recuperação está ligada ao facto das empresas não poderem continuar a adiar investimentos nas TI? Quais as áreas onde poderão registar-se maiores investimentos, e em que sectores da economia?
Gabriel Coimbra:
Sim, está relacionada com o facto de alguns dos investimentos não poderem esperar mais, mas também devido à necessidade das empresas suportarem novas iniciativas de negócio, como é o caso da retenção e angariação de novos clientes, suportar a internacionalização e a inovação de produtos e serviços. Setores como o retalho, serviços, telecomunicações, utilities e energia são aqueles que melhor performance apresentarão.

TeK: As PME estiveram entre as empresas mais afetadas com a conjuntura económica. Como veem o investimento destas empresas em TI em 2013 e 2014?
Gabriel Coimbra:
Nas PME, as razões citadas acima continuam válidas, sendo que muitos dos novos investimentos passarão pela Cloud.

TeK: E a Administração Pública, poderá recuperar um papel de destaque como motor do investimento em TI?
Gabriel Coimbra:
Prevemos que os investimentos em TIC na AP não apresentem grandes crescimentos na próxima década, mas acreditamos que, devido às diretrizes europeias, a pressão económica e a necessidade política para um melhor relacionamento com o cidadão, este setor venha a abraçar os novos pilares tecnológicos e ter algum destaque em termos de projetos inovadores em Portugal.

TeK: Os serviços de cloud, mobilidade e redes sociais – que a IDC define como 3ª plataforma – vão ser os principais dinamizadores dos investimentos em TI? Os últimos dados mostravam que as empresas estavam atentas mas ainda sem grandes investimentos nesta área…
Gabriel Coimbra:
Os dados que recolhemos no final de 2013 indicam que estes 4 pilares serão as áreas de maior crescimento em termos de investimento em Portugal.

Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico

Fátima Caçador