A segunda edição do Moto X chegou a Portugal no final do ano passado. Face à edição de estreia do modelo, a fabricante fez alterações ao design, ao tamanho do ecrã e à câmara e continuou a apostar na inclusão de aplicações próprias, opções que - na maior parte dos casos - foram bem conseguidas.
O modelo integra um ecrã AMOLED de 5,2 polegadas com imagem de alta definição (1920x1080 pixéis ou 423 pixéis por polegada) e Gorilla Glass 3, que reforça a proteção do ecrã a riscos e salpicos. Mais ecrã e melhor resolução foram uma boa combinação de fatores para garantir boa qualidade de imagem e uma experiência muito satisfatória.
Embora as opções do Moto Maker, o serviço de personalização da Motorola, ainda não tenham chegado a Portugal a empresa promete ir dando "um cheirinho" do que é possível fazer a este nível e provou-o nesta reedição do Moto X, que chegou às lojas em território nacional com a traseira em bambu, combinada com uma frente branca.
Claro que as opções de cor e materiais são sempre suscetíveis de agradar a uns e desagradar a outros. Pela parte que nos toca gostámos. Embora as variações ao eterno preto comecem a ser a aposta de vários fabricantes, na verdade as alternativas não são assim tantas e esta definitivamente foge ao convencional.
Na placa de bambu está embutida o símbolo da marca e a câmara de 13 megapixéis, outra melhoria em relação à versão de estreia do modelo, mas que definitivamente não é um dos pontos fortes do equipamento, sobretudo na recolha de imagens em situações com pouca luz ou à noite. A par do som, que não é estéreo, a fotografia é um dos pontos a melhorar num próximo Moto X. A este nível vale ainda a pena dizer que o dispositivo permite a gravação em alta e ultra definição - 4k.
Ainda no que se refere ao corpo do smartphone, o Moto X tem um corpo único com uma ranhura no topo para introduzir o nanoSIM e outra na base, para o carregador. Não tem entrada para cartões de memória, outra nota menos positiva. Na versão que experimentámos, já com Android Lollipop, o espaço para armazenamento era de 16 GB, embora a marca também fabrique uma opção com 32 GB.
Uma nota ainda para os 144 gramas que fazem do Moto X um peso pluma, sensivelmente com o mesmo peso do Samsung Galaxy S5, mas mais leve que outros concorrentes do mesmo campeonato, como Xperia Z3 da Sony.
Os dois modelos são aliás também comparáveis com o Moto X na capacidade de processamento (estão equipados com um Snapdragon de quatro núcleos a 2,5 GHz e um GPU Adreno 330) e nas dimensões do ecrã. Já na autonomia da bateria, o menino bonito da Motorola perde para a concorrência (2300 mAh), mas não o vai deixar ficar mal se passar o dia longe de uma tomada, mesmo que tenha de consultar permanentemente o email, ligue o browser umas quantas vezes, ouça música no YouTube enquanto trabalha e ainda usar o tempo passado nos transportes para jogar.
Aplicações na primeira pessoa
Não é um exclusivo do Moto X - no Moto G também existem - mas há um leque de aplicações criadas pela Motorola que vêm instaladas de raiz no smartphone e das quais vale a pena falar. Nem sempre as "customizações" dos fabricantes trazem algum valor real para o utilizador, mas neste campo a Motorola foi feliz e as poucas adições feitas à versão pura do Android fazem sentido. Destaque para o Assist, uma aplicação que facilita a configuração do telemóvel para manifestações mais adequadas a diferentes situações do dia.
Se definir um local como casa, lá o equipamento deixa de tocar quando recebe uma chamada ou mensagem para passar a informá-lo de viva voz dos detalhes das notificações recebidas. Pode atender uma chamada também usando a voz e fazer o mesmo para responder a uma mensagem. Além do modo Casa, através do Assist pode parametrizar o telemóvel para quando está em reunião, a conduzir ou quando vai dormir.
No modo reunião, por exemplo, é possível definir a resposta automática a chamadas (via SMS) ou números prioritários para a receção de chamadas, mesmo quando está ocupado.
Outra aplicação interessante é a que permite a migração de dados de um equipamento antigo para o novo Moto X, ou daí para outro smartphone. Para usar é necessário escolher a plataforma de software usada no modelo de onde quer importar dados (Android, iPhone, por exemplo) e dar início ao processo.
Usar a voz para interagir com o Moto X
Voltando às opções de interação por voz com o Moto X, há mais alguns atributos no equipamento a destacar. A integração de sensores de infravermelhos na frente do modelo permitem configurar algumas ordens gestuais e tornar mais fácil algumas operações sem ter de tocar no telefone e desbloqueá-lo, como sejam desligar uma chamada ou desligar o alarme, passando apenas a mão em cima do ecrã.
Mas é o assistente de navegação do Android (Google Now) a ferramenta de interação "sem toque" que pode assumir um papel mais relevante se pretende uma abordagem mais futurista na utilização do smartphone. Primeira nota: para tirar partido de todas as funcionalidades do assistente tem de alterar o idioma do equipamento de português de Portugal para português do Brasil, já que nem todos os serviços estão acessíveis para o sotaque europeu.
Para personalizar o assistente deve definir uma frase. É uma espécie de senha pessoal que ativa o microfone e "acorda" o equipamento para as ordens que lhe queira transmitir. O procedimento vale mesmo quando o ecrã está bloqueado. A partir daí pode criar notas, definir alarmes, ditar SMS, pedir direções, ou pedir para ouvir músicas no YouTube. Nem sempre será fácil fazer-se entender - já sabemos que o português tem uma sonoridade diferente dos dois lados do atlântico mas é nestas alturas que percebemos quanto. Mas se num ou noutro caso vai duvidar da sua dicção, de um modo geral os resultados são positivos e embora esta possa ainda não ser a nossa primeira opção para interagir com um equipamento móvel é bem possível que num futuro próximo venha a ser, porque a tecnologia promete.
Aspetos a reter
O balanço final do teste é claramente positivo, mesmo tendo culminado com a confirmação de que resistente à água, como a Motorola indica nas características do modelo, não é o mesmo que à prova de água ( já sabíamos que não era e num acidente com uma quantidade considerável de água a diferença torna-se bem clara, acredite).
É justo dizer que o Moto X não é apenas um dos smartphones Android mais bonitos e elegantes da "coleção" de 2014 - e mesmo depois das novidades do Mobile World Congress continua bem posicionado para 2015 - como é também um dos mais bem conseguidos. A Motorola jogou bem nas opções combinadas para esta segunda geração do modelo - com algumas exceções, que já referimos.
A autonomia do modelo é suficiente para passar um dia tranquilo, a performance não desilude e mesmo com jogos mais exigentes não há soluços. Integra (ou pelo menos já suporta) a mais recente geração do Android.
Para quem prefere comprar equipamentos livres das configurações dos operadores, os 499€ a que já consegue encontrar o modelo em alguns retalhistas posicionam-no como uma opção mais atrativa do que outros concorrentes no mesmo patamar. A comparação segue menos favorável se analisar as ofertas disponíveis nas redes dos operadores, onde os preços tendem a baixar ligeiramente e onde a Motorola não está.
Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico
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