Numa primeira observação do novo MateBook X Pro da Huawei é difícil distinguir ao certo quais as principais diferenças em relação à versão anterior. Sabemos que o hardware está sempre em evolução e as fabricantes de computadores atualizam as suas máquinas quando a Intel, NVidia ou AMD “estalam os dedos”. Mas isso não significa que a arquitetura e design da máquina tenha necessariamente de mudar, e isso parece-nos bastante evidente olhando para a edição 2020 do MateBook X Pro, que é muito semelhante ao modelo anterior.
E isso nem sequer é ponto negativo, pelo contrário, a Huawei acertou na mouche nas principais características que fazem um ultraportátil apetecível, sobretudo na área profissional, para utilizadores mais exigentes: é bastante leve, compacto, de fácil utilização, e sobretudo, no que diz respeito à bateria, mais que autonomia, a facilidade de o carregar através de USB-C, seja ligado à corrente, através do seu adaptador de carregamento rápido, como um simples power bank. Durante o nosso teste até a PlayStation 4 serviu para dar carga ao portátil, através de um cabo USB-A para USB-C.
As exigências dos profissionais em movimento
É possível dar rapidamente energia ao portátil em praticamente qualquer lugar que esteja a trabalhar, através de fontes de energia que tenham saída USB. O portátil foi “esculpido” para profissionais sempre em movimento, como é o nosso caso, que em apresentações e conferências necessitamos de correr de um lado para o outro, e entre o abrir e fechar do sistema, escrever e fazer tratamento de fotos, podemos estar descansados com uma autonomia típica de cinco ou seis horas. Durante o teste deixei o YouTube a correr vídeos de seguida, e ao fim de seis horas ainda tinha bateria para pelo menos mais uma hora.
A fabricante promete 13 horas para a sua bateria de 56 W, mas obviamente que a autonomia é sempre relativa ao uso dado ao computador. O mais importante é o tempo que demora a carregar, e no caso deste MateBook X Pro, graças ao seu carregador rápido de 65 W, bastaram uns 20 minutos para ter mais de metade da carga, ou seja, ficou pronto para mais uns “combates”. E hoje em dia andamos sempre com power banks na mala, seja para o smartphone ou outros equipamentos. Da mesma forma, o carregador deste portátil permite carregar também outros equipamentos, como o smartphone. É um bom caminho para “um carregador, para todos carregar”.
Sendo um ultraportátil direcionado aos profissionais em movimento (talvez nem tanto nesta fase devido ao isolamento por causa da pandemia da COVID-19), quero continuar a destacar algumas das minhas necessidades principais nas coberturas de eventos. A bateria e o tempo de carregamento passaram com distinção. Mas há outras preocupações que tenho em conta. Uma delas é o tempo que o sistema e o Windows demoram a carregar. Não há nada pior que chegar a uma conferência em cima da hora, e no stress de arranjar um lugar, ainda ter que esperar uma “eternidade” para carregar o sistema e fazer a autenticação. E neste aspeto, a Huawei não brincou em serviço: em menos de 10 segundos o portátil liga-se (de um estado completamente off), pronto a trabalhar no Windows.
O sensor biométrico de impressões digitais introduzido no botão de energia permite que, ao premi-lo (com o dedo correto) o sistema possa fazer simultaneamente a autenticação no mesmo e único encosto. E tal como os telemóveis, o gesto intuitivo de ligar de imediato o portátil enquanto se abre e pousa numa mesa, ou mesmo no colo, é o tempo suficiente para que quando olha para o ecrã este já está no Windows à espera. E por falar em impressões digitais, é de notar as dedadas que se acumulam na tampa do portátil, obrigando a passar constantemente um paninho para limpar.
Obviamente que o peso e o tamanho deste ultraportátil também são muito importantes. O portátil tem um chassis de alumínio, o que o torna bem leve, com 1,36 kg. E é estupidamente fino, considerando que o computador ainda vai estreitando da parte traseira, para a sua frente. Ou seja, a parte onde estão as portas de conectividade são ligeiramente mais espessas, mas depois a linha estreita, de forma agradável. Isso quer dizer que a parte da dobradiça, onde normalmente agarramos o portátil é mais robusto, mas na frente, na união entre o ecrã e a base consegue ser mais fino que um smartphone.
Quando disse que o Dragonfly da HP não poderia ser mais fino, pois tinha as medidas de uma entrada de HDMI, a Huawei vai mais longe e simplesmente retirou esta ligação do portátil, passando a reger-se pelo espaço que ocupa um USB-A. Acredito agora que em futuras versões, o USB-C/Thunderbolt 4 domine por completo a questão da conectividade e o portátil consiga ser ainda mais fino.
