Quem o visse a acelerar no Nissan GT R que esteve no Circuito do Estoril para as provas da GT Academy Portugal, certamente não desconfiaria que há um ano, na edição de 2013, Miguel Faísca era um dos rookies que estava a lutar por um lugar entre os melhores.
Agora só não é piloto profissional porque a sua exigência assim o classifica. No último ano muito mudou para o piloto português, que continua a ter uma ligação aos sistemas virtuais de condução e cuja ambição está longe de ser saciada.
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TeK: Como é voltar ao GT Academy em Portugal um ano depois?
Miguel Faísca: É muito diferente estar nesta perspetiva. No ano passado estava sentado como os outros a tentar absorver o máximo de informação e a dar o meu melhor, e agora estou aqui como mentor. Sinto-me bem por isso, quer dizer que consegui cumprir o meu objetivo. É engraçado, é uma perspetiva diferente.
TeK: O facto de teres vencido no ano passado coloca mais pressão nos participantes desta edição?
Miguel Faísca: Na realidade acho que sim. É mais difícil. Até agora não houve nenhum vencedor [país] repetente, não que seja impossível, mas torna as coisas mais difíceis para outro português ganhar. Mas nada é impossível se demonstrar que tem boas qualidades e se chegar a Silverstone e tiver uma boa prestação, ganha a GT Academy.
TeK: Os participantes da GT Academy passam por várias fases, por vários exercícios e também passaste por isso. Qual é o mais importante?
Miguel Faísca: São todos importantes na minha opinião, têm todos um objetivo. Mas as que eu diria que são mais importantes - e vou focar-me mais em três – é a parte da condução, a da entrevista e a parte física.
O físico pode-se trabalhar. A parte da entrevista, saber falar, sentir-se à vontade a falar com as pessoas também é muito importante porque no fundo eles [participantes] estão a representar uma marca. E isto gere tudo à volta disso, por isso é quase ou tão mais importante que a condução. E a condução, claro, tem de ser muito importante também.
TeK: Onde sentiste mais dificuldades no ano passado?
Miguel Faísca: Para ser sincero senti mais dificuldades na parte da PlayStation. Pensava que também iria sentir muita dificuldade na parte da entrevista, porque normalmente não sou muito bom com línguas, também tinha dislexia e não ajudava muito, não tinha muita vontade de ler livros, por exemplo, e o meu vocabulário não era assim tão bom. E também sentia-me muito nervoso. Mas quando cheguei aqui parecia que estava tudo ótimo, estava no meu ambiente, senti-me confortável e consegui falar e safar-me bastante bem na entrevista.
TeK: Para os vencedores da GT Academy que conselhos podes deixar? Há algum 'bicho papão' em Silverstone?
Miguel Faísca: Eu não sei o que vão enfrentar lá. Eles [GT Academy] vão fazer aquilo difícil, o mais difícil possível para ver quais são as capacidades dos concorrentes. Eu acho que o mais importante de tudo é a determinação. Se uma pessoa quiser mesmo ganhar, passa o inferno durante aquela semana, sujeita-se a absolutamente tudo o que eles querem e é isso que eles querem ver. Mesmo nas corridas nós temos que estar sujeitos a muitas coisas, nem sempre é aquilo que nós queremos, mas é mesmo assim. Nós temos que lidar com isso, saber lidar com a pressão e estar sujeito a tudo.
Se tiveres sujeito a tudo e deres o melhor de ti, bem.. foi o que eu fiz e foi o que me ajudou a ganhar a GT Academy.
TeK: Continuas a usar as ferramentas virtuais no teu dia a dia?
Miguel Faísca: Sim, continuo. Continuo a jogar também, com o intuito de aprender novas pistas e de melhorar a concentração, acho que é muito importante. Nem sempre há mais tempo para jogar e agora tenho outras coisas para fazer também. Mas eu acho que é uma ferramenta muito útil.
TeK: Para a maior parte das pessoas pode parecer um conceito louco: começa-se nas consolas e acaba-se em piloto profissional.
Miguel Faísca: A maior parte das pessoas pensa que os concorrentes que participam nisto só jogavam PlayStation, não faziam mais nada da vida. Mas a verdade é que a maior parte dos vencedores já tinham feito outros desporto como motorcross, já tinham feito karts quando eram miúdos, já tinham a ambição de ser pilotos – que também jogavam PlayStation. Se só fizeres PlayStation e não tiveres uma boa forma física dificilmente consegues.
TeK: Como tem sido a tua experiência como piloto neste primeiro ano?
Miguel Faísca: Acho que até agora está a correr relativamente bem. Não tão bem como eu queria, sou mais ambicioso, queria que estivesse a correr melhor. Mas a experiência está a ser espetacular. Estou a aprender imensas coisas novas, estive a morar sozinho durante quase dois meses e aprendi muito.
Desenvolvi o meu inglês, comecei a aprender outras línguas – nunca foi o meu forte a parte das línguas – mas é bastante importante saber falar com outras pessoas. Eu tenho noção que os franceses, por exemplo, não sabem falar inglês, portanto eu para falar com eles tenho que aprender um pouco de francês e com os espanhóis a mesma coisa.
Sinto que estou a evoluir bastante na minha parte de condução e a minha parte física também evoluiu bastante. Poderia estar a evoluir mais a parte física, mas é um pouco complicado naquelas semanas em que tenho corrida. Às vezes estou duas semanas fora e a comida que nós comemos nessa altura não é propriamente a mais saudável, é mais à base de sandes e barras energéticas. E nessa semana também não tenho muito tempo para treinar, não levo para lá a bicicleta. Podia ir correr, mas estou o dia todo na pista com os engenheiros a ajudar os mecânicos - depois à noite tenho que descansar para estar em forma no dia a seguir para poder conduzir a 100% e não estar cansado: chegar a um carro onde é preciso fazer cem quilos de pressão para travar, parar a 100%, se eu vou correr chego lá e já não consigo fazer os cem quilos de pressão e isso é mau.
TeK: E o teu desempenho nas últimas provas, como tem sido?
Miguel Faísca: Ainda estou em prova. Estou a fazer o Blancpain Endurance Series. São cinco provas no campeonato e até agora já tenho três feitas. A próxima vai ser de 24 horas em Spa Francorchamps, nos dias 25, 26 e 27 deste mês. E depois vou ter mais uma corrida que é de mil quilómetros de GT em Nürburgring.
TeK: Quais são os teus objetivos a curto e médio prazo? Ambicionas dar o salto para outras categorias?
Miguel Faísca: Sim, ambiciono isso. Apesar de agora ser considerado um piloto profissional, eu não me considero como um piloto profissional, porque não tenho o mesmo ritmo que os pilotos de topo que conheço. Também não me posso comparar com eles porque eles têm milhares de quilómetros em carros de corrida e começaram desde miúdos e eu só comecei há um ano.
Mas gostava de passar para os LMPs. Também gosto imenso dos GTs e gostava de continuar nesta categoria. Basicamente gostava de fazer tudo. Quanto mais melhor.
Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico
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