Opinião: Uma Agenda para o Mar


Por Francisco Jaime Quesado*


Portugal é hoje um país da linha da frente na promoção do Mar como um Factor de Estratégia Competitiva. A aposta que nos últimos anos se tem consolidado de reforço de uma "economia do mar" constitui a melhor evidência do impacto que a "partilha permanente do conhecimento" tem que ter na construção duma plataforma social mais competitiva mas seguramente mais coesa do ponto de vista social e humano. Apostar no Mar é desta forma um acto de primazia à inovação e conhecimento mas sem esquecer a capacidade inclusiva que a natureza tem que saber propiciar a uma sociedade cada vez mais complexa.




Não se pode conceber o desígnio estratégico da competitividade sem atender à dimensão essencial da coesão social, factor central do equilíbrio do desenvolvimento e da justiça entre os diferentes segmentos da sociedade civil. Quando se fala da "economia do mar", mais do que relevar a avaliação das condições naturais de aproveitamento desta riqueza que o país tem, o que importa é definir as bases de uma Vantagem Competitiva Estratégica assente no papel dos diferentes actores que se articulam com este recurso estratégico. Desta forma, constroem-se as bases para um futuro sustentado do ponto de vista económico e social.




A afirmação duma Vantagem Competitiva do Mar constitui um claro desafio a um compromisso mais do que necessário entre competitividade e coesão social, voltado para os desafios estratégicos que se colocam ao país. Importa, no quadro da evolução global de Habermas, reforçar a identidade dos territórios e das organizações. A força estratégica da História e de "marcas centrais" como os Oceanos para a marketização internacional do país é um activo consolidado e através da viagem ao longo do país isso aparece-nos reforçado. Trata-se de fazer da Identidade um Factor de Diferenciação Qualitativa Estratégica numa Rede Global que valoriza cada vez mais estes Novos Activos.

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No quadro competitivo da Economia do mar, Portugal tem que passar a integrar efectivamente as Redes Internacionais de Excelência e Competitividade. Só sobrevive ao Desafio Global quem souber consolidar mecanismos de sustentabilidade estratégica de valor e aqui os Actores do Conhecimento no nosso território têm que apresentar dinâmicas de posicionamento. Potenciar uma verdadeira Economia do Mar implica dominar o paradigma da Informação. Na Sociedade Aberta do Conhecimento, o jogo da Informação é central na consolidação de plataformas de competitividade e na melhoria dos padrões de coesão social.



Na Economia do Mar, o Investimento é a porta do futuro. Não o investimento a qualquer preço. O Investimento no conhecimento, nas pessoas, na diferença. Um acto de qualificação positiva, mas de clara universalização. É essa a mensagem da aposta no terreno. Quando se consolida o trabalho de cooperação ao longo do país, envolvendo tudo e todos, está-se claramente a fazer Investimento no futuro do país. A fazer das pessoas verdadeiros actores do conhecimento capazes de agarrar o complexo desafio das Parcerias Estratégicas, onde a Economia do Mar se assume como um acelerador de mudança. A Nova Agenda do Mar é muito a Nova Agenda da Nação.



* Especialista em Estratégia, Inovação e Competitividade