Hello Moto! Esta é a frase com que a Motorola saúda os utilizadores e que continua a ser reconhecida em Portugal, apesar de nos últimos anos ser difícil encontrar smartphones da marca nas lojas. Agora a empresa está a reforçar a aposta em Portugal e avança com toda a linha de equipamentos, onde se destaca o razr 50 Ultra.
O smartphone em formato flip, ou concha, vem desafiar algumas marcas já instaladas, como a Samsung com o Z Flip 6, e modelos que estão a chegar ao mercado português como o Xiaomi Mix Flip. Destaca-se pelo ecrã externo de grande dimensão, com 4 polegadas que podem ser realmente usadas de forma útil. Somam-se ainda o desempenho com uma das primeiras integrações do processador Snapdragon 8 Gen 3 em smartphones dobráveis, o design e materiais em cores mais arrojadas e acessórios, mas também o preço. Não está ao nível de um topo de gama na fotografia mas pode ser a solução perfeita para quem procura um smartphone diferente, com um excelente desempenho para esta gama de valores.
A linha razr da Motorola herda uma história de mais de vinte anos da marca norte americana e foi uma das primeiras a avançar com smartphones dobráveis em modelo flip phone, que experimentámos na CES em janeiro de 2020, quando a Lenovo estava a relançar a marca. Ainda era um modelo experimental mas já apresentava o potencial de um formato de bolso, encolhendo o tamanho necessário para ser guardado no bolso, e esticando depois a dimensão do ecrã interior para visualizar as aplicações.
O novo razr 50 Ultra está muito mas optimizado em relação a essa primeira versão, com melhorias nas dobradiças, no ecrã interior mais resistente e brilhante e com um ecrã exterior maior e mais personalizável com vários widgets que dão informação dispensando a abertura e visualização do display interior.
Há também diferenças assinaláveis em relação ao modelo anterior, o razr 40, que experimentámos brevemente em alguns eventos internacionais, uma das quais é a maior resistência garantida pela proteção do Gorilla Glass Victus e a resistência à água com o IPX8. A maior (literalmente) é o ecrã externo que agora tira partido de todo o espaço, ultrapassando neste ponto o Samsung Z Flip 6, a um preço um ligeiramente mais acessível.
Veja as imagens do Motorola razr 50 Ultra
Design cuidado para uma experiência diferente
Num mundo onde a maioria dos smartphones se mantêm no formato convencional de “barra”, a adaptação a um modelo em concha pode ser mais exigente, mas depois das primeiras voltas acaba por se tornar um hábito. Os modelos de concha chegaram a ser bastante populares no início dos anos 2000, acompanhados de outros formatos com tampas deslizantes e teclados, antes do iPhone ter imposto uma ditadura do ecrã frontal sempre disponível. Quem ainda conviveu com estes telemóveis (pré-smartphone) vai sentir certamente um "deja vu" na utilização do razr 50 Ultra, mas há aqui um passo em frente assinalável em relação a essa realidade.
Logo à saída da caixa destacam-se os materiais usados na capa traseira em pele vegana e as cores (no caso do modelo que testámos o verde primavera), assim como uma fragrância associada, que perfuma a embalagem com um cheiro especialmente pensado para cada cor pela Firmenich. São apenas as primeiras impressões, mas não deixam de ser importantes para começar a conquistar com uma experiência premium.
O próprio smartphone tem um design cuidado, com ecrã plano e cantos arredondados, uma moldura fina que tira mais partido do ecrã interior de 6,9 polegadas com resolução HD+ (2640 x 1080) e 3.000 nits de brilho máximo, onde se destaca a taxa refrescamento de 165Hz. O leitor de impressões digitais está colocado na zona lateral do telefone o que torna fácil e rápido o desbloqueio, quase instantâneo.
Quando fechado o ecrã frontal aproveita todo o espaço da capa, “abraçando” as duas câmaras principais, com 4 polegadas que são usadas para mostrar as imagens da câmara ou as aplicações, mensagens e widgets, dispensando a necessidade de abrir para visualizar o ecrã principal.
É confortável, compacto, cabe na mão e no bolso, mas continua a exigir a utilização de duas mãos para ser aberto, como acontece com os outros smartphones flip. Mas isso também é um hábito que se ganha.
Dentro da caixa a Motorola ainda inclui um carregador e cabo USB-C, e uma capa protetora que é fácil de colocar e que pode ser usada para prender uma fita de pendurar, da mesma cor e material que a tampa traseira do smartphone. Por vezes torna-se mais difícil de abrir porque a capa intromete-se na zona da dobradiça, mas nada que um pequeno toque não corrija.
Aberto em 90 graus sobre a mesa, plano a 180 graus com o ecrã interno totalmente visível, fechado só com o ecrã exterior a mostrar as notificações, ou de lado para uma nova forma de gravar vídeos com o modo Flex View, o razr 50 Ultra traz novas formas de usar o smartphone que vão sendo descobertas e adaptadas a diferentes momentos e tarefas. E com o tempo acabamos por deixa de abrir o smartphone para fazer uma chamada ou responder a uma mensagem curta, e até para um jogo casual ou para seguir as instruções do Google Maps.
