Por Marco Vidal (*)
Vivemos num momento crucial na história da tecnologia, que, para quem se recorda, pode ser comparado ao aparecimento do navegador web Netscape. Assim como o navegador web transformou várias indústrias e deu origem a gigantes digitais como o Google e a Amazon, a inteligência artificial generativa está destinada a ser ainda mais transformadora.
No final do século XX, o navegador web, ao fazer tender para zero o custo de transmissão de informação, revolucionou a forma como comunicamos e tornou o mundo mais acessível e global, criando novas indústrias e impactando profundamente as existentes. Quando observamos o cenário da IA Generativa, notamos um maior potencial transformador. A inteligência artificial é cada vez mais omnipresente, com diferentes níveis de sucesso. Contudo, o que realmente chama a atenção nos dias de hoje é o crescente interesse e investimento em tecnologia de IA generativa. A verdade é que as empresas que se dedicam a esta área estão a atrair investimentos a avaliações de milhões e milhões de dólares.
Assim como aconteceu com várias tecnologias disruptivas, muitos ainda não conseguem vislumbrar todo o seu potencial. No entanto, a mensagem fundamental é clara: é hora de começar a utilizar tecnologia de IA generativa. É preciso experimentar, aprender, cometer erros e experimentar novamente a fim de sobreviver neste novo mundo que está a emergir.
Esta tecnologia está a transformar a forma como trabalhamos e criamos, tornando a obtenção de conhecimento mais acessível a todos. O navegado web fez tender para zero o custo de transmissão de informação transformando várias indústrias. A IA generativa fará tender para zero o custo dos processos cognitivos, ou cost of cognition, antecipando, por isso, que seja profundamente transformadora.
É claro, cada organização deve encontrar os seus casos de uso específicos para a IA Generativa. Experimentar é crítico. Nos Estados Unidos, vemos já um ambiente de constante experimentação que envolve todos os colaboradores sem exceção, desde o top management às operações. A maneira como produzimos conhecimento está a mudar rapidamente. Aqueles que incorporam a IA nos seus negócios vão superar aqueles que não o fazem, a combinação de humanos com IA vai substituir a de humanos sem IA. Os processos criativos resultam cada vez mais da colaboração entre humanos e IA. O potencial é gigantesco e transformador. Como em qualquer transformação, algumas organizações irão prosperar enquanto outras vão extinguir-se.
O impacto nas organizações e na sociedade em geral será profundo. Imaginemos a evolução na área da saúde, na descoberta de novos medicamentos ou mesmo na indústria de jogos, onde jogos inteiros podem ser criados automaticamente a partir de simples instruções ditadas ou escritas. Isto pode parecer ficção científica, mas já está a acontecer. O mundo ao nosso redor está em profunda transformação e existe um exponencial de aplicações desta tecnologia a acontecer lá fora, tecnologia que evoluirá também rapidamente.
Inclusive, nas discussões sobre o futuro, algumas estimativas apontam para a tão esperada Sentient AI em 10 anos, enquanto outras mencionam 20. É claro, uma inteligência artificial só pode ser considerada verdadeiramente senciente se for capaz de pensar, perceber e sentir. Mas com base no que temos observado em Berkeley, Skydeck, um dos maiores fundos de venture capital pre-seed/seed, ou mesmo nas conversas com a Singularity University, a aposta está em 10 anos. As implicações disto são significativas e creio estarmos a caminho. A caminho de um mundo em que a IA poderá executar o geral das tarefas e trabalhos. Costumo dizer, em tom irónico, para serem bondosos com os sistemas com os quais interagimos, pois no futuro tais sistemas vão recordar aquilo que fizemos e dissemos.
No fundo, é importante reter que estamos perante uma transformação profunda e o motivo para isto é simples: o custo de obtenção de conhecimento, dos processos cognitivos, está a caminhar para zero. A criatividade humana não tem limites. No entanto, a capacidade de exprimir ideias de forma escrita ou visual restringe um vasto número de humanos de participar nos processos criativos/inovação. A tecnologia de IA generativa irá remover esta barreira para os humanos que têm dificuldade em exprimir as suas ideias. A transformação será profunda. É como se estivéssemos a entrar numa nova era de criatividade humana.
A ação necessária é clara: experimentar, experimentar e experimentar. Somente ao fazê-lo podemos manter-nos competitivos e evitar desaparecer. O futuro é desafiante e a IA Generativa é o próximo passo em direção a uma era de oportunidades exponenciais.
(*) Partner Nimble, Berkeley Skydeck LP & Advisor USA and Europe
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