Os últimos números da IDC para Portugal remetem a HP para a terceira posição do ranking das fabricantes de computadores, com uma quebra de 44,4 por cento nas vendas. A situação é justificada por diversas variantes, nomeadamente o impacto do e-escola, que entretanto terminou, e também pela decisão estratégica da própria empresa de cortar no número de unidades entregues para o retalho, por forma a reduzir o stock de produtos em loja.

Já a diversificação dos segmentos no mercado é natural e responde a uma adaptação da oferta em função do tipo de utilização, segundo Pedro Botte, director da área de sistemas pessoais da HP Portugal, em entrevista ao TeK, que garante que a fabricante vai querer marcar presença nos formatos que estejam "alinhados" com a sua estratégia global.

TeK: O mercado português de PCs continua a cair, muito devido ao reflexo do fenómeno "e-escola". Ficou um vazio depois destes projectos? Como avalia estas iniciativas e que importância podem ter assumido em termos de informatização dos portugueses?

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Pedro Botte:
O programa e-escolas, como o próprio Governo assumiu, teve um papel importante no domínio do combate à info-exclusão. Pensamos que o programa tem mérito, ainda que continue num ritmo mais lento, e que provavelmente apenas passado mais algum tempo se possa olhar para trás e fazer uma avaliação mais concreta do seu resultado. De qualquer forma, temos a certeza de que permitiu a muitos estudantes, e não só, um primeiro contacto com as tecnologias de informação e com o que se pode fazer com elas, pelo que o nosso balanço é seguramente positivo.

TeK: Os últimos números da IDC para Portugal remetem a HP para a terceira posição do ranking das fabricantes, com uma quota de 18,4 por cento e uma quebra de 44,4 por cento nas vendas. O que pode justificar esta descida: preços, falta de oferta mais diversificada?

P.B.:
Para o último trimestre esperamos uma continuada desacelaração das unidades da HP visto termos cortado nas unidades (especialmente para o retalho e e-escolas ) por estarmos a prever uma quebra muito significativa para o início de 2011. Não queríamos entrar no ano de 2011 com demasiados stocks.

Temos que nos lembrar que os dados da IDC são de "sell in", ou seja na sua maioria são unidades enviadas para os distribuidores e que ainda vão ter que ser vendidas a cliente final. Tendo em consideração alguma análise a informação de mercado consideramos que o mercado em geral está com um significativo excesso de stock e há com certeza algum ou outro fabricante com dezenas de milhares de unidades na distribuição, mas por vender.

Quanto ao resultado de 2010 vs 2009, a explicação tem vários factores. Em 2009 a HP entregou o projecto do Ministério da Educação, que no total ascendeu a 111.000 equipamentos. Este facto acabou por influenciar o comportamento do mercado global de PCs desktop, uma vez que a dimensão do mercado Português é afectada por projectos de alguma dimensão. Considero que comparando o ano de 2009 sem este negócio com o ano 2010 o comportamento da HP seja muito semelhante ao do mercado.

O segundo factor prende-se com a tremenda desaceleração do programa e-escolas, em que a HP participa activamente. Sendo umas das duas marcas com maior presença em 2009, a HP é uma das principais marcas impactadas.

Finalmente, o terceiro factor tem a ver com a desaceleração do mercado nos segmentos em que a HP é mais forte, por razões conhecidas da envolvente económica.

TeK: Como encaram a multiplicidade de "formatos móveis" actualmente no mercado?

P.B.:
Todas as Indústrias, à medida que ganham maturidade, tendem a adaptar a sua oferta em função do tipo de utilização. A indústria automóvel é um bom exemplo com a multiplicidade de opções: carros, carrinhas, SUVs, desportivos, etc.

A indústria de Tis, como muito menos tempo de vida, começa a explorar também formatos diferentes do portátil tradicional, daí multiplicarem-se os tablets, pads, etc. A HP vai querer estar nos formatos que estejam alinhados com a sua estratégia global. Não esquecendo que a HP actua em várias categorias, não só PCs, e tem o portfólio mais abrangente do mercado. Os formatos móveis são por exemplo uma parte importante da forma como se pode aceder ao cloud-computing.

É uma evolução normal do mercado e penso que haverá espaço para todas as plataformas, que se tenderão a especializar ainda mais.

Tek: A chegada destes novos formatos está a "canibalizar" algum dos anteriormente existentes? O desktop ainda tem futuro no mercado de consumo?

P.B.:
Não vemos que os tablets canibalizem muito o segmento de portáteis tradicionais (especialmente nas empresas) no imediato, embora achamos que vão limitar o crescimento dos netbooks. Quanto ao desktop, ainda é a melhor solução para utilizações como a dos Jogos e para soluções em que a potência de processamento e gráfica é importante, pelo que continua a ter o seu espaço apesar de menor que no passado.

TeK: Entre tablets, smartphones, consolas, netbooks, notebooks, quem tem mais argumentos para vencer? Há espaço para todos?
P.B.:
É um fenómeno normal de uma Indústria que começa a ganhar maturidade e pensamos que haverá espaço para todos. Quando uma nova plataforma é lançada tem tendência a ter um elevado nível de aceitação e estima-se que ganhe um espaço superior ao que depois efectivamente se verifica (veja-se o exemplo dos netbooks). O portátil tradicional dificilmente será arredado do pódio de plataforma mais popular a curto prazo, mas as restantes formatos terão o seu lugar.

TeK: Era esperado na CES o lançamento do PalmPre, mas isso não se verificou. Estão a tentar rentabilizar as vendas do Slate? Quando é que teremos um tablet da HP no mercado português?

P.B.:
A HP preferiu não fazer qualquer anúncio sob a plataforma WebOS na CES, mas tem um evento anunciado para dia 9 de Fevereiro em S. Francisco.

TeK: Vê a HP a diversificar a sua aposta noutras áreas de consumo?

P.B.:
A HP tem endereçado várias áreas novas do segmento de consumo nos últimos anos, como os acessórios ou os netbooks, e como empresa líder mundial da Indústria de computação pessoal, continuará com a aposta na inovação neste sector, como de resto se sabe estar no ADN da HP.