
As trotinetes elétricas têm evoluído para se tornarem um veículo da chamada “última milha”, úteis nas deslocações entre os transportes públicos principais ou quando se estaciona longe dos locais onde é preciso ir. Há sempre a hipótese de alugar uma trotinete no local e poupar tempo na deslocação, mas nos circuitos diários há que pensar se recompensa mais somar o pagamento dos serviços ou investir num modelo próprio.
A NIU é uma fabricante de trotinetes que chegou recentemente a Portugal, com um catálogo variado para diferentes necessidades e qualidade de materiais, com ambição de ver os seus modelos adotados para além do entretenimento. Foi nesse sentido que o modelo enviado para teste, o KQi 300x tenha como objetivo os percursos mais confortáveis entre pequenas deslocações.
Veja na galeria imagens da trotinete:
Não faria sentido apenas andar com a trotinete aos círculos pelos jardins ou trajetos delineados para este tipo de veículos, mas sim fazer um teste completo, de quem precisa realmente de fechar distâncias entre pequenas deslocações para os transportes e ganhar tempo no processo. Para o meu trajeto para a redação, sou obrigado a apanhar um autocarro de casa para o comboio, numa viagem que não demora mais que 15 minutos, mas que a sua espera pode prolongar-se para mais do dobro. Com a trotinete, fui direito ao comboio, sem as voltas do autocarro e em pouco menos de 10 minutos estava no destino, sem depender de transportes.
Depois da viagem de comboio, da estação à redação é necessário percorrer uma pequena estrada, que foi reduzida a um par de minutos montado no veículo. Foi realmente um complemento útil e rápido, comprovando-se as vantagens deste tipo de veículos práticos.

Mas nem tudo foi positivo nesta deslocação. A trotinete pesa 22 quilos (incluindo a bateria), o que se torna um peso elevado para quem necessita de levantar para subir e descer escadas, além de a colocar dentro do comboio, como foram situações da minha experiência. A fabricante tem modelos com materiais em fibra de carbono, mais leves, mas a um preço superior a esta versão.
Por outro lado, mesmo não sendo o modelo mais pequeno do mercado, é bastante robusto e confortável na base (coberta por uma camada de borracha) onde se coloca os pés. A sua base é tão larga, que praticamente se conseguem meter os pés lado a lado, mesmo não sendo a forma correta de usar o veículo. Para quem necessita de guardar na mala do carro, a fabricante colocou um trinco no eixo do volante para dobrar a trotinete. É um processo que demora poucos segundos tanto a fechar como abrir e o trinco é bastante resistente, usando uma patilha para o desbloquear facilmente.
Veja fotografias da utilização da trotinete:
A construção sólida do modelo confere o pelo limite pela fabricante de 120 quilos, mas o teste foi feito com um pouco mais de peso e em situação nenhuma a trotinete se “queixou”. A velocidade máxima de 25 km/h imposta pela lei é rapidamente atingida pelo acelerador junto ao punho. E nas subidas, mesmo diminuindo a velocidade, nunca me deixou “apeado”. A fabricante garante a capacidade de subir inclinações até 25%, mas aqui a performance é obviamente ditada pelo peso do condutor.
Motor potente e autonomia para 60 quilómetros
A KQi 300X tem um motor de 500 W e potência máxima de 1.000 W, superior à versão 300P da família, com 450/900 W. A bateria do modelo testado é de 608 Wh, face aos 486 Wh da outra versão. E com a carga completa, a trotineta circula a uma capacidade de 60 quilómetros. É um modelo que durante as semanas de teste raramente obrigou à carga completa, podendo ser carregada mais rapidamente aos bocados. Mas demonstrou sempre estar sempre pronta a circular.
Gostei particularmente da força da trotinete, sendo possível definir a velocidade mínima para ativar a aceleração. Ou seja, dar uns poucos de passos para ganhar equilíbrio antes de poder acelerar, o que acaba por ser uma segurança em caso de ativação sem querer.
O que torna a trotinete confortável de conduzir é a sua suspensão hidráulica na parte da frente, que amortiza as irregularidades do terreno ou os empedrados, assim como quando é necessário subir pequenas saliências. A NIU diz que as suspensões foram construídas com alumínio de nível aeroespacial para todo-o-terreno, ajudando a melhorar o controlo da trotinete. A absorção dos choques garante que tanto as pernas, como as mãos, cheguem ao destino sem estarem a tremer do impacto com o solo.

