Por António Cardeal (*)
Nos últimos anos temos sido bombardeados com novos chavões e buzzwords a cada par de meses, tecnologias que prometem revolucionar o mundo em que vivemos de forma irremediável. Metaverso, Crypto, Blockchain, Quantum Intelligence, NFTs, AI.
Enquanto alguns destes conceitos confirmaram ainda não estarem no ponto para entregarem tudo aquilo que prometeram, tendo sido vítimas dum entusiasmo desmedido, outros estão já a mudar a forma como comunicamos e trabalhamos.
A mesma ambição vanguardista que tem permitido ao Facebook manter-se como a principal rede social ano após ano, mesmo após a sua muito anunciada morte, têm levado também a alguns “reveses”. Veja-se os recentes casos da Libra (digital currency criada pelo grupo), a forte aposta no mercado de NFTs e o surpreendente rebranding para Meta, como causa do investimento tecnológico no Metaverso, com resultados muito aquém do esperados.
Portanto sim, fiquei cético com a crescente e acima de tudo forçada adoção de ferramentas automatizadas com AI, qual aviãozinho de sopa a ser-me forçado boca a dentro. Afinal, o grande apelo de poder fazer anúncios no Facebook era exatamente a grande capacidade de segmentação de audiências, onde os anunciantes procuravam distinguir-se dos demais através de combinações de interesses ajustadas ao detalhe. Mas esse é cada vez menos o caso, ano após ano a capacidade de segmentação de audiências é mais limitada dando lugar a audiências cada vez mais amplas.
E portanto esta era aquela parte onde eu vinha dizer que os anúncios em Meta já não funcionam, certo? Bem, não.. Na realidade é possível ter ótimos resultados sem fornecer diretamente à plataforma informação sobre quem acreditamos que deve ver a nossa mensagem. Claro que, nesta realidade, todo o histórico da página, atividade do pixel, dados de clientes mas, acima de tudo, os anúncios, ganham uma maior preponderância, permitindo efetivamente chegar às pessoas que pretendemos.
Obviamente que a crescente aposta em inteligência artificial não é exclusiva da Meta, e nesse campo a Google leva até alguns anos de avanço. Os últimos anos têm sido progressos significativos no que diz respeito à implementação de Inteligência Artificial nos seus produtos, com a nova experiência de pesquisa alicerçada em AI a ser um passo ambicioso na direção da personalização e relevância. Ainda assim a grande aposta no que diz respeito à publicidade online parece estar nas campanhas de Performance Max, que após de praticamente dois anos a entregar resultados muito sólidos, mesmo num ambiente com visão limitada, começam agora a permitir aceder a insights valiosíssimos, ajudando-nos a compreender a real jornada dos consumidores.
Mas se nem os gigantes tecnológicos escapam a acidentes de percurso, como podem os media buyers e digital strategists distinguir modas passageiras de tecnologia revolucionária? Quando é que devemos estar interessados na colher de sopa de avião?
Ao dia de hoje, está claro que a combinação de esforços entre dados, AI e human lift permite entregar ao consumidor uma experiência altamente personalizada, tocando nas suas dores e mantendo a autenticidade que todos gostamos. Sinceramente acredito que o tempo é o fator decisor entre o que é moda e o que realmente vai revolucionar o setor, daí a importância de acompanhar, testar, ajustar a cada realidade de negócio e avaliar, num ciclo infindável de crescimento e evolução.
(*) Digital Marketing Strategist na Adclick
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