Mas então não tem HDMI? Tem, mas a fabricante chinesa rematou para um adaptador, que acompanha o bundle do portátil, as restantes ligações que necessita. O adaptador liga a uma das duas portas USB-C do portátil, fazendo “pass through” para uma saída igual da pequena caixa. Este “apêndice” não é dos mais confortáveis de utilizar quando está fora, mas provavelmente só o vai utilizar quando necessitar ligá-lo a um monitor externo, uma televisão ou projetor, o que significa que vai estar confortável num móvel ou secretária. Além da saída HDMI, o adaptador oferece ainda VGA para monitores mais antigos e uma porta adicional USB-A.
Já o portátil tem as referidas duas portas USB-C, uma delas compatível com Thunderbolt 4, uma entrada para jack 3,5 mm, caso necessite ligar uns auscultadores com fio, e do outro lado, uma porta USB-A 2.0. A Huawei confia a sua conectividade no Wi-fi de alta velocidade (Wi-Fi 5) e bluetooth 5, por isso, não conte com uma entrada de rede ethernet.
Conforto a escrever e imagem de qualidade premium
De considerar que sendo um computador muito pequeno quando fechado, o que o torna ideal para o enfiarmos na mochila e esquecermo-nos que está ali dentro, as suas dimensões úteis até são bastante generosas. O ecrã tem molduras realmente muito finas, sendo a justificação para a fabricante retirar a webcam da moldura superior, para a rematar para o teclado. Mesmo com todas as críticas, a Huawei afirma que este compromisso compensa em ter um ecrã de 13,9 polegadas com um aproveitamento de 91% face ao chassis.
A câmara no teclado, colocada num “botão” clicável para a ativar e recolher, entre as teclas de função F6 e F7, garante total privacidade quando não está a ser utilizada, isso é certo. Mas numa altura em que passamos mais tempo em casa devido ao isolamento social, as interações através de videochamada são muito importantes, e cada vez mais utilizadas. A disposição da câmara filma o utilizador de baixo para cima, dando-lhe uma espécie de imponência não muito bem-vinda nessas interações. E pouco podemos fazer a não ser afastar o portátil, e ter de esticar os braços para escrever, e pequenos ajustes no software para tentar melhorar o enquadramento. Está longe de ser a melhor solução, mas isso a Huawei sabe e tem feito “ouvidos moucos” às críticas feitas.
Quanto ao ecrã, este é tátil, o que abre diversas possibilidades a nível de atalhos e aplicações, mas não pode abrir a tampa por mais de uns 100º. Este ecrã permite uma boa visão de qualquer ângulo e tem 450 nits de brilho. Não é “imune” a reflexos, quando utilizado no exterior ou perto das janelas, mas tem uma qualidade de imagem excelente para não perder a concentração do que está a ver. E a sua definição de 3K (3000x2000) e 1500:1, 100% compatível com sRGB são especificações interessantes para os profissionais ligados à àrea de vídeo e fotografia terem em conta. O modo de Conforto Ocular, com certificação TUV Rheinland promete reduzir as nocivas luzes azuis aos utilizadores em prolongadas sessões de trabalho.
Relativamente ao teclado, este ocupa praticamente toda a largura do chassis, descartando o numérico, deixando apenas uma pequena margem lateral de cerca de 1,5 centímetros, que os engenheiros da Huawei aproveitaram para inserir as respetivas colunas do portátil (no fundo quatro escondidas nas duas pequenas grelhas, suportadas por SWS Surround). E por falar em colunas, o som tem qualidade, mesmo que a maioria do tempo utilizemos auriculares ou auscultadores.
É mesmo caso para dizer que todo o espaço conta, mas está longe de parecer algo “atabalhoado”. Isto permite que as teclas, em formato chiclete sejam generosamente grandes (maiores que o meu portátil de 15 polegadas) e sejam muito rasas, mas confortáveis para escrever, pois têm cerca de 2 mm de afastamento entre si. O teclado é retroiluminado (uma das minhas principais exigências num computador de trabalho) em dois níveis de intensidade, pelo que não terá problema em escrever em locais pouco iluminados ou mesmo com luz apagada.
O Trackpad é gigante (12x8 cm), provavelmente um dos maiores que já vi, sobretudo quando considerando o tamanho do chassis. E isso é muito positivo, porque a sua superfície é bastante sensível, permitindo-nos facilmente controlar o ponteiro, sem ter de mexer o posicionamento do dedo quando na extremidade da área. Pessoalmente dispenso, sempre que possível, o uso do Trackpad, mas neste caso, a minha experiência foi bastante positiva. O seu posicionamento bem ao centro permite-nos colocar os pulsos de descanso nas extremidades da base do chassis enquanto escrevemos.
Com todas estas características, o toque deste portátil revela-se uma experiência premium, com arestas bem definidas e arredondadas, e com um design de grande simplicidade. A base do chassis é uma placa lisa, sem qualquer grelha de respiradores, em que apenas se nota as quatro saliências de plástico para o fixar na mesa, assim como um sistema de micro parafusos sextavada para o acesso ao interior. A dobradiça do computador parece bastante sólida e firme, embora seja possível levantar a tampa com apenas uma mão quando o equipamento está pousado na mesa.
