Os gadgets tornaram-se nas testemunhas desta década. Apesar do caso que opôs o FBI à Apple ter popularizado a questão filosófica que se tem mantido em torno da cedência de dados às autoridades, essa não foi a única ocasião em que as tecnológicas se insurgiram contra requisições submetidas por forças de segurança ou agências governamentais.
Esta semana fez surgir mais um desses casos.
Decorrendo da investigação despoletada ao assassinato de Victor Collins, no estado norte-americano do Arkansas, a polícia de Bentonville emitiu um mandato de cedência de informações para a Amazon por conta de um Echo que se encontrava ligado no local do crime: a casa do suspeito, James Andrew Bates.
A coluna de assistência doméstica da Amazon é um aparelho que existe para responder de forma contextualizada aos comandos de voz do utilizador. Para ouvir o que a rodeia, a coluna não precisa de ser accionada por qualquer botão. A audição passiva permite-lhe estar sempre alerta e é exatamente isso que está a despertar o interesse da polícia. Tendo em conta que o homicídio aconteceu na residência de Bates, as autoridades exigem agora à Amazon que entregue todos os ficheiros de som carregados nos servidores da empresa pela coluna do arguido.
A retalhista norte-americana recusou, mas um número de outros aparelhos IoT permitiram à polícia aferir outros detalhes que podem ser importantes na resolução do crime.
Um medidor de água, por exemplo, registou a utilização de 530 litros de água entre a 1h00 e as 3h00 da manhã na noite em que Collins foi encontrado morto no jacuzzi de James Bates. O cruzamento destes números com uma análise conduzida ao local do crime por uma equipa de peritos mostra que a água foi utilizada para eliminar provas. No entanto, à sombra do iPhone que inflamou a discussão em torno da cooperação entre tecnológicas e autoridades, surge uma questão que agora se expande para além dos limites de um smartphone: deve a informação registada por aparelhos de IoT servir como prova de acusação contra o seu detentor?
O advogado de defesa de Bates diz que não, mas ficou provado, no passado, que o Estado norte-americano não partilha desta opinião.
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