Por Filipe Mensurado Pitacho (*)
Bots, de origem da palavra da língua inglesa “Robots”, são softwares (programas) que têm como objetivo simular ações humanas, no mundo digital.
Neste momento estes sistemas estão em clara evolução, no entanto, não são algo novo. Até aos dias de hoje os bots, na sua maioria, eram utilizados para realizar tarefas rotineiras, como enviar e-mails, downloads periódicos, até no contexto de jogos, com um pouco mais de complexidade simulando outros jogadores.
Atualmente estes softwares estão a dar que falar, não porque enviam e-mails de spam ou porque automatizaram tarefas básicas, mas sim porque as suas capacidades foram levadas mais longe, podendo vir a mudar a forma como interagimos com a internet.
Cada vez temos mais informação à nossa disposição e como consequência ficamos mais exigentes, queremos rapidez, eficiência, queremos respostas na hora, e respostas totalmente direcionadas às nossas necessidades, não queremos ver o que é supérfluo.
“Falta de tempo é desculpa daqueles que perdem tempo por falta de métodos.”
Albert Einstein
Os bots surgem com um papel importantíssimo neste novo paradigma de navegação, deixando cair aquilo a que estamos habituados, como menus clicáveis, e disponibilizando um chat (janela de conversação) com alguém, neste caso, um bot.
Imagine-se o sistema de pesquisa do Google, onde podemos pesquisar por “Casas de férias no Brasil”, em que o bot fará uma pesquisa pelos vários componentes da premissa que inserimos.
Mas não nos fiquemos por aqui, imagine-se que se pretende ir a um restaurante, e que somos alérgicos à lactose. Ao entrarmos no site do restaurante surge o bot, com o qual podemos “conversar”, podemos pedir-lhe “quais são os pratos que não possuem lactose?” e teremos os resultados daquilo que podemos comer.
Vamos avançar um pouco mais, queremos reservar um voo, com a possibilidade de dizer ao bot “Quero um voo para o Brasil dia 15 de agosto” e, sob os resultados devolvidos retornar “Existe algum dia dessa semana com valores mais baixos?”, e mediante a resposta dizer “Reserva o voo 123, de dia 15 de agosto, para duas pessoas”. Estas iterações, são realizadas sempre num formato de chat (conversa) em que o bot tanto dá respostas ao que pretendemos, como faz questões, por exemplo “Quantas pessoas vão viajar?”, “Qual o horário preferencial? Manhã, tarde ou fim do dia?”, “Em que classe pretende viajar?”.
Neste caso, teríamos uma compra de voo, efetuada sem necessidade de navegação pelo site, com clique para frente e clique para trás, scroll para cima e para baixo, à procura de menus e opções, teríamos uma abordagem mais direta ao que realmente se pretende.
A complexidade destes softwares está na lógica, ou seja, na “inteligência” que estes bots terão de ter por trás. Eis o desafio, que passa por utilizar como base aquilo que se chama linguagem cognitiva (trata-se da linguagem que permite ao bot interpretar as mensagens escritas, baseia-se na perceção e conceptualização humana do mundo, mas este tema fica para outro artigo).
Esta abordagem minimiza significativamente o tempo despendido nas operações e pesquisas nas nossas necessidades na internet.
Para que sejam efetivamente estabelecidos no mercado, estes softwares necessitam de estar bem afinados, não queremos que, ao comprar uma viagem para o Brasil, por exemplo, nos seja comprada uma viagem para Bora-Bora (porque não era o que pretendíamos). Também exigem um voto de confiança grande por parte dos utilizadores, assim como exigem que os sistemas tenham a sua informação bem organizada e detalhada, tanto para suportar as necessidades do bot como as do utilizador. Para que possa saber os pratos que não possuem lactose, o restaurante terá de ter esse detalhe registado.
Se é algo simples? Não é!
Se valerá a pena? Sem dúvida que sim!
(*) Consultor da área de Development da Mind Source
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