
Por Bruno Ribeiro (*)
Custos mais reduzidos, mão de obra mais barata, ROI mais atrativo… O preço é o grande argumento quando falamos de offshore e nearshore. Podemos ser politicamente corretos e dizer que, ainda que seja um argumento válido, não é o mais importante. Mas estaremos a ser sinceros?
Antecipando a moral desta história: se é, não deveria ser.
A partir do momento em que há uma decisão de avançar para o nearshore, a escolha do parceiro tem de ter por base a sincronização de múltiplas variáveis que são bastante mais importantes que o preço, sob pena do “barato sair muito caro”.
Se a escolha já recaiu num modelo nearshore, a empresa já percebeu que existem vantagens que a proximidade assegura, como a diferença horária e a facilidade de deslocação. Mas há coisas que a proximidade não garante.
De que serve poupar se do outro lado não entendem o modelo de negócio e os objetivos da minha empresa? Se não existe uma política de total transparência face aos processos de recrutamento? Se existem barreiras linguísticas? Se não existe qualquer ligação à identidade e cultura da minha companhia?
O parceiro até pode assegurar excelência técnica. Mas qual o nível de engagement esperado? Tem uma política de gestão de recursos/talento bem desenhada para evitar a troca constante de profissionais durante o projeto? É garantida uma comunicação dinâmica, aberta e permanente? É flexível e capaz de aceitar e gerir alterações a meio do projeto? Um parceiro inflexível limita a escalabilidade do produto ou serviço, e se, a priori, um projeto é rígido não há margem de manobra para um crescimento futuro.
Neste negócio uma escolha precipitada ou sustentada em alicerces frágeis arrasta riscos enormes, e mesmo que exista um plano B, as consequências deste impasse são geralmente duas: atraso no time-to-market e consequente perda de dinheiro.
O parceiro não pode apenas funcionar como “o contratado” para aquele projeto de desenvolvimento. No modelo ideal de outsourcing em nearshore, ele tem de ser visto como a extensão de uma equipa interna, seja de forma temporária ou mesmo a longo prazo.
(*) CEO da BOOST IT
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