Por José Oliveira (*)
Não há forma simples de descrever ou interpretar 2020. O mundo foi chamado a responder a desafios que impactaram as suas mais diferentes esferas. A escala das repercussões da pandemia no tecido empresarial nacional e internacional cedo se fez sentir, estando o término da situação ainda por avistar.
A necessidade de resiliência operacional nunca foi tão importante em todas as funções de negócio e, se a transição para o digital, o e-commerce e o teletrabalho foram acelerados positivamente pela pandemia, diversas são as esferas das empresas que estão a ser testadas.
Neste contexto atípico, é imperativo que as empresas preparem e consolidem as suas estratégias organizacionais e de negócio da forma mais completa e informada possível. É essencial que acompanhem e monitorizem cada desenvolvimento do mercado e que dominem as tendências, o que irá exigir das organizações flexibilidade, agilidade, redução de custos e uma (ainda) maior capacidade de adaptação às circunstâncias.
Automação ao comando
De acordo com a Gartner, a hiperautomação é já dada como inevitável e irreversível. Tudo o que pode ser automatizado, deve ser automatizado. Todas as iniciativas de automação em TI serão, até 2023 e a nível global, apoiadas por um ecossistema de cloud em expansão, para um maior controlo de recursos e análises em tempo real.
A título de exemplo, prevê-se que 75% das encomendas de retalho efetuadas via comércio eletrónico sejam recolhidas em rua ou em loja até 2023. Para além de isto significar um aumento de 35% no investimento em centros de microcobertura, estima-se que, durante este ano, 40% das atividades de desenvolvimento realizadas priorizem o design e a interface do utilizador, para suportar a automatização de processos sem contacto.
Processos automatizados permitem otimizar, libertar recursos e reduzir custos. Sem dúvida que hoje as empresas procuram ganhos de produtividade e agilidade que lhes permitam uma maior competitividade num mercado incerto.
Com a automatização de processos consegue melhores resultados, respostas ao cliente de excelência e uma maior otimização do tempo.
O domínio da Cloud e a cloud distribuída
Segundo a IDC, no final de 2021, 80% das empresas desenvolverão um mecanismo para duplicar a aceleração da mudança para infraestruturas e aplicações centrados na cloud.
Adicionalmente, a maioria das plataformas de serviços de computação em cloud fornecerá pelo menos alguns serviços distribuídos nos próximos cinco anos. Trata-se do conceito de “cloud distribuída”, que envolve a distribuição de serviços de cloud pública para diferentes locais físicos, enquanto a operação, governança e evolução destes serviços permanecem sob a responsabilidade do fornecedor de cloud pública.
A Cloud traz às empresas maior flexibilidade, segurança dos dados e redução de custos, ao mesmo tempo que dá maior produtividade e uma redução de custos.
A Internet de comportamentos
A chamada internet de comportamentos (IoB, ou Internet of Behaviors) surge, segundo a Gartner, à medida que muitas tecnologias captam e utilizam os dados que as pessoas geram no seu dia a dia, dados esses que as organizações usam para influenciar o comportamento humano.
Soluções de reconhecimento facial, rastreamento de localização e Big Data são parte das ferramentas que conectam os dados que geram certos comportamentos, como compras ou o uso de dispositivos.
Se por um lado os consumidores exigem um serviço de excelência, por outro as empresas sentem uma necessidade constante de se diferenciarem de forma a reterem clientes, captarem novos públicos e a serem mais competitivas.
Conhecer detalhadamente o consumidor de forma a oferecer melhores produtos e serviços, sem dúvida, que dará à empresa maiores vantagens competitivas. Uma experiência completa e de acordo com os interesses e gostos do consumidor, um serviço de excelência no apoio ao cliente e proporcionar serviços/produtos novos segundo os insights obtidos são fatores que permitirão à sua empresa diferenciar-se e ter uma melhor performance.
Operações em qualquer lugar e paridade digital
Antes da pandemia, as organizações tinham apenas 14% dos seus colaboradores a trabalhar a partir de casa. Essa percentagem aumentou para 45%, e, hoje, muitas das organizações acreditam que colaboradores em remote continuarão a ser uma grande parte da força de trabalho no futuro.
Apoiar a mão de obra híbrida e garantir que os colaboradores remotos possuam as mesmas ferramentas de conectividade e produtividade que os seus colegas no escritório será essencial para o sucesso das estratégias organizacionais a longo prazo. Estudos revelam que até 2023, 75% das empresas comprometer-se-ão a fornecer paridade técnica a uma mão de obra híbrida por opção e já não por circunstância, permitindo-lhes trabalhar em conjunto (separadamente) e em tempo real.
No mesmo período, estima-se que 40% das organizações terão já operado a partir de qualquer lugar para fornecer experiências virtuais e físicas aprimoradas, tanto para clientes como para colaboradores. É um passo para além do teletrabalho e do atendimento remoto ao cliente, que inclui: experiências de valor acrescentado em colaboração e produtividade, acesso remoto seguro, cloud e infraestrutura de ponta, quantificação da experiência digital e automação para suportar operações remotas.
2021 será um ano em que as empresas testarão a sua resiliência, agilidade e capacidade de resposta e sem dúvida que as soluções de Data Analytics e Inteligência Artificial permitem adaptar estratégias rapidamente e com o menor impacto possível, ao mesmo tempo que dão ganhos de eficiência, inteligência à tomada de decisão e permitem otimizar todos os processos inerentes à atividade.
Todas as empresas têm hoje novos desafios, mas é fundamental ter acesso às melhores ferramentas que trazem os insights certos de forma a tomar as melhores decisões, manterem-se competitivas e conseguirem melhores resultados num mercado instável com o consumo retraído.
Juntamente com as soluções tecnológicas mais disruptivas, o talento e os recursos humanos terão de permanecer, física e digitalmente, no centro das operações das empresas. Alinhar colaboradores, parceiros e clientes é o combustível imprescindível para ultrapassarmos os desafios que enfrentamos e os que se avizinham no day after das TI e das organizações.
Em suma, é sem surpresas que as tendências em destaque este ano surgem diretamente correlacionadas com a pandemia e com toda a aceleração digital que lhe está inerente. Independentemente da especificidade de cada uma delas, as organizações deverão certificar-se de que não descuram aquele que constitui e constituirá sempre o maior ativo que detêm: o seu capital humano.
(*) CEO da BI4ALL
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