Por Francisco Jaime Quesado (*)
Richard Florida, o “guru” das Cidades Criativas, disse numa recente Conferência em Londres, que é mais do que nunca fundamental para as pessoas saberem reencontrar-se com os seus espaços, os seus hábitos quotidianos, a sua dimensão de qualidade de vida. O “diálogo” à volta dos novos conceitos de mobilidade e sustentabilidade domina os grandes fóruns internacionais e a aposta em novos instrumentos para ganhar esta batalha do futuro não pára. A nova agenda da mobilidade, associada aos desafios do carro eléctrico, é um grande desafio para a nossa sociedade.
A aposta recente em Portugal no carro eléctrico constituiu um passo importante na construção dessa nova “sociedade aberta” centrada na defesa do ambiente, utilização de energias renováveis e consolidação duma relação mais dinâmica entre as pessoas e o seu espaço. A tentação do carro eléctrico protagoniza um compromisso entre a ecoeficiência, essencial em tempo de escassez energética, e um novo conceito de integração urbana, assente na qualidade de vida das pessoas.
O carro eléctrico representa de facto uma nova resposta às expectativas de uma sociedade cada vez mais exigente nas suas solicitações de uma vida complexa. O carro eléctrico corresponde a um modelo de arquitectura simples, habitabilidade adequada e motorização assente em baterias eléctricas que assegura uma autonomia limitada mas permanentemente recarregada. Ou seja, o carro eléctrico assume-se como um “passo em frente” face a soluções de carros de cidade já em acção, com a vantagem suplementar da aposta em novas fontes de energia e conceitos de defesa do ambiente.
O sucesso do carro eléctrico depende de três grandes factores. Antes de mais, da capacidade do construtor em assegurar um modelo técnica e economicamente viável e cuja utilidade efectiva seja percebida pelo consumidor. Depois, torna-se fundamental que o nível de assistência e apoio na sua utilização esteja em permanente renovação, de forma a conseguir um elevado nível de cumprimento das expectativas criadas. Mais do que tudo, o carro eléctrico tem que passar a assumir-se como um “operador de modernidade” essencial para garantir a tão sustentabilidade estratégica assente na defesa da energia e do ambiente.
A produção do carro eléctrico representa também um desafio para os conceitos tradicionais da indústria automóvel. Não restam dúvidas de que os conceitos de “produção em séries adequadas” associados ao perfil de carro que se pretende vai implicar um salto em frente na gestão da organização industrial. O carro eléctrico, pelos enormes requisitos que suscita em matéria de cumprimento de normativos ambientais e energéticos vai obrigar a uma revolução do conhecimento na forma como se incorporam módulos, utilizam motorizações e sobretudo se posiciona um conceito de produto voltado para os novos espaços ambientais.
As pessoas precisam de uma nova liberdade. Assente na sua convicção de que estão a ocupar um espaço que sendo de todos é no entanto enriquecido por uma leitura individual assente na inovação e criatividade. O carro eléctrico vem dar o seu contributo. Incentiva a utilização de energias renováveis, qualifica o ambiente, dá uma nova dimensão ao espaço público das cidades. É uma tentação que veio para ficar.
(*) Economista e Gestor, especialista em Inovação e Competitividade
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