Por Carlos Gonçalves (*)

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Nos últimos 5 anos, o mundo tem assistido à ascensão de novos modelos de trabalho (coworking, escritórios virtuais e teletrabalho) que estão a transformar de forma acelerada e global, o conceito tradicional de escritório como o conhecemos. E mesmo Portugal, não foge à regra. De acordo com o Censos Coworking 2013 publicado pela prestigiada Deskmag, Portugal está no Top 10 mundial dos países com mais espaços de Coworking. Em dois anos duplicaram os espaços disponíveis a nível global num total de quase 2.000 dispersos por mais de 80 países (Deskmag Janeiro de 2013).

Por outro lado, empresas de todas as dimensões - desde a start-up às multinacionais - estão a adoptar ou a permitir aos seus colaboradores a utilização dos novos modelos de trabalhos flexíveis que possibilitam não apenas reduzirem custos mas também serem mais eficientes e mais produtivas.

No Coworking, por exemplo, há hoje espaços mais ou menos corporativos, mais ou menos ligados às industrias criativas, ou destinados a apenas uma classe profissional ou a startups. O único princípio comum é o ambiente colaborativo que potencia a produtividade, o networking em rede e a flexibilidade de se ajustar às necessidades de cada empreendedor, colaborador ou de cada empresa.

Uma outra tendência a despontar e que um recente anúncio da Google veio apenas reforçar é o aparecimento de um movimento de empresas, que, não tendo nada que ver com o sector imobiliário ou sector público, começam elas
próprias a assumir papéis de destaque na área.

Depois de em 2012, a Google ter inaugurado o Campus London constituído por 7 pisos em que são disponibilizados espaços de trabalho em modelo de Coworking, programas de mentoring e eventos de networking para empreendedores e startups de âmbito tecnológico em início de actividade, anunciou agora uma parceria com 7 hubs tecnológicos norte-americanos - idênticos ao de Londres - com o objectivo de criar uma rede que pretende ser, ao que parece, cada vez mais global. Além de disponibilizar os seus produtos (software e hardware) são também claros os benefícios e as vantagens para a Google com esta aproximação numa perspectiva de médio e longo prazo.

O interessante é que a Google tenha transposto para este espaço a flexibilidade proporcionada pelo coworking e o seu ambiente colaborativo e de networking, acentuando ainda mais o potencial e as vantagens deste tipo de modelo de trabalho flexível. Trata-se na verdade de um movimento que não parece estar circunscrito às empresas de cariz tecnológico como a Google, Microsoft ou outras.

No ano passado, a BBC lançou também um programa muito semelhante denominado Worldwide Labs destinado a startups com foco na intersecção entre a tecnologia e os Media. O objectivo é ajudá-las a crescer, ganhar escala e, sempre que se justificar, estabelecer parcerias globais a nível comercial com a BBC Worlwide. Recentemente foi a vez da RTP anunciar um programa em moldes semelhantes.

A verdade é que os modelos de trabalho flexíveis onde se inclui o Coworking, o Teletrabalho e os escritórios virtuais vieram para ficar, são adoptados cada vez mais por empreendedores, startups e empresas de todas as dimensões, e estão a alterar profundamente o conceito tradicional de escritório e do modelo de trabalho. Basta recuarmos 10 anos para nos lembrarmos das barreiras e das dificuldades que existiam - logo de início em relação a um local de trabalho para arranque da actividade, ou espaço digno, central, acessível financeiramente e que se ajustasse às diferentes necessidades de cada negócio.

E se nos dias de hoje, à flexibilidade dos modelos de trabalho juntarmos ainda a tecnologia actualmente disponível que nos dá uma mobilidade sem paralelo, constatamos que caminhamos para um novo paradigma: o nosso espaço de trabalho é onde estivermos em cada momento que tanto pode ser em casa, na rua, num hotel, ou num espaço de coworking em Portugal ou em qualquer parte do mundo.

(*) CEO do Avila Coworking e co-autor do Livro Out of the Office