Por José Aser Lorenzo (*)

Muito se escreve sobre informação e a sua importância para o sucesso das empresas. Muito se fala do crescente volume de dados no seio da empresa, ainda mais com o advento da IoT (Internet of Things). Mas a forma como esses dados se convertem em informação é menos referida, não só do ponto de vista das infraestruturas (redes, hardware e software) como dos profissionais que tornam isto possível. Um desses profissionais é o DBA (Database Administrator).

Uma telecom para operar necessita sistemas de suporte à operação (OSS – Operations Support Systems), que registam as vendas, os clientes, as infraestruturas, a faturação, as avarias, os contactos com os clientes e muito mais. Por outro lado, precisa dos sistemas de suporte à decisão (DSS – Decision Support Systems) para medir comportamento e em seguida ajustar e melhorar. Estes sistemas permitem reagir ou antecipar necessidades tanto dos clientes como da organização e seus colaboradores. Os OSS fazem a roda rodar, enquanto os DSS detetam em que direção a roda segue.

Tanto os OSS como os DSS são alimentados por dados. Por exemplo, quando um cliente liga para um call center é importante que o operador saiba o máximo sobre o cliente: quem é, que serviços estão contratados, teve avarias recentemente, está a decorrer uma campanha que se ajuste ao seu perfil e permita oferecer-lhe um serviço mais competitivo? As respostas a estas perguntas são obtidas por dados armazenados num DBMS (Database Management System) e requerem consultas que não são lineares, pois necessitam de correlação de dados: identificar o cliente, obter os seus produtos, obter as suas avarias e/ou contactos dentro de um intervalo temporal, obter o seu “perfil de cliente” e valorizá-lo, obter as campanhas em vigor que se adaptam a este perfil.

Um DBMS tem a capacidade de guardar os dados de forma persistente e de criar e manter íntegras as relações entre os dados. Mas o armazenamento em suporte persistente (não volátil) apresenta um desafio: enquanto os processadores trabalham com velocidade de nano segundo (10-9) os dispositivos de armazenamento não volátil (discos magnéticos ou SSD) têm velocidades de milissegundo (10-3). Esta diferença é desfavorável para o DBMS, que recebe a missão de guardar e ler os dados num dispositivo que, à partida, é 106 vezes mais lento que o processador. O segredo está em guardar uma parte dos dados em memória, possuindo uma tecnologia que antecipa as necessidades e coloca em memória o que o utilizador vai precisar, antes dele sentir essa necessidade.

Outro desafio que se coloca ao DBMS é a disponibilidade dos dados: a infraestrutura tem avarias e as pessoas que usam as aplicações cometem erros (somos humanos). O DBMS tem que ter a capacidade de resistir a estas falhas. Os diferentes fabricantes oferecem soluções neste sentido, mais ou menos dispendiosas: máxima disponibilidade, máxima performance, máxima proteção dos dados. É necessário conhecer as alternativas e o seu custo, para depois escolher a solução que melhor se adequa à necessidade, tendo em conta a disponibilidade financeira e o custo que uma falha na disponibilidade e operacionalidade do serviço apresenta para o negócio.

Um DBA (Database Administrator) é o profissional responsável pelo DBMS e pela sua operação. Sendo uma tecnologia complexa e com muitas alternativas de configuração, esta profissão requer aprendizagem teórica e prática, acompanhada por alguém experiente. Este trabalho requer também o domínio de várias técnicas, não só para executar as tarefas que são da sua responsabilidade, mas também as que lhe permitem interagir com outros profissionais, igualmente importantes na operacionalidade da solução.

Um DBA tem forte valor para a sua empresa, por um lado porque mantém estes sistemas operacionais, e por outro, porque este trabalho exige muita disponibilidade na medida em que a manutenção dos sistemas é feita fora de horas, e também porque os imprevistos (falhas de hardware ou humanas) ocorrem sem pré-aviso e em qualquer altura. O DBA deve garantir a operacionalidade dos seus sistemas 24h por dia, 7 dias por semana.

O valor do DBA revela-se também ao conhecer as soluções técnicas que estão disponíveis e ao apresentar aos decisores alternativas adequadas às disponibilidades financeiras e necessidades de negócio da empresa, ajudando na escolha da solução que aporta o melhor custo/benefício.

Um DBA é um técnico reconhecido pelos seus pares, que desempenha um papel fundamental no sucesso da organização, mas cujo trabalho, por ser feito nos bastidores, passa despercebido, como o de tantos outros igualmente importantes. É um trabalho apaixonante e merecedor do reconhecimento dos seus pares.

(*) Formador Oracle e Coordenador técnico Academia Administração BD Oracle da Rumos