Existe uma maior procura de computadores neste período de pandemia de COVID-19, de forma a suprir as necessidades dos profissionais em teletrabalho e eventualmente o ensino em casa. As marcas apresentam as suas ofertas para o segmento empresarial, com o máximo de ferramentas de produtividade e acima de tudo segurança. É o caso da proposta da Dynabook, uma marca ligada à Toshiba, que apresenta no Tecra A-40 algumas soluções para as principais preocupações.
Para começar, trata-se de um portátil muito leve, pesando 1,47 Kg. Mal se pega nele sente-se que é robusto, com o chassis e tampa preta matte coberta por uma textura antiderrapante, para evitar escorregadelas das mãos. Por andarem de um lado para o outro, os portáteis tendem a acumular a gordura do suor dos dedos e esta textura evita algum incidente inesperado. Até porque, provavelmente, se o deixássemos cair ao chão provavelmente iria sair sem danos, visto que a marca afirma que o equipamento foi testado no standard das condições militares, para garantir que se mantenha em funcionamento nos ambientes mais exigentes.
Simplicidade de design, talvez simplista de mais...
Esteticamente não será o portátil mais chamativo do mercado, mas pessoalmente gostei da sua simplicidade. Este destaca-se pelas suas linhas sóbrias, os cantos arredondados, salientando na tampa o logotipo da marca em prateado. Já quando se abre o portátil, o seu design deixa um pouco a desejar. Ao contrário de outros equipamentos do mesmo segmento que tentam aproveitar o máximo de área livre do ecrã em relação ao corpo do seu chassis, este apresenta molduras largas, restringindo-o às suas 14 polegadas, num máximo de 1920x1080 de resolução.
No topo da moldura encontra-se ainda a webcam, sem qualquer tipo de proteção física, para evitar “olhares indiscretos”. Esta conta com um sensor de infravermelhos para melhor performance no reconhecimento facial, caso utilize a solução Windows Hello na autenticação.
Mas a base do portátil apresenta um pior aproveitamento do espaço, concentrando o teclado no centro do chassis. Existem dois dedos de cada lado do teclado livres, que poderiam ser utilizados para estender essa área. E o mesmo para a parte superior ao teclado vazio, sem sequer ser utilizado pelas colunas. E a área de descanso das mãos, apesar de oferecer conforto no encosto dos pulsos, revela um Trackpad demasiado pequeno. Contas feitas, o teclado dispensa o módulo numérico e faz uma uma arrumação estranha de algumas teclas, como o page up e page down, ao lado do cursor. Adivinha-se que os utilizadores que usam estas teclas frequentemente vão andar constantemente à sua procura.
As teclas em forma de pastilha elástica estão espaçadas e oferecem conforto a escrever, mas o calcar das mesmas falha em oferecer aqueles “cliques” satisfatórios de resposta. Curioso que o portátil apresente uma tecla que simula o botão direito do rato, encaixada entre o Alt e o CTRL do lado direito. Depois de nos mentalizarmos da sua existência, este pode ser muito útil para evitar ginásticas desnecessárias com o polegar no trackpad.
E por falar no Trackpad, apesar de ter uma área pequena, permite deslocar o rato a qualquer ponta do ecrã rapidamente, mesmo que seja necessário configurar a sua sensibilidade, ao gosto de cada utilizador. Este contém ainda o sensor biométrico de impressões digitais no canto superior esquerdo do pequeno retângulo.
Na minha experiência, o sensor falhou todas as tentativas de configuração durante o processo inicial do Windows 10, dando erro. Mas por outro lado, numa altura em que vemos computadores do segmento a oferecer leitura da impressão diretamente do botão de energia, esta proposta torna-se pouco prática. Ligar o computador no botão de energia colocado no topo do chassis à direita, e depois fazer a autenticação no trackpad não é muito cómodo, pois mais depressa digitamos o pin no teclado. A ideia da Dynabook seria o utilizador tocar no trackpad e continuar a utilizar o dedo no ponteiro, mas não me parece que seja o mais cómodo.
