Por Nuno Breda (*)

O comércio tal como o conhecemos está a mudar. Há um número crescente de soluções e plataformas específicas, concebidas com o intuito de simplificarem as transações, a gestão do negócio e de impulsionarem as vendas tanto em loja física como online, independentemente da dimensão e “know-how” técnico dos comerciantes que tem vindo a operar uma brutal transformação no negócio do retalho, da logística e dos pagamentos.

No nosso país, estas soluções - que têm como ambição promover “a disponibilização de soluções de pagamentos seguras, eficientes e inovadoras (…), fomentando o desenvolvimento e a concorrência no setor (1),” estão alinhadas com as orientações expressas no guião criado pelo Banco de Portugal no âmbito da “Estratégia Nacional para os Pagamentos de Retalho 2025”, nomeadamente no que diz respeito aos 4 pilares - Transparência, Inovação, Segurança e Sustentabilidade.

Aceitar pagamentos digitais tornou-se “quase obrigatório” para qualquer negócio de retalho, quer porque os clientes assim o exigem, quer pelas orientações/regulação do Banco de Portugal e da UE. Por outro lado, é essencial conjugar vendas presenciais e à distância. As empresas de pagamentos digitais respondem a este desafio, disponibilizando soluções tecnológicas simples e omnichanel, que podem ser facilmente implementadas, a custos muito reduzidos, e que permitem integrar numa mesma plataforma os pagamentos presenciais efetuados nos TPA (Terminais de Pagamento Automático) em loja física, com os pagamentos feitos à distância. Estas soluções são, além do mais, seguras, flexíveis e escaláveis, garantindo uma resposta adequada às necessidades dos clientes e das empresas comerciantes ao longo das suas jornadas.

Isto também significa que, atualmente, qualquer comerciante pode proporcionar aos seus clientes múltiplos métodos de pagamento modernos (MB Way, Payshop, Cartões de Crédito, Referência Multibanco e “Buy Now, Pay Later”) e tem também à sua disposição a possibilidade de gerar links para formulários, que poderá enviar por email, partilhar nas redes sociais, ou por WhatsApp.

Num segundo momento, poderá evoluir para uma loja online moderna que integre todo o ciclo de negócio (encomendas, pagamentos integrados e emissão automática das faturas). Neste contexto, ganha particular relevância a automatização do processo de “checkout”, que além de proporcionar ganhos de produtividade e eficiência, melhora substancialmente a experiência do utilizador, possibilitando ao cliente final comprar da forma que lhe seja mais segura e confortável e assim reduz a taxa de churn das vendas, aumentando as receitas.

As exigências dos clientes são cada vez maiores nas diversas áreas, com especial destaque para o aconselhamento no momento da compra e para a rapidez da entrega. No atendimento presencial, este aconselhamento é traduzido pela atenção ao cliente em loja. Nas vendas online, socorrendo-nos das tecnologias disponíveis no mercado, podem ser utilizados assistentes virtuais capacitados com IA e oferecer ao cliente entregas mais rápidas suportadas pelas “Dark Stores” - uma nova tendência, que combina a loja física com um pequeno armazém, localizado mais perto do mercado alvo, tipicamente em centros urbanos e que  acelera os prazos de entrega das encomendas independentemente da modalidade (por transportadora, levantamento em loja ou em ponto de entrega).

Estamos realmente no início de uma nova era para o comércio que acreditamos irá trazer mais e novas disrupções nos próximos anos dada a crescente digitalização e automatização dos processos, a emergência de tecnologias cada vez mais poderosas e transformadoras - como a IA e o IoT, e a profunda evolução a que estamos a assistir nos meios de pagamento e na desmaterialização do próprio dinheiro.

(*) Cofundador Ifthenpay

  • “Estratégia Nacional para os Pagamentos de Retalho 2025”, Banco de Portugal