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Na altura em que o Europeu de Futebol se aproxima da recta final e se aguçam as expectativas dos adeptos, entram em campo 600 robots que durante quatro dias vão animar o Pavilhão 4 da FIL no Parque das Nações, disputando o Campeonato do Mundo de Futebol Robótico. A prova corresponde ao mais importante encontro mundial de Robótica e Inteligência Artificial pela sua dimensão e pode atrair 25 mil visitantes, apontam as expectativas mais optimistas da organização.



Pedro Lima, professor do Instituto Superior Técnico e um dos responsáveis pela realização do evento falou com o TeK e detalhou os caminhos e os apoios da investigação cientifica nesta área ao longo dos últimos anos. Ficam elogios ao apoio imprescindível da Ciência Viva e ao interesse das camadas mais jovens pela investigação na área da robótica e inteligência artificial, já manifesta na última edição do Festival nacional de Robótica onde participaram 90 equipas.



O responsável sublinha que pela primeira vez este ano a adesão à prova levou a que algumas equipas fossem excluídas no processo de selecção por mérito científico, o que demonstra um interesse crescente na prova e um rigor cada vez maior na escolha dos intervenientes.



Em termos de impacto, os organizadores esperam que o evento se transforme num marco para a investigação cientifica nacional na área da robótica e inteligência artificial e contribua para aumentar ainda mais o interesse das camadas jovens pela Ciência e Tecnologia.



A iniciativa divide-se em duas partes, uma primeira que é aberta ao público e à qual se seguem mais dois dias de simpósio para discutir os avanços da ciência e os trabalhos que vão sendo realizados nesta área.


TeK: Qual a importância de um evento como o Robocup para Portugal?

Pedro Lima:
O RoboCup é o maior encontro internacional de Robótica e Inteligência Artificial (I.A.) em termos de número de participantes – 1.600 este ano - e de robots envolvidos - cerca de 600 - sendo portanto muito prestigiante para Portugal ter sido o país seleccionado para o acolher este ano.
Dado que se assume como um evento científico, com uma parte significativa da sua duração aberta ao público e aos média, como forma de promoção de ciência e tecnologia e atracção dos mais jovens para estas áreas, estamos confiantes que representará um marco para a Robótica e I.A. nacionais, bem como um forte factor de atracção de jovens portugueses para estas e outras áreas da C&T.



TeK: Há um impacto previsto ou previsível do pós Robocup em Portugal, ao nível da investigação científica ou outro?

PL:
A presença portuguesa tem sido forte no RoboCup, mas, quando foi anunciado o apoio do então Ministério da Ciência e Tecnologia à nossa Candidatura ao RoboCup 2004, foi também aprovada a proposta para o lançamento de projectos para investigadores universitários e para jovens do ensino básico secundário constituírem novas equipas ou reforçarem as existentes, promovendo por um lado a investigação em sistemas multi-agente e robots cooperantes, e por outro o ensino de temas de C&T através da construção de robots. Os primeiros projectos, com financiamento da FCT, estão em andamento, e os segundos, com o apoio do Ciência Viva, estão a terminar. Infelizmente, no primeiro caso, os grandes atrasos no financiamento não permitiram a muitas equipas ter robots novos para a edição de 2004, mas eles acabarão por surgir e por reforçar a nossa participação em futuras edições.



TeK: Que explicações podemos dar ao facto deste ano as inscrições nacionais e internacionais no evento terem batido os números de anos anteriores?

PL:
O RoboCup está em permanente crescimento e atrai cada vez mais investigadores e estudantes de todo o mundo. Não só o número de participantes aumentou como pela primeira vez muitas equipas não se conseguiram qualificar, no processo de selecção por mérito científico e por avaliação dos resultados práticos em edições anteriores.
Além disso, Portugal é um país atraente para a realização de conferências
internacionais. Na área da robótica recebemos várias ao longo dos últimos 2 anos, uma delas co-localizada com o RoboCup 2004, de 5 a 7 de Julho, no IST - 5th IFAC Symposium on Intelligent Autonomous Vehicles (IAV 2004), que se destaca pela excelência dos seus grupos de investigação nestas áreas.


TeK: Em que ligas Portugal está mais representado?

PL:
No RoboCup Junior com 41 equipas e na Middle-Size League do RoboCup Soccer, com 5 equipas. No entanto, há mais 6 equipas portuguesas noutras ligas "Sénior" de Soccer e Rescue.


TeK: Nas camadas jovens há um grande interesse em participar neste tipo de iniciativas?

PL:
Graças ao apoio incansável do Ciência Viva e à iniciativa de alguns docentes universitários e de muitos professores de escolas secundárias e profissionais por todo o país, Portugal será, em 8 edições do Robocup, o país com o maior número de equipas júnior. Aliás, esse interesse tem-se vindo a verificar através duma presença crescente no Festival Nacional de Robótica, que este ano teve a sua 4ª edição, com cerca de 90 equipas e 400 participantes Júnior.



TeK: Qual a expectativa da organização em termos de afluência às conferências e provas abertas ao público?

PL:
Vamos ver... Um cenário optimista aponta para 25.000 pessoas em 5 dias. Um menos optimista aponta para cerca de metade deste número. Mas estas coisas são sempre muito imprevisíveis. Seria muito bom que muita gente viesse ao Pavilhão 4 da FIL, seria mais uma prova do interesse do público português pela C&T com qualidade de topo a nível internacional.
As demonstrações dos SegWay da CMU e do robot Humanóide QRIO da SONY deverão também ter um papel relevante na atracção de público. Mas o evento em si é uma festa e uma "banho" de tecnologia digno de ser apreciado.


TeK: Diz-se que entre as provas mais aguardadas estão as da Liga Humanóide pela evolução nos trabalhos apresentados de uns anos para os outros. A nível pessoal que provas/eventos considera de maior destaque no Robocup?

PL:
Os Humanóides claro, mas que para o público estarão talvez ainda um
pouco incipientes face às expectativas alimentadas por filmes de ficção
científica.
Os jogos emocionantes têm lugar nas ligas RoboCup Soccer Middle-Size (talvez a prova-rainha actual do RoboCup), no Small-Size e no 4-Legged (cães
robóticos). Vale a pena ver os robots de busca e salvamento a evoluirem
na plataforma de 400 m2 concebida pelo National Institute of Standards
and Technology dos EUA e este ano construída pela FIL.