É cada vez mais difícil escolher um smartphone, com a quantidade da oferta no mercado dos diversos fabricantes, e quando sobretudo, são as próprias marcas a atualizar as prateleiras com novos modelos numa base de lançamento anual. É quase que uma obrigação os utilizadores terem de adquirir um smartphone todos os anos, correndo o risco de ver o seu equipamento desatualizado face às novidades tecnológicas que são introduzidas a cada novo modelo.
O segredo para uma compra eficaz é, claro, estabelecer um orçamento do valor máximo que pretende gastar no equipamento, e depois, definir prioridades no que diz respeito às funcionalidades que mais deseja. Será uma câmara robusta para tirar fotografias ou fazer umas gravações? Ou será a autonomia, para que não tenha de preocupar-se a recarregar o dispositivo? Talvez necessite de um ecrã com dimensões generosas para assistir a séries e filmes. Ou então simplesmente um bom desempenho para jogar Fortnite e os mais poderosos videojogos do mercado. Tudo isto combinado origina uma incrível gama de modelos por fabricante, levando mesmo, diria, a uma saturação do mercado.
Hardware atualizado, mas ainda é modesto
Compreendendo esta situação, as fabricantes têm uma maior preocupação de convergir num único equipamento o máximo de funcionalidades que os utilizadores mais procuram. A gama Infinity H da Hisense é exatamente um dos exemplos disso mesmo, na tentativa de apresentar aos seus clientes algumas das novas tendências, a um preço razoável para a gama.
O novo Infinity H12, que pode ser adquirido por cerca de 240 euros, dá continuidade ao anterior modelo, atualizando-o com novas funcionalidades e uma revisão do seu hardware. Relativamente ao processador, o smartphone troca o chip Snapdragon 430 do anterior H11 pelo 450 a 1.8 GHz. Houve também um aumento de RAM para 4 GB e 32 GB de armazenamento de dados. Mesmo o GPU foi revisto, sendo a versão seguinte do Adreno, o 506. Obviamente que se trata de uma melhoria quando equiparado com o modelo anterior, mas continuam a ser características modestas e difíceis de recomendar para quem necessita puxar um pouco mais pelo dispositivo.
Quando colocado em teste no AnTuTu, o smartphone obteve uns singelos 71.125 pontos, tendo “derrotado” apenas 11% dos restantes equipamentos testados. No CPU obteve 33.481 pontos e GPU 12.185 pontos, o que também não se esperaria mais com as suas configurações.
Aliás, ciente disso, e a facilidade com que amontoamos aplicações em funcionamento no background, e a pesar cada vez mais o sistema, que a fabricante introduziu uma espécie de “botão de pânico”, o Cleaner, com uma pequena representação gráfica de um frasco a encher. Basta um toque no botão para automaticamente fechar todas as apps em segundo plano e libertar a memória. É um processo prático e útil, que certamente irá utilizar diversas vezes ao dia.
Obviamente que para uma atualização simples, como consultar mails, redes sociais ou ver séries no Netflix, o smartphone porta-se muito bem em termos de desempenho. Apenas não pode abusar com os jogos mais pesados da atualidade, como é obvio.
Smartphone com charme
Já o anterior modelo era bonito, ainda que tivesse umas dimensões consideráveis, como aliás este novo H12. O smartphone apresenta um ecrã LCD com uns generosos 6,19 polegadas, mas ainda não é desta que oferece Full HD, ficando-se pela resolução de 1500x720. Apesar de não oferecer imagens tão detalhadas como outros equipamentos, oferece uma boa palete de cores e brilho, o que permite ver a imagem sem problemas em ambientes exteriores, sobre o sol brilhante. Relativamente ao ecrã, a fabricante chinesa trocou a moldura bezel por um “gigantesco” notch para albergar a câmara frontal, um speaker e o flash.
Infelizmente este Hisense H12 é um exemplo pelo qual o notch é tão mal visto pelos utilizadores. Embora prolongue a dimensão do ecrã, este notch ocupa mais de um terço da largura do equipamento, o que significa que muitas aplicações não estão preparadas para a sua presença. Alguns jogos e aplicações têm algumas funções escondidas atrás do “olho” do dispositivo, como por exemplo Clash Royale, que é um dos jogos mais populares mobile, interferindo não só na jogabilidade como nos menus.
Esquecendo o notch, o smartphone é bastante atraente, denotando-se o cuidado da fabricante em dar um toque extra no design, ao introduzir um aro prateado em todo o seu redor, uma traseira de cor “Rose Gold”, que lhe confere algum requinte, assim como as suas arestas arredondadas que o torna confortável de agarrar. Beleza à parte, o smartphone pretende ser resistente às quedas, não só porque oferece na caixa uma capa protetora de borracha transparente para a traseira, como uma película para o vidro duplo na frente. Ainda assim, não utiliza a tecnologia Gorilla Glass.
