O ensino a distância foi a solução encontrada em plena pandemia na área da educação o que obriga, de forma inevitável, ao acesso a equipamentos e à Internet. Em mais uma conferência do ciclo "Parar para Pensar", que une o Expresso à DECO Proteste, foram debatidos os desafios deste método, tanto passados como futuros. Algo com que todos os especialistas concordaram foi que a tecnologia é apenas uma parte do modelo, sendo necessários investimentos e esforços conjuntos de vários setores.

No evento online, David Justino, antigo ministro da Educação, destacou algumas fraquezas no sistema educativo. "Pouco investimento na formação de professores para se adaptarem ao ensino a distância, incapacidade de responder às necessidades dos alunos e das famílias no acesso a recursos digitais e a obsolescência das infraestruturas e equipamentos”, foram as referências feitas pelo também professor catedrático na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade NOVA de Lisboa. "Houve tempo e recursos para fazer melhor”, garantiu.

O ex-ministro da Educação considera que o principal desafio para o próximo ano letivo, e deixando claro que ainda não é possível fazer um balanço do que termina este ano, passa pela recuperação daquilo que poderá ter sido perdido. "Mais do que consolidar é preciso recuperar, porque só consolidamos aquilo que temos", garantiu.

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Já Alexandre Homem Cristo, co-fundador e presidente da QIPP, organização sem fins lucrativos que atua na área da educação, destacou o mérito dos professores “que improvisaram e conseguiram neste contexto adverso manter os seus alunos ligados à escola”. Ainda assim, reconhece as debilidades de sistema educativo e fala num “inquestionável dano na aprendizagem, em todos os alunos mas, em particular, naqueles que já eram os mais frágeis”.

Num debate onde a falta de acesso de equipamentos e da Internet foi mencionada, Nuno Almeida, sales manager da Samsung Ibérica, destacou ganhos claros. "Acredito que a literacia digital de alunos e professores evoluiu mais nos últimos quatro meses do que nos quatro anos anteriores à pandemia", sublinhando o esforço de adaptação e a capacidade de superação de todos.

Uma opinião partilhada por Rita Coelho do Vale, professora de marketing na Católica Lisbon. “Vamos enfrentar vários desafios no próximo ano letivo, mas também estamos mais bem preparados para os enfrentar do que estávamos em março”, considerou.

Na perspetiva do responsável da Samsung, a situação atual que o país e todo mundo enfrenta, veio demonstrar que a digitalização é uma necessidade urgente, apesar da impreparação geral revelada para esta nova realidade. Mas Alexandre Homem Cristo alerta: “A tecnologia não é a solução mágica para os desafios do sistema educativo". O presidente da QIPP recorda que a tecnologia acrescenta valor, se utilizada como um instrumento complementar ao ensino presencial, ou, por exemplo, para um acompanhamento mais individualizado do progresso dos alunos.

Também fazendo referência ao mundo da tecnologia, a comissária do Plano Nacional de Leitura considera que a próxima etapa é pensar que "o próximo desafio é planear um ensino hibrido". Para isso, garante, é necessário "criar todas as condições para que não hajam contradições”, o que “implica necessariamente subir o nível em que estamos”.

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