Há cerca de um ano o relatório produzido por Mario Draghi para a Comissão Europeia apontava uma série de fatores que colocavam a economia europeia em risco, com foco também na área das telecomunicações. Hoje, Juan Olivera, CEO da Ericsson Portugal, defendeu que pouco mudou no último ano e que o "sector das telecomunicações continua em situação difícil".

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Na sessão de abertura do Ericsson Live 2025, que decorre hoje em Lisboa, o executivo da Ericsson Portugal sublinha que o principal problema é o ritmo a que estamos a caminhar, uma visão que foi também realçada pelo presidente da Apritel, Antonio Coimbra, que diz que se a Europa quer liderar face aos Estados Unidos e à China "é preciso ter uma nova atitude e políticas públicas que apostem claramente na sustentabilidade do sector".

Apesar dos avanços no 5G, a Europa não está a conseguir avançar no 5G standalone, que é essencial para aplicações mission critical, e o mercado continua altamente fragmentado.

É também uma questão de soberania digital, como destaca Juan Olivera. "Os serviços críticos precisam de redes resilientes, soberanas, mais eficientes e mais seguras [...] aqui estamos francamente mal, desculpem a negatividade, mas é a realidade", afirmou na sua apresentação. Para o executivo, a Europa tem de "dominar o seu futuro digital", e proteger a soberania, para proteger também a competitividade das empresas.

Ainda na sessão de abertura, António Coimbra, presidente da Apritel, apresentou também um retrato do sector. "Gostava de ser mais optimista, mas não há muito optimismo", explicou.

Para António Coimbra, que já liderou a Vodafone em Portugal e a operação em Espanha, a sustentabilidade do sector das telecomunicações está claramente em risco, e os dados do investimento nos últimos 15 anos, e da rentabilidade, foram partilhados num retrato que mostra que o retorno do capital aplicado (ROCE) está abaixo do custo médio do capital (WACC). "Os investidores começam a fugir para outros lados", explica.

António Coimbra alinhou algumas medidas a tomar que são importantes para o sector, a começar pela renovação das licenças de espectro sem custos, por um período de 20 anos. "Há licenças de espectro que expiram em 2027 e 2033 e não sabemos o que vai acontecer, se vão ser aprovadas, se têm custos, se vai haver leilão [...] sabemos que a Anacom está a trabalhar e o Governo também", mas não se sabe como. "Isto não se pode verificar tem de se renovar as licenças num período alargado", defende.

Na lista de medidas sugeridas estão também a simplificação do roll-out das redes e das intervenções de reparação e manutenção, a redução das taxas de espectro para valores alinhados com a média europeia e a revisão das taxas de atividade do regulador, tudo temas que o sector das telecomunicações tem vindo a reivindicar nos últimos anos.

O presidente da Apritel lembra que se a Europa quer liderar face aos Estados Unidos e à China "é preciso ter uma nova atitude e políticas públicas que apostem claramente na sustentabilidade do sector".

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