Carlos Brazão, director-geral da Cisco, falou com o TeK à saída da apresentação feita pelo grupo para dar a conhecer um novo projecto incorporado na operação portuguesa. O responsável frisou a importância da captação de maior um centro Cisco para Lisboa e explicou que às custas destes novos projectos a filial portuguesa também tem crescido.



A conversa serviu ainda para fazer um primeiro balanço da parceria com a PT para a área da cloud e para ouvir o responsável relativamente à estratégia para a área das cidades inteligentes, um mercado onde a Cisco quer ter um papel importante.



O novo tablet Cius, com lançamento previsto para os próximos meses também foi tema de conversa, bem como as expectativas de Carlos Brazão sobre o acolhimento do dispositivo no mercado português.


TeK: O que representa para a Cisco Portugal a abertura deste novo centro em Portugal e que representatividade tem para a operação local?
Carlos Brazão:
Este centro que apresentamos hoje não vale pela dimensão. Tem algumas perspectivas de crescimento, mas em princípio é um centro de pequena dimensão. Digo em princípio porque na verdade nunca sabemos. Se tiver sucesso pode vir a crescer mais que aquilo que estamos hoje a prever. Pode acabar por expandir para outras áreas geográficas e em vez de servir só a Europa, como está hoje previsto, passar a prestar também serviços para África, por exemplo. Mas hoje, mais importante do que pensar nas perspectivas de crescimento é pensar que em quatro anos este é o quinto processo de decisão da Cisco para a criação de um centro de operações na Europa e, por defeito, visou Lisboa.

Para ter uma ideia todos os centros que localizámos numa outra área geográfica, no leste da Europa, estão dispersos por países. Nesta região a opção tem sido sempre por Lisboa.



TeK: E que principais benefícios isso tem gerado?
Carlos Brazão:
Estamos a criar em Lisboa uma massa crítica de grande potencial, que permite muitas coisas e que está a crescer a um ritmo muito interessante. Arrisco dizer que contratamos cerca de meia dúzia de pessoas por mês, através destes cinco centros de decisão que atraímos para Portugal.

Isto cria massa crítica e cria oportunidades a vários níveis. Cria, por exemplo, oportunidades de carreira. Temos pessoas a passar de um centro para outro, também já temos casos de pessoas que passaram dos centros para a nossa própria área de vendas. Estamos por outro lado a conseguir fazer a tão falada captação de talento estrangeiro. Temos uma pessoa que veio de França e também já integrámos outros estrangeiros a viver em Portugal.

[caption]Carlos Brazão - Director-geral da Cisco Portugal[/caption]
TeK: No total quantas pessoas tem hoje a Cisco Portugal?
Carlos Brazão:
Hoje em dia vamos a caminho das 240 pessoas em Portugal e a operação de vendas - que inclui a área financeira, vendas propriamente ditas, serviços, pré-vendas - não vai além das 80 pessoas. Portanto, cerca de dois terços dos colaboradores que temos em Portugal já estão nos centros.



TeK: Mudando de assunto, no ano passado a Cisco anunciou com a Portugal Telecom uma parceria para o desenvolvimento de serviços na nuvem. O calendário apontava o final de 2010 como altura provável para o surgimento das primeiras ofertas conjuntas. Isso já aconteceu?

Carlos Brazão:
A Portugal Telecom está a preparar o lançamento mais público desses serviços e acho que não devo substituir-me a eles, mas algo que posso dizer é que temos endereçado algumas oportunidades de negócio em conjunto e temos tido sucesso. Já ganhámos mais de uma meia dúzia de projectos em conjunto. Alguns deles vão tornar-se públicos porque os clientes autorizaram e posso dizer-lhe que são empresas muito emblemáticas. Sem querer ser arrogante até diria que todos os clientes que conjuntamente temos tido oportunidade de ganhar, temos ganho.

Esta não é uma parceria para ter notoriedade. Fizemos o trabalho de casa durante cerca de um ano e quando aparecemos a fazer o anúncio em Setembro já tínhamos as plataformas a serem definidas, construídas.

Vi há alguns dias um estudo que indicava uma grande apetência do mercado português para as soluções cloud e posso dizer que nós sentimos isso.


TeK: A Cisco anunciou também no ano passado a assinatura de uma carta de intenções com a Living PlanIT que a coloca na rota da cidade sustentável e inteligente que está a ser projectada para a zona de Paredes e que já é apelidada de Silicon Valley portuguesa. Esta é uma área importante para a Cisco?
Carlos Brazão:
Sim, dissemos que íamos cooperar neste projecto e mantemos esse empenho, querendo que seja um processo de sucesso.
Por trás de tudo isto há uma visão. Sabemos que o mundo está a urbanizar-se. Vão aparecer num século 300 a 400 cidades de mais de um milhão de habitantes e não vão ser como eram até agora. Está a surgir uma Internet das coisas que vai permitir criar plataformas IP para gerir cidades, que funcionarão como uma espécie de application store, em que qualquer empresa pode chegar e criar uma aplicação para gerir determinada área ou função.
Esta área das Smart and Connected Communities é estratégica para nós. Temos uma organização mundial que só trata disto e temos um pipeline de cerca de uma ou duas dezenas de projectos desses em todo o mundo. O LivingPlanetIT é um deles.



TeK: A Cisco tem previsto para os próximos meses o lançamento do Cius, um tablet empresarial com características muito próprias. Tem vindo a decorrer uma fase de testes com clientes, esta fase também se estendeu a Portugal? Como acha que o produto será recebido por cá?

Carlos Brazão:
É um tablet suportado em Android, mas que não será como os do mercado do consumo. É algo que estará completamente integrado num ambiente de unified communications e como tal dirigido a um segmento de mercado muito específico.

É possível que já tenham passado por cá algumas unidades Cius, é o tipo de procedimento que faz parte do fluxo normal de trabalho entre equipas de pré-venda e os nossos principais clientes.

Vale a pena dizer que em Portugal temos uma base instalada e uma quota de mercado enorme em tudo o que é unified communications. De acordo com estudos de mercado independentes Portugal é um dos países, senão o país da Europa, onde a nossa liderança de mercado em unified communications é maior [será a maior ou segunda maior quota de mercado da Cisco na região] e por isso o Cius em Portugal há-de ter um bom mercado. Falando, claro, naquele segmento que quer um tablet perfeitamente integrado num ambiente empresarial, integrado com as ferramentas corporativas da empresa … quase gerido como se fosse uma extensão da empresa.

Cristina A. Ferreira