(*) Sofia Fernandes e Gonçalo Amorim
Vitoriosos na Europa, Lisboa como uma capital "must" do mais velho continente, e recentemente a emergir também como centro único para empreendedorismo com o florar de eventos de inovação e start-ups, não podendo deixar de referir o WebSummit.
Mas por detrás destes resultados vem um trabalho já iniciado há algum tempo, focando-me neste caso na área de inovação. Há 7 anos foi dado o pontapé de saída de uma iniciativa de empreendedorismo e inovação, que viria a ser uma das mais impactantes do seu género em Portugal, com génese no MIT Portugal e liderada pelo ISCTE-IUL.
Em 2010, surge na forma de "venture competition", inspirada no modelo de sucesso 100k do MIT - Massachusetts Institute of Technology para incentivar ideias de base tecnológica. Com o passar dos anos, esta iniciativa evoluiu - BGI IUL MIT Portugal accelerator (BGI), tendo permitido catalisar para um programa de aceleração de grande impacto.
Passando acima de tudo por criar uma rede de contactos únicos e distintivos, que permite às start-ups seleccionadas entrarem em contacto com o público-alvo com suporte de investimento e mentoria personalizada. Foi o primeiro programa a evangelizar a importância da mentoria especializada na “construção” de born globals.
Desde 2010, a BGI acelerou próximo de 120 modelos de negócio, com uma taxa de 73% de sobrevivência, tendo permitido a criação de mais de 725 empregos altamente qualificados, angariando ao todo mais de 111 milhões de euros em capital de risco.
Tais resultados levaram a BGI - Building Global Innovators, a ser considerada uma aceleradora top 20 na Europa (Fundacity, 2016) e top 100 no Mundo (Hot Topics, 2015). E assim, a aceleradora sediada na inesperada ocidental praia lusitana, começou a ter visibilidade na União Europeia e no mundo.
Eis que os resultados começam a dar que falar e a BGI é aceite como entidade representativa de Portugal na Europa para o EIT Digital - European Institute of Innovation and Technology, a maior iniciativa da União Europeia para o desenvolvimento económico da Europa através do incentivo às inovação e consequente criação de start-ups na área de tecnologia digital.
Juntos, a BGI e EIT Digital fizeram nascer o relatório mais completo até a data das top 25 scale-ups Portuguesas, uma investigação dinâmica uma vez que estará em constante actualização e contará com ajuda da comunidade empreendedora Portuguesa para ajudar a recolher e crowdsource informação valiosa, que até agora era anedótica e enviesada.
Os investidores internacionais necessitam de informação relevante, factual e actualizada. E daí a importância deste tipo de iniciativa. Quaisquer empreendedor stakeholder do nosso ecossistema está convidado a enviar-nos comentários e sugestões para: geral@bgi.pt.
Mas o que é afinal uma scale-up? É um modelo de negócio de base tecnológica, difícil de replicar, que apresente um crescimento exponencial num curto período de tempo. Estas 25 scale-ups, são por isso, as mais promissoras start-ups Portuguesas, selecionadas a partir de dados públicos com base em 4 critérios: origem Portuguesa, menos de 5 anos desde a data de fundação, e por fim, financiamento e receita conseguidos até a data.
Após análise destas scale-up foram concluídos alguns tópicos muito relevantes, tais como 81% do financiamento é externo, maioritariamente dos EUA - implicando futuramente uma fuga económica uma vez que o valor criado por estas empresas Portuguesas irá - em grande medida, para investidores externos. Estas empresas criaram mais de 1 000 postos de trabalho levantando cerca de 134 milhões de euros.
O objectivo era inicialmente identificar scale-ups Portuguesas, uma vez que estas são o principal foco do EIT Digital, mas como consequência o relatório acaba por ser também um guia sobre o actual ecossistema Português, com conselhos das start-ups entrevistadas (para confirmação de dados), direccionados para aqueles que querem ingressar a vida de empreendedores.
Este relatório contou com a apresentação em quatro eventos: Scale Up Porto, Business Storm, TECNET Sanjotec e Lisbon Investment Summit, onde se realizaram painéis de debate com algumas das 25 scale-ups presentes no relatório. O relatório pode ser descarregado na íntegra gratuitamente em: www.scaleupportugal.eu.
Outra das iniciativas desta parceria entre BGI e EIT Digital é a possibilidade de acesso a start-ups ao WebSummit 2017, uma vez que estarão a oferecer 2 bilhetes às 5 equipas vencedoras. O processo será simples, enviar o Pitch Deck (apresentação das start-ups) até dia 31 de Agosto, e dia 15 de Setembro as start-ups vencedoras serão anunciadas. Mais informação no site www.bgi.pt
Além do Digital, o EIT tem ainda outros 4 verticais sendo que a BGI é parceiro de um outro KIC, o Climate. providencia apoio até 15 000 euros a start-ups de base tecnológica que trabalhem no sentido de tornar as soluções de negócio mais sustentáveis lutando por uma economia circular.
O ano passado 8 start-ups foram aceleradas e este ano a call está aberta para a segunda edição até dia 3 de Julho: http://climatekicportugal.org/accelerator/. Além de mentoria personalizada as start-ups contam também com uma rede europeia de investidores e empresas, que será facilitada através do programa que é entregue em Portugal pela BGI. Este é um concurso para start-ups em estágio inicial ou ideia de negócio prestes a comercializar, com o objectivo de validar o modelo de negócio e angariação dos primeiros clientes.
Termino concluindo que Portugal está viver um momento de ascensão, e que é uma boa altura para se ser empreendedor. É preciso agora continuar o bom trabalho, para que no amanhã, Lisboa seja considerada também a capital do empreendorismo.
(*) BGI
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