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A apetência dos utilizadores portugueses pelos serviços móveis faz com que Portugal seja um dos países onde a Jamba obtém melhores resultados, de entre os 28 países onde está presente. Kirstin Scheel, Country Manager para Portugal, assumiu recentemente a liderança do negócio no mercado português e está a trabalhar para trazer conteúdos inovadores para a plataforma nacional, explicou ao TeK em entrevista.

Entre as novidades contam-se o lançamento a curto prazo de um serviço de encontros para telemóveis, associado a uma plataforma Web, e ainda um site de música que deverá estar acessível até final do ano.

Nesta entrevista Kirstin Scheel responde ainda às questões relacionadas com as queixas de utilizadores contra a Jamba que tiveram lugar no final do ano passado, relacionadas sobretudo com o modelo de subscrição semanal.

TeK: A Jamba teve alguns problemas com queixas dos utilizadores de serviços de subscrição semanal, que terão surpreendido muitos utilizadores que não conheciam o modelo. Estes problemas estão ultrapassados?
Kirstin Scheel:
Desde que comecei a trabalhar na Jamba, a 1 de Julho deste ano, não tivemos qualquer notificação de situações graves de queixas de clientes, nem directamente nem através dos operadores. Tenho conhecimento que no final do ano passado, início deste ano, houve uma série de queixas de utilizadores, mesmo através da DECO. Sei que as pessoas foram surpreendidas pelo modelo de subscrição de serviços, mas a questão é que em todos os países em que a Jamba trabalha funciona da mesma forma. Penso que em Portugal não conseguimos transmitir a informação sobre o modelo de negócio ao mercado no tempo certo e que agora que as pessoas já sabem como funciona, não existem grandes queixas.

TeK: Mas em relação às queixas que estavam nas mãos da DECO, estão a prosseguir judicialmente?
K.S. :
Não, não temos qualquer conhecimento disso. A DECO não voltou a contactar-nos pelo que penso que o assunto está encerrado.

TeK: Tiveram problemas semelhantes noutros países?

K.S. :
Não nesta extensão. Penso que quando lançamos o serviço em Portugal não educámos suficientemente as pessoas, não clarificámos o modelo. Mas aprendemos com esse erro e agora já não temos qualquer problema nesse sentido.

TeK: Quando os serviços de subscrição semanal foram lançados a Jamba não possuía ainda nenhuma forma de bloquear as subscrições, que lançou posteriormente com o Guardian. Foram as queixas que motivaram o lançamento do serviço?
K.S. :
O Guardian já existia em alguns países e quando começaram a surgir as queixas em Portugal percebemos que existia a necessidade de aumentar a informação junto dos clientes mas também de introduzir um sistema que bloqueasse a distribuição de serviços para determinados números de telemóvel.
O Guardian foi então a ferramenta que colocámos à disposição dos pais para que limitassem a distribuição de determinados conteúdos para os telemóveis dos filhos. A aceitação foi muito positiva e a Jamba é ainda a única empresa a disponibilizar este serviço de protecção. Para nós o importante é ter clientes satisfeitos.

TeK: Têm números que indiquem que as queixas estavam maioritariamente relacionadas com número de telemóveis de jovens?
K.S. :
Era uma mistura. A maioria das pessoas não percebia porque recebiam automaticamente novos conteúdos. Não entendiam que lhes eram atribuídos cupões para descarregarem outros conteúdos e que isso era renovado todas as semanas.

TeK: Têm muitos clientes a usar o Guardian em Portugal?
K.S. :
Não tenho o número exacto, mas temos observado que a idade dos clientes que usam os nossos serviços tem aumentado.

TeK: Como vêm isso se os clientes são números de telemóveis?
K.S. :
Vemos pela utilização do Guardian, que é menor em Portugal do que noutros países, mas também pelo tipo de conteúdos que são descarregados. Vemos por exemplo que os toques de telemóveis estão a decrescer consistentemente, assim como os wallpapers, e estes são os conteúdos tipicamente descarregados pelos utilizadores mais novos. Por outro lado os jogos, mesmo de lógica, estão a aumentar.
Estamos a falar do uso de conteúdos digitais móveis por pessoas mais velhas, entre os 24 a 35 anos de idade. Fizemos uma pesquisa que mostra também isso.

TeK: Essa pesquisa também abrangeu Portugal? Quantas pessoas foram entrevistadas?

K.S. :
Sim, realizou-se em Portugal e foram entrevistadas cerca de 1000 pessoas. Temos os resultados há algumas semanas e os números para Portugal mostram tendências semelhantes às do resto da Europa. Em geral, os conteúdos que são procurados são tipicamente para um público numa faixa etária mais madura.
É muito interessante verificar os conteúdos que “funcionam” neste momento, em termos de impacto. Ainda vendemos toques mas acredito que os toques são um conteúdo que estará morto no prazo de um ano. Não só em Portugal mas também noutros mercados, como a Alemanha, onde estão a decrescer dramaticamente.

TeK: E quais pensa serão os conteúdos que vão substituir os toques?

