Este ano em vez de termos a possibilidade de experimentar o novo smartphone da linha P da Huawei num evento reservado a alguns jornalistas tivemos apenas acesso a um briefing através do Zoom, onde foram apresentadas as principais novidades, todas secretas até hoje, quando Richard Yu subiu a palco para apresentar o P40 e mais alguns gadgets. Mas também já experimentámos o Huawei P40 Pro, que nos foi entregue ontem de manhã com todas as cautelas que as precauções de contágio do COVID-19 exigem. Depois da “desinfeção” começámos a usar o novo smartphone, e mesmo com pouco mais de 24 horas de utilização conseguimos comprovar algumas das novidades, apesar de ser necessário algum tempo adicional para testes de bateria e uma exploração mais profunda da fotografia.
Mais uma vez, e sem novidade, a Huawei aposta forte na fotografia, onde a empresa tem colocado todas as “fichas”, respondendo também àquilo que é uma tendência dos utilizadores, que procuram cada vez mais as funcionalidades avançadas das câmaras para dar novo brilho às imagens que captam e que partilham nas redes sociais. A parceria com a Leica continua, assim como o aperfeiçoamento da forma como a inteligência artificial ajuda a captar as fotos e a corrigir a qualidade, estabilização e côr. O resultado é impressionante, pelo menos nas (ainda curtas) possibilidades em que testámos a câmara, com a ajuda de uma taça de pipocas doces.
Em termos de design confirma-se o que já se sabia: a Huawei continua a colocar os sensores fotográficos traseiros no topo à esquerda, depois da “mudança” do Mate 30 que optou pelo arranjo em círculo no meio do painel traseiro, e mantém assim a linha que tinha definido no P20 e P30. O que muda é a qualidade dos sensores, agora ainda maior com o Sensor Ultra Vision, zoom ótico de 5x e focagem mais rápida mesmo com pouca luz.
Design e utilização à altura dos mais exigentes
O smartphone é elegante, confortável de utilizar, e o ecrã, curvo nos quatro lados, que a Huawei chama Overflow Display, dá-lhe um ar de ainda mais qualidade. No P40 Pro o ecrã é de 6,58 polegadas, com rácio 19,8:9 que parece não ser bem “entendido” por algumas aplicações que usámos mas que precisa ainda de confirmação.
O acabamento do modelo que recebemos para testar é o Preto, mas também está disponível em Portugal em cinzento. É brilhante e atrai muitas dedadas, embora a Huawei tenha desenvolvido uma versão em cerâmica, branco e preto, mas que só vai estar disponível no P40 Pro+, que chega ao mercado em junho.
Na parte frontal a câmara fotográfica, o sensor e o LED voltam a estar à esquerda, abandonando a opção no centro que tinha sido tomada no P30.
A nível de desempenho nada a apontar. É rápido, muito rápido, mas a verdade é que não sentimos isso na utilização normal, face ao P30 ou mesmo ao Mate 20 Pro.
O novo processador Kirin 990 5G que integra os novos P40 é o primeiro SoC 5G de 7 nanómetros desenvolvido pela Huawei, e a empresa diz que tem uma melhoria de 23% na performance do CPU, 39% no GPU e 460% no NPU.
Também a eficiência energética foi melhorada, e isso reflete-se na duração da bateria. No caso do P40 Pro a opção é de 4.200 mAh com carregamento em modo super rápido de 40 W. A verdde é que quando o tirámos da caixa e ligámos tinha cerca de 50% de bateria, e ao fim de um dia de utilização, algumas horas mais intensas, ronda neste momento os 35%, e por isso ainda não sentimos necessidade de o recarregar.
O sensor de impressão digital foi igualmente melhorado, e mantém a posição sob o ecrã, numa zona central, mas tem agora uma área de “leitura” mais alargada, e é mais rápido. A Huawei diz que aumentou a área do sensor de impressão digital em 30% e é também 30% mais rápido.
Fotografia em grande plano
A fotografia é sem dúvida o principal destaque e é pena que não tivéssemos o tempo suficiente para a explorar mais. A utilização do Sensor Ultra Vision garante mais entrada de luz, HDR e menos ruído de imagem. Combinado com o motor de Inteligência Artificial AI Image Engine, a correção e escolha da melhor foto é permanente, com a adição da “super resolução” que permite aumentar a resolução de uma fotografia que já foi captada.