No que diz respeito à dissipação do calor, depois de algumas horas de utilização, e mesmo ligado à corrente elétrica não notei que aquecesse. Em primeiro lugar porque o metalizado do chassis tem um toque muito fresco. Mas em termos técnicos, a Huawei já tinha explicado que teve a preocupação em melhorar o sistema de dissipação do calor. Para tal introduziu a tecnologia Huawei Shark Fin Design 2.0, prometendo 20% de melhor performance face ao anterior. E mesmo que o tenhamos de puxar ao limite, e venha mesmo a aquecer em condições de trabalho mais exigentes, a fabricante garante que o sistema está sempre protegido pelo seu sistema de dissipação de calor.
Hardware atualizado e serviços integrados
Como referido, a nova versão do Huawei MateBook X Pro apresenta hardware atual, assente na décima geração do processador i7 da Intel. Isto numa altura em que a fabricante de chips já revelou a 11ª geração, mas os primeiros portáteis só deverão chegar mais no final do ano. Ainda assim, o conjunto fecha-se com 16 GB de RAM e 1 TB de armazenamento interno, que é a única configuração à venda em Portugal. O portátil tem ainda uma placa gráfica dedicada, uma GeForce MX250 da NVidia, com 2 GB DDR5 de memória.
O GPU está longe de ser ideal para jogar um videojogo mais exigente, mas o portátil não foi construído para esse efeito. Esta placa significa porém que os artistas e profissionais de design ou audiovisuais podem “desenrascar” alguns trabalhos sem muito esforço.
O principal fator diferenciador deste ultraportátil, em relação à maioria das marcas, é a integração da máquina no ecossistema da Huawei. O plano da fabricante é garantir que todos os seus equipamentos não só comuniquem entre si, como também no fundo se complementem. E na prática isso significa uma grande facilidade e rapidez de partilha de fotografias e vídeos da sua área de transferência, caso tenha um smartphone Huawei ou Honor (a partir do EMUI 9.1 ou Magic UI 2.1), para o portátil através do sistema Huawei Share. Basta arrastar os ficheiros e documentos entre as áreas dos equipamentos, sem a necessidade de ter uma ligação à internet.
O sistema permite mesmo criar backups dos vídeos no computador, de forma dissimulada e sem interação do utilizador. Também pode capturar imagens através do sistema de deslizar três dedos para baixo no próprio ecrã tátil. Este sistema é ideal para assistir a conferências online em que necessita capturar rapidamente imagens dos dispositivos, que vão sendo gravados no disco. No fundo é um upgrade ao típico Print Screen, como a vantagem que o sistema faz também o reconhecimento de texto da imagem. Ou seja, se a imagem tiver texto é automaticamente editável, caso necessite copiar a informação para um documento.
Existem ainda outras integrações que pode usufruir entre os equipamentos, tais como o uso de multi-ecrãs para uma colaboração integrada. Ou mesmo fazer chamadas telefónicas ou videochamadas através do computador, sem sequer tocar no smartphone.
O computador tem um menu proprietário chamado PC Manager, acessível no canto inferior direito, junto ao relógio e notificações, que permite aceder a diversas ferramentas, serviços e as interações com o smartphone referidas acima. Mas também serve de atalho rápido à monitorização do sistema, do hardware, de problemas detetados, e sobretudo, da lista de componentes e respetivos drivers, alertando facilmente quando estão desatualizados e prontificando os utilizadores a fazer o respetivo update.
No geral, este MateBook X Pro é um ultraportátil premium com a maioria das ferramentas que os profissionais necessitam para trabalhar, sobretudo em deslocações. Tem as especificações para editar vídeos e imagens, uma qualidade de imagem superior e é sobretudo amigo de ser transportado graças à sua autonomia e a facilidade e rapidez com que pode receber energia. O portátil é leve e os seus materiais são agradáveis ao toque, e o tom cinzento da tampa e chassis confere-lhe uma beleza subtil. Também há uma versão prateada do computador.
É importante referir que o portátil traz o Windows 10 instalado e a Huawei assegura que todas as atualizações do sistema operativo continuarão a ser feitas, independentemente da situação atual com com os Estados Unidos.
Agora que já conhece as suas principais características, surge a pergunta principal: o preço? Esta configuração única, baseada no chip i7 de 10ª geração, 16 GB de RAM e 1 TB de armazenamento interno tem um custo de 1.999 euros. De salientar que este portátil tem uma campanha de oferta de um ano da Escola Virtual da Porto Editora, válida até ao final de setembro. Mas outras iniciativas semelhantes são esperadas até ao final do ano.
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