K.S. :
Já estamos a assistir a essa mudança. Estamos a ver um crescimento incrível nos jogos, sobretudo de lógica, mas também jogos “antigos”, como a Lara Croft e jogos de Arcada. Penso que serão pessoas que estão à espera no aeroporto, ou noutros locais, e que vão jogando.
Também os vídeos são mais procurados, a música, em faixas completas, e os jogos de SMS, suportados em anúncios de TV, que ainda não estamos a usar em Portugal, mas que vamos introduzir nos próximos meses.
Fazemos estudos e análises para perceber as tendências e estamos em permanente contacto com os operadores para poder desenvolver os melhores conteúdos. Agora com a joint-venture com a Fox temos um conjunto incrível de conteúdos que podemos utilizar, como a série The Simpsons, CSI, entre outras….
Há três anos atrás as pessoas queriam outro tipo de conteúdos e agora procuram coisas mais interactivas e inteligentes.

TeK: Voltando aos números. Ainda têm muitos assinantes semanais de serviços em Portugal?

K.S. :
Comparado com outros países, os números em Portugal são muito bons. Apesar de ser menor em termos de habitantes, mas comparativamente é um dos países onde temos melhores resultados. Em sou responsável pelos países do sul da Europa, que engloba Espanha, Itália e França, e neste grupo Portugal tem as melhores taxas dentro da Jamba. E isso reflecte-se no budget que temos, que é um dos maiores.

TeK: Mas o modelo de negócio da Jamba não contempla presença directa no país…

K.S. :
Estamos em 28 países e só temos escritório em Berlim. Não temos presença directa nem na China. Há unidades de negócio, como a do sul da Europa que dirijo, e que tem três pessoas portuguesas que tratam do marketing, do planeamento de media e de conteúdos. Acreditamos que temos de ter colaboradores locais para entender as necessidades e interesses dos países específicos.
Se a Jamba tivesse escritórios em todos os países onde está presente seria impossível de gerir.

TeK: Referiu já que a Jamba tem investido em novos conteúdos. Que novidades podemos esperar nos próximos meses?

K.S. :
Tenho vindo a lutar para trazer serviços muito interessantes para Portugal e já estão todos aprovados pelos operadores. Uma das mais interessantes é que percebemos que os serviços de dating são muito procurados em Portugal e nós temos um site na Alemanha, o I Love, que está ligado à Jamba. Eles vão lançar o seu serviço em Portugal e nós vamos desenvolver a aplicação móvel para que as pessoas possam conversar ou colocar o seu perfil, através da Internet ou no telemóvel.
Agora que o Natal está a chegar e o tempo piorou, as pessoas procuram mais companhia e os operadores portugueses pediram-nos para lançar este conteúdo rapidamente, porque não existe e eles querem incluí-lo nos seus projectos já em Outubro.
Penso que este serviço será muito interessante e Portugal vai ser o primeiro país da Jamba a ter mobile dating.
O serviço vai ser moderado para garantir que não há conversas “esquisitas”.

TeK: E tem um limite de idade?

K.S. :
Sim, é de 16 anos.

TeK: E nos conteúdos de Vídeo, quando haverá novidades?

K.S. :
Nos próximos três meses. Não tenho ainda uma data concreta de lançamento do serviço, mas será certamente até final do ano.
E há ainda uma grande novidade para Portugal. Lançámos há pouco tempo na Alemanha o serviço Full Track Music, semelhante ao iTunes, onde se pode descarregar uma faixa de música ou assinar um contrato mensal por cerca de 15 euros, no qual se pode descarregar todas as músicas que quiser na Internet, ouvi-las no PC, ou gravá-las num CD, além de poder enviá-las com um simples comando para o telemóvel.
Este é um serviço para o qual os operadores portugueses também mostraram muito interesse e que vai esta acessível no final de Dezembro.

TeK: A Jamba vai manter-se nos conteúdos para telemóveis ou a tendência será ter serviços convergentes, que ligam a Internet e o telemóvel, como os dois que referiu, o de encontros e o de música?

K.S. :
Esses são casos específicos, devido à natureza dos projectos. Mas na Jamba queremos focar-nos nos terminais móveis, que é também a razão pelo qual usamos o serviço Wap do I Love mas só desenvolvemos para a plataforma móvel.

Não quer dizer que não façamos nada na Web, mas a Jamba é um fornecedor de conteúdos móveis e penso que isso se vai acentuar ainda mais no futuro.

TeK: A recente aquisição de 51 por cento da Jamba pela News Corp vai trazer novidades a nível dos produtos?

K.S. :
Sim, claro. Vamos poder ter melhores conteúdos para Alertas de notícias, de tempo e ainda uma série de outros conteúdos. Neste nível é um desenvolvimento enorme que ainda nem conseguimos ver na totalidade. Teremos também novas possibilidades de promover novos conteúdos….
A aquisição é ainda tão recente que ainda não está tudo estruturado, mas obviamente a primeira ideia que surge é de utilizar os conteúdos da nova empresa.



Fátima Caçador