Por Francisco Jaime Quesado (*)

Com esta pandemia a pertinência estratégica dos fundos comunitários ganhou particular importância no quadro das principais opções para o futuro da nossa economia e sociedade.

O novo pacote de fundos comunitários vai ter um papel central na modernização da nossa economia e na mobilização da sociedade para novos patamares estratégicos de excelência nas diferentes áreas de actuação. Com o novo Portugal 2030 o nosso país terá que dar o salto para a fronteira da competitividade global e para tal, entre muitos outros, serão decisivos alguns desafios estratégicos que deverão saber mobilizar as nossas competências e capacidade de saber fazer melhor, com mais inovação e valor.

Precisamos antes de mais de reposicionar o nosso sentido de leitura da inovação e inclusão social. Um país moderno tem que saber integrar de forma positiva os seus cidadãos. A coesão social faz-se pela participação construtiva e tem que haver uma atitude clara de mobilização para esse esforço nacional de convergência de actuação. A educação na escola tem que forçar a pedagogia e a prática da integração dos desfavorecidos, imigrantes, todos aqueles com défices operativos de participação; têm que ser dinamizadas “acções de demonstração” do apoio à vontade do contributo de todos. O Portugal 2030  terá aqui uma importante palavra.

Precisamos também de duma vez por todas de referenciar um novo modelo de Competitividade.  Está mais do que consolidada a mensagem da urgência da dimensão tecnológica na matriz de desenvolvimento nacional. Um Programa para a Competitividade e Internacionalização tem que forçar dinâmicas efectivas de aposta na tecnologia, seja ao nível a concepção de ideias novas de serviços e produtos, seja ao nível da operacionalização de centros modernos rentáveis de produção, seja sobretudo ao nível da construção e participação activa em redes internacionais de comercialização e transacção de produtos e serviços. É isso que se espera de facto do Portugal 203

Precisamos de voltar a ganhar a batalha da modernidade territorial.  Portugal tem uma oportunidade única de potenciar um novo paradigma de cidades médias, voltadas para a qualidade, a criatividade, a sustentabilidade ecológica. Verdadeiros centros de modernidade participativa, que façam esquecer as âncoras comerciais que são os modernos shoppings que dominam o país. Um Programa Territorial para a Modernidade é vital para dar conteúdo estratégico à ocupação das cidades médias e à nova vontade de também saber apostar no interior. Também aqui o Portugal 2030 terá que fazer a diferença.

A cultura não poderá ser esquecida desta agenda para o futuro.  Portugal tem uma forte cultura alicerçada no potencial histórico da língua. É um activo único. Um Programa Intelectual da Cultura Portuguesa tem que saber dinamizar de facto nos grandes circuitos internacionais a apetência pela prática e consumo dos muitos produtos culturais nacionais disponíveis. A cultura da língua portuguesa tem que ajudar na criação de valor para o nosso país e o Portugal 2030 deverá dar o seu apoio. A cultura tem de facto que se afirmar como a plataforma estratégica de modernização da identidade da nação e de consolidação do seu referencial nos grandes mercados internacionais.

Tudo passa por no principio e no fim saber estar e participar. Impõe-se para o Portugal 2030 uma cultura de participação colaborativa  positiva. É assim que se faz a riqueza da matriz europeia. É assim que se tem consolidar a actuação dos grandes objectivos para este novo ciclo de fundos comunitários, em que a participação de todos será um elemento central de mobilização positiva.   Estas áreas de atuação  constituem referenciais centrais duma matriz de modernidade participativa e operativa para o país e claramente que o Portugal 2030 deverá ser capaz de mobilizar os diferentes atores económicos e sociais para a sua convergência.  Uma Agenda que se pretende voltada para o futuro!

(*) Economista e Gestor – Especialista em Inovação e Competitividade