Cuidados extra pela moldura que a foi aplicada à zona das lentes da câmara dupla traseira, que tem uma saliência generosa, mas que fica ao mesmo nível do corpo restante quando aplicada a capa. Mas sem esta, será necessário ter cuidado, porque a zona da câmara é o primeiro ponto de contacto com a superfície quando pousa o telemóvel.
Na traseira poderá ainda encontrar o sensor biométrico de impressões digitais, que, diga-se de passagem, funciona muito bem. Durante o longo tempo de teste foram muito poucas as vezes que o dispositivo não desbloqueou “instantaneamente” à passagem do dedo. E mesmo o reconhecimento facial, para o mesmo efeito, também é consideravelmente rápido, mesmo em locais escuros onde o único ponto de iluminação é o próprio ecrã. E nem precisa estar com a cara “encostada” ao vidro, a câmara deteta bem em posições afastadas e inclinadas. Exemplo disso é usar o telemóvel para ver as horas, ainda de noite, e este desbloquear inadvertidamente por reconhecer o utilizador.
Em termos de design, o smartphone reservou para a lateral esquerda a sua bandeja de cartões SIM e MicroSD e o botão de acesso instantâneo ao Google Assistent (caso não utilize pode configurar o botão para outra funcionalidade ou aplicação, como o acesso à câmara, por exemplo). No lado direito estão os botões de volume e de desbloquear. No topo está o orifício do microfone e na base poderá encontrara o altifalante, assim como a entrada de carregamento USB-C. Apesar deste smartphone ter abolido a entrada de jack 3,5 milímetros para os auscultadores, oferece na caixa o respetivo adaptador. Ainda assim, não poderá estar a ouvir música enquanto carrega o smartphone, obrigando a optar por um headset wireless por Bluetooth.
De notar ainda que o telemóvel apresenta uma bateria de 3.400 mAh, capaz de durar cerca de dia e meio sem a necessidade de recarregar, numa utilização razoável, incluindo jogar e ver séries ao longo do dia nas horas vagas. O carregador não oferece sistema de recarregamento rápido, como muitas das ofertas atuais. O dispositivo assenta ainda em Android 8 de stock, não oferecendo nenhuma opção mais personalizada da fabricante.
Relativamente ao som, apesar do som elevado das colunas, estão longe de oferecerem a experiência mais nítido, destorcendo as músicas, não salientado os baixos e graves.
Câmara fotográfica para iniciantes
Uma vez que a câmara fotográfica é um dos principais fatores de aquisição de um smartphone, o Hisense Infinity H12 introduz agora dois sensores na parte traseira. Um tem 12 MP e uma abertura de obturador f1.8 e um secundário de 5 MP, um investimento seguro para introduzir o efeito bokeh nas fotografias para o Instagram. A empresa alega uma parceria com a ArcSoft na criação de um algoritmo para capturar imagens em locais com menor iluminação com mais qualidade, mas ainda assim, “não há milagres” e o grão típico mantém-se nas fotografias.
Tal como a maioria dos equipamentos, sejam eles de topo ou de gama de entrada média, como este H12, o assistente de inteligência artificial ajuda a melhorar as fotografias. A IA deteta 16 categorias, desmultiplicando por mais de uma centena de cenários distintos e serve para melhorar automaticamente o resultado final. Isto significa que seja perante uma paisagem colorida, um pôr-do-sol, praias ou fotografar animais e bebés, o sistema regula-se sem a necessidade de mexer nos parâmetros técnicos. Fotografar um documento, por exemplo, a IA regula a imagem para que os textos fiquem mais nítidos, por exemplo.
Por outro lado, de forma a piscar o olho à geração Instagram, a câmara frontal de 16 MP oferece uma abertura de f/2.0. E para garantir que as imagens não precisam de passar pelo Photoshop, conte com o já popular modo Beleza, para esconder aquela ruga ou borbulhinha indesejável.
No geral, a qualidade da gravação em 1080p é aceitável, mas está trancada aos 30 FPS. Obviamente que se necessitar de uma gravação estável necessita de um tripé, já que não tem qualquer sistema de estabilização de imagem.
De um modo geral, o Hisense H12 melhora todos os aspetos da versão anterior, mas mais que uma oferta alternativa é no fundo uma substituição do H11 para quem não o adquiriu e o pondera. Tem o CPU e GPU da categoria seguinte, acrescenta mais um GB de RAM, introduz a versão seguinte do Android, tem uma câmara de sensor duplo, mas ainda assim, não tem argumentos próprios para se destacar da concorrência agressiva.
Comparando com o modelo anterior da gama, apresenta o mínimo aceitável para justificar o número seguinte no modelo. Assim, caso tenha o H11 e tenha dúvidas se vale a pena, é sem dúvida um smartphone superior, mas certamente não irá notar uma maior performance que mereça realce. No entanto, trata-se de um modelo mais atraente que o anterior, com um aspeto premium diria, com uma boa autonomia e um desempenho mediano se não utilizar jogos exigentes. As câmaras fotográficas tiram fotos decentes para partilhar nas redes sociais e a bateria é bastante boa. Mas, sem dúvida, o pior do H12 é o seu notch. Preferimos os bezels do ano passado.
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