Para quem já tinha testado o Nokia N9, a experimentação do Lumia 800, o primeiro modelo da Nokia com Windows Phone a chegar às lojas, tornou-se quando um desafio de “descubra as diferenças”. Quase igual ao modelo que estreou de forma única o sistema operativo Meego, as principais distinções fixam-se mesmo por dentro, no sistema operativo e na usabilidade made by Microsoft.
E são estas que abrem novas possibilidade a quem tinha gostado do hardware do Nokia N9 mas quer um smartphone que possa continuar a evoluir. Até porque devem ser poucos os utilizadores que têm fetiches por peças de museu, algo em que o N9 acaba inevitavelmente por se transformar pelo desinvestimento na plataforma que não garante a criação de novas aplicações, melhoria de interfaces e até mesmo correção de bugs.
Mas este é um problema que “não assiste” ao Lumia 800, o primeiro de muitos smartphones com Windows Phone que a Microsoft promete lançar este ano, e que em Portugal já tem um “irmão mais novo”. O Lumia 710, chegou às lojas a 1 de Fevereiro, mas que globalmente conta já com uma família mais alargada, com o topo de gama Lumia 900, com 4G, já prometido para a Europa, e o recém anunciado Lumia 610, ainda mais barato do que o 710.
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Quando colocados lado a lado, desligados, há pouca coisa a diferenciar o Lumia 800 do Nokia N9. O material do chassi é o mesmo, o ecrã AMOLED ligeiramente curvo muito semelhante, e as dimensões externas iguais.
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Só o logótipo do Windows e os símbolos de pesquisa e regresso à página/aplicação anterior marcam a diferença na face frontal, fazendo “encolher” um pouco a dimensão total do ecrã, que passa a 3,7 polegadas em vez de 3,9. De lado há mais uma diferença a marcar lugar: um bem-vindo botão para a câmara fotográfica, que não existia no N9, mais abaixo dos botões físicos para controle do volume e ligar e desligar o telemóvel.
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No topo do telefone conte com a mesma porta de acesso ao microUSB (aparentemente frágil mas que mesmo forçada não cede) que permite carregar a bateria e sincronizar o smartphone com o computador, e ainda o slot para colocação do mini SIM que tem de pedir à operadora móvel se ainda tem um cartão tradicional.
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Por dentro o hardware tem algumas diferenças, desde o processador (que no caso do Lumia é um Qualcomm MSM8255 a 1,4 GHz e no N9 é um ARM Cortex-A8 a 1 GHz), à perda de memória RAM - 512MB em vez de 1GB – e menos armazenamento – só há modelos de 16GB em vez de 64GB. Outra “falta” fácil de explicar é a ausência do NFC, que ainda não é suportado pelo Windows Phone, nem na nova versão 7.5, mas que a Microsoft já prometeu para o Windows 8.
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Como já tínhamos referido, é no sistema operativo que se notam as principais diferenças. Não que seja para pior. O MeeGo do N9 revelou-se surpreendentemente fluído e agradável de usar, e o Windows Phone 7.5 não é uma alteração desagradável, mesmo que seja difícil adaptar a vista aos quadrados (tiles) que em algumas cores parecem um interface destinado a utilizadores com necessidades especiais (leia-se baixa visão).
Mas depois de algumas horas de adaptação, até o verde mais vivo passa a parecer normal, e com a personalização fácil dos tiles torna-se mais rápido encontrar as aplicações preferidas e até os contactos das pessoas ou dos grupos mais importantes na lista telefónica
E pode sempre recorrer à lista de funcionalidades e aplicações, embora com a adição de mais apps se possa tornar demasiado longa…
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Vale a pena fazer aqui uma nota em relação ao Windows Phone 7.5 que é estreado em Portugal com este modelo da Nokia e que põe (finalmente) à disposição dos utilizadores portugueses o leque completo de funcionalidades do sistema operativo móvel da Microsoft, com o acesso à pesquisa do Bing, à loja de aplicações e aos jogos do Xbox.
O Mango tem por isso um sabor mais doce em Portugal, também para os developers, uma comunidade na qual a Microsoft está a apostar fortemente com iniciativas criativas, como o App Me Up, que poderá vir a ser replicada a nível internacional. Várias aplicações “made in” Portugal estão já disponíveis e algumas estão pré-instaldas nestes smartphones em exclusivo, como o TeK já deu conta.
Mas por detrás de uma face positiva, há também aspetos menos favoráveis a apontar ao Lumia 800, e a bateria é um deles. É difícil justificar a necessidade de recarregar a bateria todos os dias, e há algumas funcionalidades que são verdadeiros “sorvedouros” de energia e que podem causar o “crime final” nestes equipamentos: levar o smartphone a desligar-se, deixando o utilizador sem acesso a contactos, email e telefone. O que é ainda mais grave se não houver uma forma de recarregar rapidamente a bateria.
A câmara fotográfica é a principal causadora deste “crime”, e fui vítima dessa experiência quando a meio de uma conferência de imprensa depois de duas flashadas o telefone “morreu”. Não foi agradável, até porque estava a usar o Lumia para escrever a notícia relacionada…
Alguma investigação subsequente mostrou que a Nokia tem consciência do problema e avisa os utilizadores para fecharem imediatamente a aplicação da câmara assim que tirarem as fotografias (que pela amostra não podem ser muitas se a bateria já estiver com um nível baixo de carga). O que também mostra que tenho de colocar na lista de prioridades a leitura mais intensa dos manuais de utilizador antes de partir para o terreno com os equipamentos…
Foi também pela leitura do manual que consegui ultrapassar uma dúvida sistemática: como fechar aplicações que estão a correr em background – em favor mais uma vez da poupança de bateria. A Microsoft garante que esta versão do Windows Phone elimina a necessidade de fechar manualmente as aplicações, porque quando mudamos para outra ferramenta ou funcionalidade esta deixa de “correr” embora seja guardada em background, sem reduzir a autonomia da bateria. Mas nunca fiando…
O truque para quem quer mesmo fechar as aplicações que não está a usar é fácil – depois de o ler no manual – é só fazer uma utilização mais intensiva do botão de “back” que está na parte frontal do ecrã, se carregar nele durante algum tempo o sistema mostra todas as aplicações abertas. E depois é só selecionar a que quer encerrar e carregar no tal botão de back até que esta encerre.
Entre as funcionalidades mais interessantes do telefone está também o Nokia Drive, que transforma um smartphone num guia/navegador de trazer no bolso e que cobre um número elevado de países – 90 – com base em software Navteq e dispensa a ligação Internet para muitas das pesquisas e indicações, poupando o plafond de dados!
Somando todas as partes, a análise positiva que fiz ao Nokia N9 foi um bom ponto de partida para gostar do Lumia 800, que mantém a mesma elegância e sobriedade, e até para me habituar mais rapidamente ao Windows Phone. Já tinha dito antes ( numa análise a um dos primeiros telemóveis ainda com Windows Phone 7) que primeiro se estranha, mas depois até se entranha, como explicaria o poeta. Com a vantagem imbatível – face ao MeeGo – de ter um número crescente de aplicações disponível, que já ultrapassa as 60 mil, e uma evolução garantida.
Por último a “ficha” dos custos: O Lumia 800 custa 549 euros livre de operador, mas a TMN, Vodafone e Optimus têm campanhas especiais para quem quiser aderir a planos de dados, que podem baixar o preço inicial para 180 euros. É só escolher.
Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico
Nota da Redação: Foi corrigida uma gralha e esclarecida a diferença entre os processadores.
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