O vídeo mostra as principais características do equipamento
O vinco habitual nos ecrãs dobráveis é pouco perceptível, pelo menos em telefones novos e com pouco tempo de uso, mas pode acentuar-se com ao longo dos meses. De notar ainda que grande parte das aplicações estão adaptadas à dimensão do ecrã interior, que tem um formato de 22:9, o que é bom para navegação web mas ainda não é ajustado nos vídeos, por exemplo, mantendo as "barras" pretas laterais como acontece noutros modelos dobráveis.
No caso do ecrã exterior algumas aplicações ainda deixam uma barra preta na zona ao lado das câmaras, não estendendo a imagem à totalidade do ecrã.
Fotografia luminosa e um “twist” de vídeo
A versão Ultra do razr 50 tem um arranjo de duas câmaras com sensores de 50 MP cada uma. A câmara principal tem uma distância focal de f/1.7, estabilização OIS e foco automático, e é acompanhada por uma telefoto com f/2.0 e zoom óptico de duas vezes. A câmara frontal tem um sensor de 32 MP.
Não é tão flexível como os arranjos de três câmaras de grande parte dos smartphones de gamas mais altas mas o resultado acaba por ser bastante interessante, com fotos luminosas e de boa qualidade, com cores consistentes, mesmo em ambientes de pouca luz. As ferramentas de edição automática e a tecnologia de inteligência artificial são uma boa ajuda para optimizar as fotos e as selfies antes de serem partilhadas.
Veja algumas das imagens captadas com o Motorola razr 50 Ultra
Como acontece noutros equipamentos flip, o ecrã exterior pode ser usado para que as personagens fotografadas vejam a sua imagem e ajustem o enquadramento, e o próprio smartphone serve de tripé para fotos mais estáveis. Os gestos de ligar a câmara “abanando” o smartphone e ao atalhos para captar imagens são úteis.
No vídeo os modos de gravação tiram partido do sistema Flex View, que recorda as antigas camcorders e que colocando o smartphone num ângulo de 90 graus mostra de um lado a imagem do que está a ser gravado, deixando os controles para a mão que segura o equipamento. É um detalhe mas está bem pensado e torna-se útil, gerando também curiosidade de quem o vê em funcionamento.
O modo Action Shot adapta de forma automática a velocidade de captação e iluminação às condições do ambiente e a estabilização pode fazer pequenos milagres em condições difíceis.
Inteligência moto AI e Gemini associada a um desempenho Snapdragon
A integração do processador Snapdragon 8 Gen 3 no razr 50 Ultra é a principal diferença em relação ao modelo razr 50, e dá garantias para um desempenho sem falhas e uma optmização das funcionalidades de inteligência artificial no moto AI e Gemini. Este modelo é um dos primeiros a integrar o processador da Qualcomm num modelo flip, mas o Xiaomi Mix Flip que oi ontem apresentado também segue a mesma linha.
O resultado sente-se na fluidez das aplicações e na forma como são geridas as imagens e vídeos, com a aplicação Google Gemini a trazer as ferramentas de Inteligência Artificial para a produtividade pessoal, com sugestões de respostas a mensagens e emails, alinhamento de tarefas ou planeamento de viagens, mas por enquanto limitadas em alguns casos ao inglês. Quem comprar o razr 50 Ultra recebe três meses de subscrição da aplicação da Google.
Com o moto AI a Motorola vai adicionar nos próximos meses os seus próprios truques de IA, como o resumo rápido das mensagens e comunicações através do “Catch me up” e a possibilidade de gravar automaticamente usando o comando “Pay attention”, assim como a captação de informação do ecrã com o “Remenber this”.
A skin é o Moto X, baseado no Android 14, e a utilização é fácil e intuitiva, com a ligação ao ecossistema do Smart Connect e as funcionalidades de segurança do Moto Secure, assim como a possibilidade de “desligar” do Moto Unplugged. A Motorola garante três grande atualizações do Android e quatro anos de updates de segurança.
A bateria não foi também um elemento descurado e a o razr 50 Ultra traz uma bateria de 4.000 mAh com carregamento sem fios a 15W e carregamento inverso a 5W. Aqui ainda há bastante espaço para evoluir, sendo que curiosamente a versão base do razr 50 vem com mais bateria (4.200 mAh) e carregamento mais rápido. Mas ganha pontos com a inclusão do carregador na caixa, um elemento que é cada vez menos comum.
Durante o teste o Motorola razr 50 Ultra mostrou estar à altura dos desafios que lhe colocámos, com boa resposta no desempenho e na bateria, e uma capacidade de captação de fotografias e vídeos que não desiludiu, mesmo em condições difíceis. Estes são pontos fortes que realçam a elegância e distinção do formato e do design, que serão provavelmente os principais argumentos de compra nestes novos modelos da Motorola.
Apesar do preço ficar próximo dos 1.200 euros, esta é uma boa opção para quem quer diferenciar-se dos habituais smartphones de barra, mesmo com a consciência de que há compromissos na fotografia e qualidade do ecrã principal, mas que não são razão de exclusão da opção por este smartphone.
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