As duas tecnológicas nacionais anunciavam a decisão de avançar com um processo de fusão em abril de 2013, mas a nova organização só seria apresentada uns meses, com a denominação de ITEN.

De acordo com as empresas, a fusão, detida em partes iguais pelos acionistas da CPC IS e da Prológica, daria origem a uma das maiores empresas tecnológicas em Portugal, "com um vasto leque de serviços e competências ao serviço dos seus clientes".

Segundo a nota enviada à imprensa na altura, "a prioridade é claramente a de assegurar a excelência no serviço a que os respetivos Clientes se habituaram, pelo que o processo de fusão não terá qualquer impacto nos projetos e clientes em que ambas estejam envolvidas".

Um ano depois da constituição oficial da ITEN, o TeK aproveitou o anúncio da parceria estabelecida com a norte-americana iVedix para falar com João Pinto e Sousa, chairman da empresa portuguesa, que fez o balanço dos últimos meses.

[caption]João Pinto e Sousa[/caption]
TeK: O que mudou na forma de fazer negócio com a fusão entre a Prológica e a CPS IS?


João Pinto e Sousa:
Mudou tudo. É mais fácil começar por apontar o que se manteve: manteve-se o nosso foco no cliente, o nosso foco na perceção da evolução do mercado e das necessidades dos nossos clientes e na preocupação em perceber o período muito complicado em que estamos.


O nosso primeiro semestre de atividade foi muito interessante e desafiante: observou-se uma mudança de paradigmas, nomeadamente com a mobilidade, o cloud computing, o Bring Your Own Device. Para empresas com a tradição que nós temos, de 20 anos de mercado, é preciso mudar todo o mindstep, quer ao nível da gestão, quer da maneira de abordar os clientes.


Foi daí que resultou a nossa aposta: criámos uma empresa com capacidade de endereçar o mercado nestas vertentes, criámos uma empresa com uma resposta atual, totalmente nova. Acho que isso foi conseguido.


Além disso, um dos motivos para esta fusão estava relacionado com a ambição que também tínhamos na componente de internacionalização e julgo que essa também foi uma aposta conseguida. Houve um reforço muito grande, mas estamos muito entusiasmados com as conquistas feitas. Acima de tudo pela receção que temos tido da nossa abordagem, não só pela oferta, mas também pela capacidade de ler o mercado e criar novas soluções em Portugal e de levá-las para fora


Portugal tem sido um país muito rico nisto. Temos neste momento uma geração muito bem preparada e também temos exemplos muito interessantes. Diria que a nossa pequena dimensão é uma grande vantagem porque nos permite testar soluções, permite-nos uma proximidade muito grande com as necessidades do mercado e a partir daqui testá-las, validá-las e acima de tudo certifica-las e a partir daqui começar a fazer um pouco o roll out para a Europa, até porque temos a capacidade de perceber muito bem quais são as diferenças culturais entre países e adaptar soluções e atitudes de modo a que essas soluções também tenham sucesso noutras regiões.

TeK: Essa é a análise que fazem do mercado português, como um bom mercado de teste? Não é um mercado comprador?


João Pinto e Sousa:
Não diria que é um mercado de teste. É um mercado de aquisição de conhecimento, mais do que de teste. É um mercado muito exigente, temos as melhores tecnologias, praticamente todos os parceiros internacionais de peso e temos state of the art de uma série de tecnologias.


Por outro lado, também temos clientes muito exigentes, que sabem o que querem e têm um foco muito grande na rentabilização das infraestruturas e na otimização dos investimentos que fazem e isto obriga a um esforço continuado.


Por outro lado, como é pequeno, em Portugal também temos uma proximidade latente com os clientes. Por isso diria que mais do que de teste, é um mercado extremamente interessante para desenvolver soluções inovadoras, que acrescentam valor aos clientes.


Como os clientes são exigentes, obrigam-nos a que as soluções sejam robustas, testadas e consistentes e a partir daqui dá-nos experiência e uma garantia de que é uma preparação para estarmos prontos a abordar os mercados de maior dimensão.

TeK: Em que áreas de negócio está a apostar a ITEN ou quais são as mais representativas neste momento?


João Pinto e Sousa:
Temos algumas vertentes que para nós são fundamentais, tanto em termos de mercado como de tecnologias. Na parte do mercado a Educação, a Administração Pública que tem enfrentado grandes desafios, e a Banca, uma área que neste momento exige soluções que acrescentem valor.


Ao nível das tecnologias são todas aquelas buzzwords que ouvimos hoje: cloud computing, migração para a cloud, BYOD, mobilidade. Estas são as grandes linhas de atuação. Depois toda a parte de management services e serviços partilhados, numa ótica de redução de custos ou, se quisermos, de otimização das infraestruturas.

TeK: Há pouco falava da estratégia de internacionalização. Esta parceria com a iVedix é representativa dessa estratégia? Como é que estão representados noutros países, como é que têm chegado a outros mercados?


João Pinto e Sousa:
Temos uma estratégia de internacionalização em duas vertentes: não estamos só a tentar sair de Portugal para outros países, também estamos a tentar trazer tecnologia e parceiros de valor para Portugal e, com estes parceiros, daqui partir para o resto do mundo.


Portugal é uma plataforma tecnológica que permite, por um lado, desenvolver soluções que podemos levar para outras latitudes, mas também tem esta capacidade de gerar parcerias de valor acrescentado e soluções complementares que nos permitem enriquecer e tornar a nossa oferta mais robusta.


A área da internacionalização neste momento na ITEN passa por três grandes latitudes: Europa, o nosso grande foco, África e América Latina. Neste momento estamos representados na América Latina em quatro países, em Africa em três países e na Europa muito centrados nos países nórdicos e também no Médio Oriente.

TeK: Que balanço é possível fazer deste primeiro ano como ITEN?


João Pinto e Sousa:
Estamos muito entusiasmados. Tínhamos um plano algo agressivo para 2014 e, finalizado o primeiro semestre, diria que está cumprido em cerca de 75%. Isso deixa-nos grandes expectativas para o fecho do ano, ou seja, neste momento temos um pipeline que nos deixa bastante entusiasmados.


Em termos de volume de negócios, estamos de acordo com os números que tínhamos definido Em número de clientes estamos acima dos objetivos. Acima de tudo o que nos deixa bastante entusiasmados é o pipeline e, neste momento, uma situação interessante que está a acontecer é que já começamos a ser reconhecidos e a ter solicitações de diferentes países a pedirem-nos serviços.

Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico