Com um mercado saturado, escolher o próximo smartphone é uma missão mais complicada do que parece. Depois de estabelecer o orçamento do investimento e as funcionalidades prioritárias, há que procurar a melhor proposta mediante a sua qualidade. E é aqui que é fácil ficar atrapalhado, sobretudo quando se tenta fugir às marcas e modelos que dominam os mercados. Existem bons equipamentos de fabricantes menos conhecidos, tudo depende da utilização que necessita.

A chinesa Hisense só há bem pouco tempo apostou no mercado dos smartphones, uma nova aventura para a fabricante que ocupa as primeiras posições na indústria dos televisores e eletrodomésticos (sobretudo frigoríficos e máquinas de lavar). É exatamente a necessidade de satisfazer os pequenos nichos que a empresa se propõe com as suas diferentes propostas, apresentadas em fevereiro no Mobile World Congress, em Barcelona. Independentemente do modelo do dispositivo escolhido, a aposta vai para o tamanho generoso do ecrã “infinito” de 5,99 polegadas, a debitar imagens em formato 18:9 HD+.

É exatamente na área de ecrã que se destaca o Infinity H11, o irmão do meio da série H, encaixado entre o rebelde Pro e o humilde Lite, que chegou à redação do SAPO TEK para teste. Trata-se de um modelo de média gama, que pode encontrar à venda por cerca de 220 euros.

A primeira impressão, retirado da caixa, é realmente o de estar perante um sólido “tijolo”, sendo enorme e largo, e ligeiramente pesado. Mas ao mesmo tempo oferece uma construção compacta e robusta, de arestas arredondadas, ficando a certeza de ser resistente nas quedas. Até porque traz de origem uma película protetora colada ao vidro para evitar riscos ou rachas caso sofra algum incidente inesperado.

Para completar a proteção do equipamento, pode encontrar na caixa uma capa em borracha transparente para a parte traseira do smartphone. E esta é mesmo necessária, pois a lente da câmara tem um rebordo saliente, que sem a capa é o primeiro ponto de contacto com a superfície quando pousa o telemóvel, o que pode danificar o equipamento.

O dispositivo é preto, sendo a sua traseira composta por uma pintura “gloss”, mas ficam facilmente registadas as dedadas da utilização. Marcado pelas tendências minimalistas, o H11 disponibiliza o botão de energia do lado direito do ecrã, abaixo das teclas de volume.

Do lado esquerdo está colocada a ranhura para o leitor duplo de cartões - sendo um deles opcional entre a utilização de um segundo cartão SMS ou um SDcard para armazenamento de dados até 128 GB. E por falar em espaço, a memória interna de 32GB dá para adicionar muitas aplicações, fotos e vídeos antes de se preocupar em expandir por cartão. Na parte traseira foi adicionado o sensor biométrico de impressões digitais, o que permite desbloquear o telemóvel rapidamente e de forma intuitiva quando pega nele. Sem dúvida que depois de configurar o dedo escolhido, basta um leve toque para desbloquear o dispositivo.

Boa autonomia, mas configurações modestas

Apesar das dimensões generosas do ecrã, o H11 peca pela resolução de imagem trancada nos 720p, numa altura em que os smartphones ambicionam competir na definição 4K (obviamente para equipamentos mais dispendiosos). De um modo geral, não é um aspecto grave, mas certas aplicações que utilizem fontes mais pixelizadas poderá ter alguma dificuldade a ler, como por exemplo, certas legendas das séries da Netflix. De qualquer forma, o tamanho do ecrã apresenta uma área vasta, sendo agradável navegar pela internet e utilizar as aplicações em geral.

As duas colunas de som, situadas no lado inferior garantem um som estéreo, definido e com bom volume. Já os auscultadores, ligados no topo via jack de 3.5mm, parecem compostos de material pouco resistente, apresentando fios finos na zona dos auriculares. Fica a sensação de que com um puxão acidental vai saltar o auricular do fio.

Mesmo o som transmitido pelos auriculares fica um pouco aquém do pretendido, sobretudo quando utilizado em locais com mais ruído, como os transportes públicos ou áreas de restauração. Os auscultadores têm o habitual microfone para chamadas e o botão de atender pode ser utilizado, por exemplo, para colocar filmes e séries que esteja a assistir em pausa.

Se há algo onde este Hisense Infinity H11 brilha é na sua autonomia. Obviamente que esta questão é sempre relativa à utilização do dispositivo, mas a sua bateria de 3.400 mAh vai permitir uma duração de pelo menos um dia a trabalhar de forma agressiva, ou dois ou três de forma moderada. Embora o fabricante tenha prometido que nunca ficaria “pendurado” ao querer tirar uma fotografia “na reserva”, durante o teste aos 5% já não era possível ativar a câmara. Haja limites, claro! De salientar que a alimentação é feita através de uma entrada USB-C, mas não suporta carregamento rápido.

O smartphone reserva ainda sensores de proximidade, identificando quando o utilizador tem o equipamento encostado à cara durante as chamadas. Desta forma o ecrã é desligado, não só poupando bateria em chamadas mais longas, como evita toques desnecessários nas funcionalidades do ecrã. Quantas vezes não colocou uma chamada em espera com a orelha?

Dessecando o seu interior, o Infinity H11 assenta no processador octa-core Snapdragon 430, composto por um chip gráfico Areno 505 e 3 GB de RAM. São configurações modestas, mas significativas para o seu enquadramento de gama. Submetido ao obrigatório “supremo tribunal de AnTuTu” obteve uns singelos 57.418 pontos no geral, 27.878 no processador, 8.976 no GPU e 4.392 na memória, derrotando apenas 12% dos equipamentos listados no conhecido benchmark.

Na prática, ao testarmos alguns dos jogos mais exigentes do mercado, como o PlayerUnknown’s Battleground, o H11 apenas o conseguiu correr na configuração mínima, e mesmo assim nem sempre com um desempenho fluído. Obviamente que não se trata de um smartphone para correr os jogos mais pesados, mas sim aplicações multimédia, como o YouTube, Twitch e claro, as redes sociais Facebook e Instagram, todas elas a funcionarem sem problemas.

De notar que o smartphone assenta na versão Android 7.1, mas tem uma interface caracterizada, a Vision, que embora não reformule o sistema adiciona algum conforte na navegação. Os ícones são maiores e as notificações podem ser arrastadas pelo ecrã. Se desejar capturar o ecrã, a qualquer momento basta tocar com três dedos e arrastar para baixo.

Câmara robusta e equipada

Ao apresentar uma câmara fotográfica frontal de 16 MP, o equipamento foca-se sobretudo nas selfies e partilhas para as redes sociais com imagens nítidas e detalhadas. O sensor traseiro é de 12 MP, que ainda assim capta fotografias de qualidade interessante em exteriores durante o dia, com cores sóbrias, sem muita saturação. Embora os registos noturnos não tenham a mesma qualidade registada da diurna ou locais bem iluminados, as fotos são nítidas, devido ao sistema de autofoco disponível no smartphone. Tem ainda um zoom digital de 4X, mas desfoca as fotos, pelo que deverá evitar utilizar.

Se deseja utilizar o smartphone para gravar vídeo a qualidade diminui se fizer capturas sem tripé. A ausência do estabilizador torna as imagens tremidas e o autofoco aqui joga contra, ao tentar constantemente corrigir o foco, resultando numa imagem cansativa logo após os primeiros segundos de visionamento. As filmagens noturnas perdem toda a beleza, acrescentando aos problemas descritos, bastante ruído na imagem. No geral, pode filmar a resoluções de 1080p ao máximo de 30 frames por segundo.

A aplicação da câmara oferece diversas funcionalidades para obter melhor desempenho quando está a capturar momentos. Se for um utilizador experiente, pode ligar a opção Profissional e ter maior controlo sobre a saturação, os brancos, a exposição e o ISO, por exemplo. Já no modo Beleza pode rapidamente dar aqueles retoques estéticos das fotografias antes de as submeter para as redes sociais favoritas. Também pode ativar o modo HDR, caso necessite de um “boost” extra às fotografias quando justificar.

Pode ainda encontrar alguns miminhos interessantes, como o modo Bebé, que como calcula ajuda a fotografar bebés. Neste modo a câmara deteta quando o bebé está a olhar para o sensor capturando o momento, e caso isso não aconteça, pode chamar a sua atenção através de sons gravados na aplicação, tais como cães e gatos. Se deseja filmar em câmara lenta pode ativar o modo HFR, mas lembre-se que a qualidade nunca será de topo.

Ao nível geral, o HTC Infinity H11, não sendo o mais poderoso quando comparado com a versão Pro, oferece alguns atributos muito interessantes tendo em conta o seu preço. Para começar as suas dimensões avantajadas não se metem à frente da sua simplicidade estética, de linhas sóbrias e sólidas. Bastaria ser um pouco mais fino para ser “perfeito” no segmento. Por outro lado, desde que não o adquira para grandes processamentos de aplicações exigentes, ficará surpreendido pela sua capacidade de armazenamento, autonomia da bateria e câmara fotográfica, sobretudo se for “viciado” em selfies.