O Huawei P40 Pro tem um sistema de quatro câmaras Leica, com uma grande angular de 50 MP Ultra Vision, sensor RYYB e abertura de 1.9f, com estabilizador OIS, sendo completada com uma lente cinemática de 40 MP, uma periscópica de 12 MP com zoom 5X ótico e uma lente TOF.
A câmara frontal, cada vez mais importante para as selfies e as videochamadas, tem um sensor de 32 MP com foco automático, efeito bokeh e suporte para vídeo 4K. E também os efeitos de realidade aumentada que têm tornado virais em muitas videochamadas. Pode escolher entre diferentes “cabeças”, que refletem os movimentos do utilizador e da boca, assim como o piscar de olhos, de forma rápida e fiel.
Nas fotos que fizemos não conseguimos “contratar” modelos vivos e por isso optámos por uma taça de pipocas doces, que ficou mais vazia à medida que a “sessão” fotográfica decorria.
Mas a fotografia, tal como a bateria, são sem dúvida duas das áreas que queremos explorar melhor nos próximos dias, mesmo com as limitações da quarentena que não permitem grandes mudanças de cenário.
Um Android com tudo, menos os Google Mobile Services
O "calcanhar de Aquiles" do Huawei P40 Pro é mesmo a falta de Google Mobile Services. Como temos vindo a escrever, a limitação do bloqueio económico dos Estados Unidos, que impede a utilização dos serviços da Google, tem vindo a ser atenuada, mas ainda é um entrave para a maioria dos utilizadores. O P40 Pro traz já o EMUI 10.1, que vai ter novidades de videoconferência com o MeeTime, um serviço que a Huawei está a alargar globalmente, mas que ainda não vai chegar agora a Portugal.
O primeiro passo da configuração, com o Phone Clone, permite importar configurações, aplicações e dados de outros telefone. A Huawei tem continuado a afinar este processo e é cada vez mais prático e rápido e faz a migrar todas as aplicações que tem noutro telefone, Android ou iOS, mas isso não quer dizer que as consiga usar por causa da falta dos Google Mobile Services. Há várias formas de contornar esta limitação e instalar os serviços da Google, e vai encontrar vários esquemas e truques em muitos blogs, mas é preciso ter em conta que nem todas as pessoas vão conseguir fazer esta instalação, e que é sempre uma solução a prazo. Aliás, nas últimas semanas uma das soluções que existia começou a ser bloqueada com avisos do Google Play Protect que assustaram vários utilizadores. Já há uma forma de resolver, mas mais uma vez será provisória.
Infelizmente, mesmo a importação de apps é provisória. As que são carregadas com o Phone Clone e não estão na loja de aplicações da Huawei depois não são atualizadas. Mesmo na curta experiência que fizemos foi fácil perceber que algumas das apps que usamos normalmente, e que foram importadas, não podem ainda ser usadas nos novos smartphones da Huawei.
A boa notícia é que o número de aplicações na app store da Huawei – a AppGallery – continua a crescer, e que a empresa está a investir fortemente neste processo, como temos noticiado. Mesmo nas apps portuguesas já se encontram as mais populares, e as aplicações do SAPO também já estão na loja.
Está também a ser preparada uma nova ferramenta, a App Search, que já está a ser testada em alguns países e que vai direcionar os utilizadores para APKs de instalação de aplicações quando estas não existem na loja da marca. A somar a isto, a Huawei montou um processo de apoio para os clientes, que testou com o Mate 30, e que chama VIP Service, para ajudar de forma muito personalizada neste processo de encontrar e instalar as suas aplicações preferidas.
Um excelente smartphone, com um ecossistema de software que ainda precisa de evoluir
Mesmo com uma experiência curta a conclusão é que o Huawei P40 Pro é um concorrente sério de outros topos de gama no mercado, como o Samsung S20 ou o iPhone 11, mas quem o comprar tem de perceber claramente que vai ter de abdicar de algumas aplicações durante a sua utilização. E por isso é uma questão de colocar os pros e contras na balança e perceber o que pesa mais.
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