Sendo um computador para profissionais em movimento, um dos testes necessários é o comportamento do ecrã em locais muito iluminados, como perto de uma janela ou mesmo ao ar livre sob forte sol. Felizmente esta proposta apresenta um sistema de ecrã anti-reflexo, diminuindo consideravelmente o incómodo dos reflexos, permitindo assim trabalhar em qualquer local. Por outro lado, para quem necessite de trabalhar em locais pouco iluminados, o teclado não tem retroiluminação...
No que diz respeito a conexões, o portátil apresenta do lado esquerdo uma entrada USB-C, uma porta HDMI e suporte a auscultadores através do jack 3,5mm. Tem ainda um leitor de cartões microSD, caso necessite de aumentar o espaço de armazenamento ou descarregar as fotografias ou vídeos do cartão. Do lado direito pode encontrar duas portas USB-A 3.1 e a entrada de rede. Interessante a presença de uma slot de cartões inteligente (smart card reader) que permite ler o Cartão do Cidadão, por exemplo, caso necessite de fazer autenticação em serviços, dispensando assim um leitor externo. Para ligações online sem fios, o portátil já está preparado para suportar Wi-Fi 6, elemento que começa a ser importante como factor de decisão.
O pequeno portátil apenas tem duas colunas alocadas na parte inferior da sua base, demonstrando que não é propriamente uma solução para quem deseja ouvir música. A qualidade é mediana, semelhante a uma telefonia, sem acentuar graves ou agudos, quando comparado a outros sistemas com som surround. Neste Tecra, o som é projetado da área do trackpad.
O Dynabook Tecra apresenta uma bateria com uma boa autonomia. Deixando-o ligado praticamente o dia todo, “mantendo-o acordado” sempre que este queria entrar em repouso, ao fim de 8 horas ainda tinha mais de 40% de bateria. Obviamente que a autonomia de qualquer equipamento depende sempre da utilização, mais ou menos agressiva do mesmo. Mas considero que este tenha uma das melhores autonomias dos equipamentos mais recentes deste segmento.
Processador de última geração, mas limitado de memória
Mas mais importante que ter um computador com uma grande autonomia, é ter a capacidade de carregamento rápido, ou seja, alimentar o máximo de energia no menor tempo possível. E no caso do Tecra o sistema é suportado. O computador apresenta 4 horas de autonomia em 30 minutos de carga, o que é sempre bom quando andamos de um lado para o outro em eventos e conferências.
De considerar que este Dynabook Tecra tem a base inferior apertada com parafusos Phillips, o que permite o acesso rápido aos seus componentes, caso deseje substituir a RAM ou SSD. Até porque este modelo apenas tem 8 GB de RAM, atualmente o mínimo exigível, mas que ao mesmo tempo torna mais lenta a produção de tarefas mais exigentes como fazer rendering a vídeos. A falta de pelo menos 16 GB de RAM, neste modelo em concreto, é compensado por um SSD rápido M.2 PCIe de 256 GB e um processador Intel i5 de 10ª geração a 1,60 GHz. Na solução gráfica conte com um GPU integrado Intel UHD, por isso não espere grandes milagres se deseja jogar alguns jogos. Não são os componentes de topo, mas é fruto de um compromisso com um preço mais reduzido no segmento (cerca de 1.130 euros).
Uma das preocupações da fabricante passa pelas questões de privacidade e segurança dos dados sensíveis pessoais, mas também as informações pessoais que está a trabalhar. O portátil tem uma BIOS proprietária assente numa plataforma TPM. Tanto o leitor inteligente de cartões como o sensor de impressões digitais pretendem elevar a segurança no acesso ao sistema por utilizadores não autorizados.
De um modo geral, este modelo Tecra A-40 G não é o portátil mais excitante do mercado, nem o mais poderoso. Destaca-se por ser leve, compacto e resistente, e por tentar nunca deixar o utilizador “pendurado” sem bateria, que por si é um excelente factor. Mas o facto de não ter um teclado retro-iluminado, oferecer umas colunas de som fraquinhas e pouca memória no caso de procurar fazer trabalhos mais exigentes, são elementos que deve considerar na sua aquisição.
Pode escolher uma versão com até 24 GB de RAM, ou optar pelo modelo G-10Z, com 16 GB, mas custa mais uns 200 euros. No total, considerando os modelos premium como o MateBook X Pro da Huawei ou o HP Dragonfly Elitebook, este é um modelo bem mais económico, mas sem os toques premium dos seus rivais.
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