Por: Hugo de Sousa (*)

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Arrisco em escrever um artigo diferente, frontal, em registo de blog, que não visa enfatizar estatísticas nem definições académicas sobre o tema da Cloud.
É um artigo:
1. Fruto de milhares de interações que tenho tido nos últimos anos com todo o tipo de profissionais de tecnologia e "fora do mundo da tecnologia";

2. Que visa deixar o leitor a pensar. Que pede uma reflexão profunda, descomprometida mas séria, e acima de tudo, livre de preconceitos e de dogmas;

3. É um artigo que visa realçar que a Cloud está para ficar e que temos que saber, endereçar convenientemente e, pedir ajuda, caso não sejamos especialistas na matéria.

Desafio-o a ler, a sentir emoções e a pensar como é que a sua vida, e como a sua organização pode melhorar com a Cloud.

Mito 1 - A Cloud é o santo graal da redução de custos
"Deus não faz redução de custos e a Cloud não faz milagres" - autor deste artigo

O Cloud computing não reduz custos per si tal como um carro económico a 120Kms/hora em 2ª velocidade… não é económico! É preciso saber operar bem os instrumentos, sejam eles quais forem, que temos à nossa disposição.

A Cloud não é o "santo graal" da redução de custos. É preciso saber o que se faz com a Cloud, e com a tecnologia, em geral. E há caminho a fazer, começando por ter bem presente o seguinte:
1. Não é a tecnologia. É o que fazemos com a tecnologia.
2. Não são as arquiteturas. É o que fazemos com as arquiteturas.
3. Não é a informação. É o que fazemos com a informação, em tempo útil.

A Cloud, per si, não é o "Santo Graal" da redução de custos. Muitos o advogam. Mal.
As soluções tecnológicas assentes em modelos Cloud são apenas mais uma peça da arquitetura de sistemas de informação de uma qualquer organização. É preciso saber encaixar. É preciso perceber, em primeiro lugar, o que é que nossa organização necessita do ponto de vista de informação e de mecanismos de transporte, integração, transformação e armazenamento da mesma.

Depois é preciso desenhar uma arquitetura que alinhe em tempo real o negócio com as necessidades de informação e que potencie vantagens competitivas em permanência. Ao menor custo possível. É preciso o business case. É preciso o ROI. É preciso o break-even. É preciso o payback period.

É preciso ver a organização (pessoas, estratégia do negocio, informação, processos, tecnologia,…) como um todo indivisível. É urgente terminar com a lógica cartesiana e começar a aplicar a teoria da complexidade. O todo é, de facto, mais do que a soma das partes. Não há um "santo graal".

Tudo isto é complexo? É.

É necessário? Sem dúvida.

Devemos pedir ajuda a especialistas? Claro que sim. Temos que trabalhar em rede, cada um no domínio das suas competências.

Mito 2 - A Cloud é insegura

"Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas foi nele que espelhou o céu
."
- Fernando Pessoa

A Cloud é insegura e havia monstros marinhos na descoberta do caminho marítimo para a Índia. A história diz-nos que o desconhecido é, regra geral, uma ameaça. E o ser humano gosta pouco de mudar. É uma ameaça à segurança que achamos que temos, que damos como adquirida, até que somos forçados, de uma forma ou de outra, a mudar. E muitas vezes descobrimos, que a mudança foi uma oportunidade boa.

Entrando novamente no mundo que nos é próximo já alguma vez se questionou de:
1. Usar o e-mail é seguro? (SMTP não significa SECURE MAIL TRANSFER PROTOCOL…)
2. E o SMS no telemóvel? (SMS não significa SECURE MESSAGE SYSTEM…)
3. E as conversas no telefone/telemóvel?
4. E as conversas que tenho nos sistemas de Instant Messaging?

Algumas perguntas mais complexas mas também pertinentes:
1. O meu administrador de sistemas informáticos não andará a espirar os conteúdos na rede e sistemas da empresa?
2. E será que os programadores de software (os colegas e os subcontratados) não estão a introduzir backdoors no código para transmitir informação confidencial para fora da organização?
3. A minha organização tem cópias de segurança?
Estarão os colaboradores da organização a enviar informação confidencial para fora da organização, para destinatários não autorizados?
4. A minha organização tem política de segurança da informação (física e digital)?

Podia escrever mais perguntas que colocam em causa o status quo de um conjunto de atividades que realizamos diariamente e não nos questionamos, hoje, sobre a sua segurança.

Onde quero chegar? Cloud é apenas mais uma peça no puzzle da segurança. Assim, a oportunidade de usar a Cloud, implica a avaliação de uma série de questões.

Como podemos ver, muitas das perguntas, já se aplicavam e aplicam a sistemas não Cloud, exacerbando o facto da Cloud ser mais uma peça do puzzle do ecossistema de SI/TI de uma organização.

Sejamos os Portugueses que dobraram o Cabo Bojador e não os Portugueses que ficaram a discutir os mitos, os monstros, e não viram as oportunidades.

Mito 3 - A Cloud é a solução para todos os problemas

É comum encontrarmos afirmações radicais em todas as áreas e, em especial, em todos os temas novos que pelo hype que geram muitas das vezes despertam emoções extremistas nas pessoas. Não é bom nem mau. Simplesmente acontece. A Cloud é uma solução para vários problemas e para outros não é. É da análise cuidada, pragmática e sem dogmas dos desafios, que surgem as mais variadas soluções.

Uma verdade inconveniente - o Cloud Computing está para ficar

Conforme já referido neste artigo, a Cloud é uma realidade que está para ficar e é preciso saber tirar partido. Os sinais estão por todo o lado e à distância gratuita de uma pesquisa nos motores de busca.

A Cloud está na empresas, na administração pública central e local, nos infantários, nas escolas, nas universidades, nos media, nos hospitais, nos lares de 3ª idade, nos centros de investigação, nas forças de segurança, a Cloud está literalmente por todo o lado e para ficar.

Está a ajudar a criar novos modelos de negócio, novos modelos de vida, reduzir custos, aumentar as vendas, aumentar os níveis de felicidade, entre outros benefícios. Está também a acelerar o fim de algumas coisas, tal como qualquer outra inovação que terminou com algo e criou outros "algos". É o ciclo continuo e infindável da inovação."It is not necessary to change. Survival is not mandatory". W. Edwards Deming

(*) Business Unit Manager na GFI Portugal

Blog: http://mrcloudadviser.pt