Por Francisco Jaime Quesado (*)  

A Universidade Católica Portuguesa – através do Centro Regional do Porto – decidiu em boa hora realizar uma homenagem à memória daquele que foi um dos seus alunos e dirigentes associativos mais dinâmicos. O Diogo foi alguém que todos recordamos com saudade.  O Diogo soube como ninguém dar o seu melhor pelo projeto de um Portugal Inovador e Ambicioso e esteve sempre na linha da frente da batalha do futuro para a nossa sociedade.  O Diogo era uma pessoa com uma inteligência rara, uma visão única do futuro, que dedicou toda uma vida de conhecimento e sabedoria a interpretar a realidade dum país que amava e que sabia que não se conseguia encontrar com o futuro. Relembrar o Diogo, através de mais esta homenagem que a sua Escola de sempre lhe faz, é agradecer o empenho que colocou em que nunca perdessemos a ambição de agarrar o futuro.

O Diogo defendia fortemente uma cultura empreendedora para  Portugal. O Diogo percebeu de forma feliz que só com um choque de inovação e de competitividade seria possível à nossa economia e sociedade ganhar a batalha da relevância nos mercados internacionais. E com o sentido de inteligência que lhe era reconhecido deu o seu melhor em diferentes contextos – públicos e privados – pela defesa intransigente de uma agenda colaborativa de competência que nos permita sermos melhores num contexto de maior abertura e partilha da informação e do conhecimento. Sempre rodeado de amigos e de todos aqueles que davam sentido à sua absoluta convicção no papel das redes inteligentes em darem mais sentido ao que somos, ao que fazemos e ao que podemos vir a ser e fazer.

O Diogo era um homem da Inovação. A falta de ambição e de um sentido de futuro, sem respeito pelos factores “tempo” e “qualidade” não era para O Diogo tolerável nos novos tempos globais. Segundo as suas sábias palavras, precisamos de novas ideias, de novas soluções, de projectar na sociedade o exercício da responsabilidade individual de forma aberta e participada. O Diogo era um homem onde a vontade de fazer coisas novas e diferentes corria à velocidade do som. Diogo  soube melhor do que ninguém interpretar o sentido do tempo e a importância de se ser diferente num mundo onde tudo é cada vez mais igual. Sempre dissemos que o Diogo era o melhor entre nós e essa é uma referência clara que passado este tempo nos ajuda e sobretudo obriga a ser sempre cada vez melhores.

O Diogo era um homem da Sociedade do Conhecimento. A ausência da prática de uma cultura de cooperação tem-se revelado mortífera para a sobrevivência das organizações e também aqui  o Diogo  foi sempre muito claro. Na Sociedade do Conhecimento sobrevive quem consegue ter escala e participar, com valor, nas grandes redes de decisão. Num país pequeno, as empresas, as universidades, os centros de competência  têm que protagonizar uma lógica de cooperação positiva em competição  para evitar o desaparecimento. Foi com o Diogo que em vários momentos – no associativismo, no Jornal Universitário, em muitos projetos públicos e privados ao longo dos anos – aprendi a importância desta prática que passou a ser uma referência ao longo dos anos.

O Diogo defendia que cabia às empresas o papel central na criação de riqueza e promoção duma cultura sustentada de geração de valor, numa lógica de articulação permanente com universidades, centros I&D e outros atores relevantes. São por isso as empresas essenciais na promoção de uma cultura de valor partilhado, assente num princípio de inteligência coletiva e inovação aberta que mobilize a nossa sociedade para um sentido de modernidade e de confiança no futuro. Não deixa de ser curioso que num momento em que neste contexto de crise voltamos a discutir o futuro do país – com o modelo que devemos utilizar e o papel que instrumentos como o PRR devem ter neste processo – a mensagem do Diogo seja tão atual e oportuna, pela sua objetividade e clareza. Relembrar o Diogo é dar um sinal claro de confiança no futuro que já é hoje.

(*) Economista e Gestor – Especialista em Inovação e Competitividade