O Sector das TIC em 2012: o focus nos custos
Por Nuno Nazaré*
O ano de 2012 não está a ser um ano fácil para a generalidade das empresas. A OCDE prevê que a economia portuguesa não cresça, apontando para uma contração do PIB de 0,6%. As medidas do governo, por seu lado, resultam num agravamento da carga fiscal e redução de benefícios cujos efeitos se começam a sentir sobre as empresas, efeitos a que o sector das Tecnologias da Informação e Comunicação não está imune.
O sector das TIC tem sofrido nos últimos anos, segundo dados do INE, um decréscimo, sobretudo em termos de Volume de Negócios, que entre 2007 e 2009 sofreu um corte superior a 2.000 M€, o que representa uma descida de 13,4%. Quanto ao futuro, alguns indicadores remetem-nos para uma grande preocupação com as despesas. De referir que um estudo recente da IDC revela que 56% das empresas estudadas pretendem reduzir as despesas com TIC em 2012 e apenas 15% prevê um reforço nessa área.
Um facto que poderá ter uma influência significativa no sector é o plano global estratégico de racionalização e redução de custos com a utilização de TIC na Administração Pública, definido pelo Governo com o intuito de poupar até 500 M€. Mas se por um lado esta redução de despesas poderá influir negativamente no Volume de Negócios do sector, algumas das ações previstas nomeadamente no que se refere à interoperabilidade dos sistemas (alinhamento com a "meta Framework" europeia) e à aposta em canais alternativos para a prestação de serviços, podem requerer a colaboração de empresas do sector privado, estimulando certamente o sector.
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Perante este cenário de contração do sector, a exigência face ao produto final torna-se cada vez maior, sendo imprescindível uma estratégia centrada na competitividade. A este nível, uma aposta em projetos de Inovação e I&D poderá ser a solução, e neste caso a falta de recursos financeiros é um problema contornável. De facto as empresas portuguesas têm à sua disposição um conjunto de programas de apoio cujo objetivo é assegurar o financiamento necessário ao desenvolvimento de projetos de Inovação (QREN) ou atribuir benefícios fiscais a empresas com projetos de I&D (SIFIDE), reduzindo o impacto financeiro dos mesmos.
Se no âmbito do QREN SI I&DT as empresas podem usufruir de um incentivo a fundo perdido até 1 M€ para poderem desenvolver os seus projetos de I&D, no caso do SIFIDE o incentivo é concedido após a realização do projeto de I&D, permitindo às empresas recuperarem até 82,5% do valor investido em I&D sob a forma de uma dedução direta à coleta de IRC. O sector das TIC tem tido uma forte adesão ao SIFIDE, representando 17,5% das candidaturas apresentadas e 19% da I&D declarada em 2008.
Refira-se ainda que, apesar de as candidaturas do sector terem tido uma taxa de aprovação de 74% em 2007 (superior à taxa média de aprovação do SIFIDE), a exigência da Agência de Inovação nas candidaturas na área das TIC tem sido significativa, importando por isso realizar uma avaliação profunda dos projetos, bem como uma fundamentação sólida, para que os resultados obtidos sejam os melhores.
Os períodos de crise criam oportunidades às empresas para repensarem o seu negócio, criando formas mais eficientes e eficazes de trabalhar e de apostar nas características diferenciadoras dos seus produtos. Nesta fase, é portanto fundamental que o sector das TIC se adapte aos novos paradigmas do mercado, mais maduro, gerando soluções inovadoras capazes de contrariar a tendência de decréscimo do sector.
*Diretor de consultoria da Alma Consulting
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