Quanto às rodas, estes são pneus de 10,5 polegadas, que ajudam a estabilizar o veículo e a ultrapassar os pequenos obstáculos com mais equilíbrio. Notei ainda que se agarram bem ao solo, mesmo no esforço das subidas. Estes têm um pipo semelhante a um automóvel ou motociclo, fácil de encher numa bomba de serviço, caso seja necessário.
Os travões são de disco, tanto à frente, como atrás. Para a velocidade máxima que a trotinete consegue, estes travam de forma progressiva e não muito brusca. Isto evita que o condutor tenha surpresas de ser arremessado para a frente numa situação de “travão a fundo”. De salientar ainda que os travões têm sistema regenerativo na parte traseira, pelo que ao travar converte parte da energia para a bateria da trotinete.
De salientar que a trotinete tem certificação IP55, significando que registe a pó e pequenos jatos de água, permitindo utilizá-la mesmo em ambientes de inverno, à chuva. A capa de borracha da base protege dos pés sujos e molhados e a entrada de carregamento, que se encontra na parte dianteira, está protegida por uma tampa de borracha que tapa o conector. Ambas as rodas têm pequenos guarda-lamas, evitando salpicos para os pés, embora seja impossível acabar uma viagem de forma geral sem ficar um pouco sujo nas áreas dos tornozelos.
“Computador de bordo” através de app para smartphone
O volante deste modelo é estreito, tem um sistema de sinalização de mudança de direção (piscas) com botões perto do manípulo direito, que pela minha experiência não é muito funcional, pelo menos até se ganhar hábito, uma vez que a mão além de acelerar, ainda tem de chegar com o polegar a estes botões.
Para maiores distâncias, o modelo tem ainda um sistema de cruise control que pode ativar na aplicação, que permite ao sistema manter a aceleração caso mantenha a velocidade por alguns segundos (ouve-se um pequeno apito a avisar que entrou em aceleração automática). Basta voltar a acelerar ou travar para a trotinete desativar este sistema.

Ainda no que diz respeito ao volante, no lado esquerdo tem uma pequena campainha, que é bastante frágil e pouco eficiente, pelo que deve trocar rapidamente por outra mais eficaz. E no centro conta com um painel digital (com informações como a velocidade, nível de autonomia e indicador de emparelhamento do Bluetooth) e um botão de energia. Na frente tem ainda um anel LED que pode acender de noite, com um duplo clique no botão de energia. Este ilumina bem a parte da frente, mas é ajudado por vários refletores espalhados pela trotinete, que juntamente com a luz vermelha traseira de presença (e de travagem) ajudam a ser vistos por condutores de automóveis quando circula nas vias de trânsito.
A aplicação para o smartphone desbloqueia algumas funcionalidades bastante úteis para personalizar a utilização da trotinete. Esta permite ver rapidamente o nível da bateria em percentagem (na trotinete apenas tem tracinhos) e quantos quilómetros restam de autonomia. Pode ainda alternar entre quatro modos, entre um que poupa energia (mas limita a velocidade a 15 km/h), o modo sport que liberta toda a potência do veículo. Há ainda o modo dinâmico e pedestre quando está a andar no meio de locais com bastante gente, ajudando a fazer as manobras e limitando a velocidade ao mínimo.
Existem algumas estatísticas que pode consultar na aplicação, tais como distâncias percorridas e o tempo, assim como a percentagem de energia consumida. Infelizmente a trotinete não tem GPS própria, utilizando os mapas nativos do sistema operativo do telefone. Supostamente a aplicação traça as todas percorridas, mas na minha experiência, o mapa apenas dá a localização do veículo, o que é desapontante.
Pode definir a força do travão regenerativo, entre fraco, médio e forte, que confere mais potencia ao motor na aceleração quando se trava. Pode definir a velocidade com que começa a aceleração ou desativar por completo esta funcionalidade (que não recomendamos). Tal como já acontece com muitos smartphones e outros equipamentos, pode limitar a carga máxima durante o carregamento (entre 80% a 100%) para poupar o esforço da bateria e ajudar a prolongar o seu tempo de vida.

Por fim, pode definir se quer que o sistema Auto Cruise seja ativo durante as viagens. Assim como o sistema Quick Lock, que tranca o sistema de segurança da trotinete. Se ligar esta opção, vai precisar sempre de desbloquear o veículo através da app. Ainda assim, a falta de um rastreador no veículo impede de a deixar ao abandono, mesmo por breves instantes.
Durante o teste, por vezes a aplicação não comunicava com o sistema da trotinete, mesmo quando informava que estava emparelhada. Uma simples mudança de milhas para quilómetros não assumia, embora seja algo que possa ser corrigido por atualização de firmware. Seria bom que a fabricante investisse mais na aplicação, adicionasse mais informações e funcionalidades interessantes para que utiliza a trotinete no seu dia-a-dia. Um histórico organizado, com os mapas bem registados seria interessante.
De um modo geral, a experiência em cenário real das “milhas finais” foi bastante positiva, mostrando a utilidade de uma trotinete, neste caso, num modelo bastante robusto e confortável, rápido e com excelente autonomia. Pena que seja bem pesada, o que dificulta o seu transporte em escadas ou a colocá-la na mala do automóvel, mas é algo que rapidamente esquecemos na excelente sensação de passeio.
Este modelo custa 699 euros e ainda tem alguns acessórios oficiais para completar a experiência, como o capacete e suportes para o smartphone no guiador. A trotinete é acompanhada por um carregador de corrente, um pequeno “tijolo” que não é muito pesado e pode ser transportado facilmente numa mochila.
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