Com um percurso que já soma mais de 20 anos, a Quidgest encara o período de recessão vivido actualmente como uma oportunidade e acredita que os sistemas de informação poderão ser regeneradores do mercado.

Esta é a opinião de João Paulo Carvalho, senior partner da empresa, que, interpelado pelo TeK num evento dedicado ao CRM, realizado recentemente pela fornecedora de soluções em Lisboa, fez o balanço da actividade no mercado português e traçou metas para o futuro.

João Paulo Carvalho: Desde a fundação da Quidgest, em 1988, até hoje, a empresa tem registado níveis bastante satisfatórios de crescimento. No percurso inicial da empresa, o momento mais marcante foi em 1991, quando a Quidgest, já na altura pioneira na informatização da Administração Pública portuguesa e face à escassez de técnicos disponíveis no mercado, iniciou o processo de Investigação e Desenvolvimento que conduziu ao Genio e à automatização da geração de código.
Entre 1989 e 1995, a actividade da empresa centrou-se sobretudo no levantamento das especificações junto dos clientes. A partir daí a empresa segmentou-se em áreas de especialização, tendo surgido os sistemas de gestão de recursos humanos, de gestão financeira, de gestão patrimonial e de gestão documental, a par com muitos outros desenvolvidos especificamente criados para uma instituição ou empresa. Paralelamente, estabeleceram-se as bases para uma prática inovadora: à medida que novas funcionalidades e componentes tecnológicas são incorporadas no Genio, vão ficando disponíveis para todas as aplicações já desenvolvidas, num processo de melhoria contínua.
Desde 2005, têm sido muitos os pontos de viragem, com desenvolvimentos importantes na área do workflow e das ferramentas de Business Intelligence que estão incorporadas no Genio. A modernização da Administração Pública, a gestão estratégica das organizações, com o desenvolvimento do Balanced Scorecard, o Enterprise 2.0, e a engenharia do software, são alguns dos actuais projectos da Quidgest.
Paralelamente, a empresa iniciou o seu processo de internacionalização em 2006 e, desde então, já está presente em Inglaterra, Moçambique, Espanha e Timor-Leste, para além de termos uma parceria com uma empresa lituana.

TeK: Que diferenças encontram actualmente no mercado empresarial português?
J.P.C.:
Actualmente, o mercado está mais aberto, mais conhecedor e mais exigente. Neste sentido, só mesmo as melhores empresas têm possibilidade de se manter em actividade.
As soluções que estão hoje a ser seleccionadas são aquelas soluções que os decisores reconhecem ter futuro. As que estão a ficar para trás durante a crise, são as soluções do passado. São soluções inflexíveis, pouco preocupadas com cada cliente, em que o fornecedor impõe a sua perspectiva, titulando-a de “boas práticas”.
As soluções do futuro são, pelo contrário, soluções preocupadas e centradas nas necessidades dos clientes e são as únicas capazes de vingar.

TeK: Face ao momento económico menos favorável, que perspectivas têm para este ano? Estão em linha com os resultados que têm obtido?
J.P.C.:
Apesar do actual cenário económico, a Quidgest tem como principal objectivo crescer na ordem dos 30 a 40 por cento.

Para nós, a crise representa uma oportunidade, já que os sistemas de informação poderão ser regeneradores do mercado. Por isso mesmo, a resposta passa sobretudo pela adopção de soluções inovadoras, adequadas a cada estratégia e cultura organizacional, para promover uma gestão mais eficaz dos recursos.
Neste sentido, temos verificado uma maior procura de soluções não só de ERP, com vista à integração de todos os serviços de uma empresa, mas também de CRM, Balanced Scorecard, entre outras.
O que esperamos da crise é um acelerar das tendências que já se estavam a verificar e com as quais a Quidgest estava muito alinhada, nomeadamente, a individualização em massa, o enfoque no cliente, as soluções exclusivas, e até mesmo a automatização de processos da engenharia de software. Estes são os valores pelos quais a Quidgest orienta a sua actividade e são os valores que as empresas que mais rapidamente estão a sair da crise privilegiam.

TeK: E como tem corrido o negócio do CRM? Dentro do conjunto de soluções que oferecem o CRM é a mais solicitada?
J.P.C.:
Do variado conjunto de soluções que a Quidgest oferece, o sistema de CRM da Quidgest tem registado uma maior procura nos últimos tempos, resultado de uma mudança de paradigma no modelo de negócio actual, que está cada vez mais centrado no cliente.
As organizações já perceberam que, para aumentarem o volume de negócios, precisam de conhecer melhor os seus clientes, as suas necessidades e as suas tendências de compra, no sentido de garantirem a sua fidelização.

TeK: Neste momento de recessão consideram que pode ser uma ferramenta a apostar por parte das empresas?
J.P.C.:
Claramente. Enquanto sistema inteligente de gestão da informação, o CRM permite gerir de forma eficaz o relacionamento de cada organização com os seus clientes, o que constitui uma vantagem competitiva diferenciadora no actual cenário económico. Mas, para além do sistema de CRM, também o 1ERP e o Balanced Scorecard, deverão ser ferramentas requisitadas pelas organizações, no sentido em que ajudam a reduzir custos e contribuem para o aumento da produtividade, fazendo uma gestão eficiente dos recursos.

TeK: Em altura de contenção, o custo não é desincentivador?
J.P.C.:
De facto, em época de recessão, a grande maioria das PME depara-se com dificuldades a nível financeiro, pelo que o elevado custo da maioria das soluções de software poderá ser pouco incentivador. Precisamente para fazer face a esta situação, a Quidgest assinou um protocolo com o Banco BPI, que permite aos nossos clientes obterem financiamento até 48 meses em condições altamente vantajosas para a aquisição dos nossos sistemas e serviços.

TeK: Relativamente ao evento que promoveram em redor do CRM, que importância assume este género de acções na vossa estratégia?
J.P.C.:
Nos últimos anos, a Quidgest tem vindo a construir uma boa reputação em torno das iniciativas que organiza. Em 2008 realizámos nove eventos, dos quais merecem destaque os Desafios Estratégicos, sobre a importância do Balanced Scorecard, e o evento Medir Mais, Gerir Melhor, Ser Excelente, onde se analisou o novo Sistema Integrado de Avaliação de Desempenho da Administração Pública (SIADAP) à luz do suporte de sistemas de informação adequados à sua implementação.
Com o evento de CRM, promovido na passada quinta-feira, o nosso principal objectivo era reunir um conjunto de especialistas para debater o papel das soluções de CRM na superação dos desafios económicos da actualidade, as novas tendências no relacionamento com o cliente e o futuro desta metodologia de marketing relacional, aplicada aos sistemas de informação. E foi bem sucedido.

Na Quidgest consideramos este tipo de iniciativas muito importantes, não só em termos de visibilidade mas, sobretudo, da proximidade que nos permite ter com o cliente e, até mesmo, das relações estabelecidas entre a própria comunidade de clientes.

Todos reflectimos, debatemos e passamos um bom bocado, estando ao mesmo tempo a contribuir para a melhoria das organizações em que trabalhamos.