A iniciativa é dirigida a projetos na fase seed ou startup, que por esta via podem ter acesso a investimento de capital de risco, num máximo de 750 mil euros ou 85% das necessidades totais de fundos. Tecnologias de Informação e de Comunicação, Eletrónica & WEB, Ciências da Vida, Turismo e Recursos Endógenos, Nanotecnologia e Materiais são as áreas elegíveis.
A avaliar os projetos candidatos estará um grupo de peritos nacionais e internacionais, investigadores, business angels. No mesmo grupo integram-se representantes de outras capitais de risco que podem co-investir com a Portugal Ventures (que gere vários fundos de investimento nos projetos escolhidos.
As inscrições terminam no próximo dia 29 de maio e podem ser realizadas a partir do site da Portugal Ventures. Para apoiar a preparação dos projetos existe uma rede com mais de 40 parceiros que dão apoio ao Programa de Ignição, onde se insere a Call.
Garantido o investimento, os projetos apoiados contam ainda com aconselhamento de especialistas que ajudem a orientar estratégias e a estabelecer contactos nos mercados identificados como estratégicos. Em aberto fica também a possibilidade de incubação num dos centros de empreendedorismo português, em São Francisco ou em Boston.
Esta é a 7ª edição da Call For Entrepreneurship. Nas edições anteriores contactaram com a iniciativa 1.600 empreendedores, inseridos nas mais de 500 candidaturas recebidas. Foram investidas 25 startups, que se destacaram pelo potencial de crescimento e capacidade para assumirem destaque a nível mundial, um dos principais critérios de avaliação.
Hoje mostramos-lhe três projetos que passaram por esta oportunidade de acesso a capital e foram bem sucedidas, garantindo condições para concretizar planos de negócios ambiciosos, com forte orientação para o mercado global. GetSocial, Aptoide e Auditmark.
GetSocial: Ferramentas sociais podem ser uma arma de vendas para as lojas online
A GetSocial foi uma das empresas que no final do ano passado garantiu investimento de capital da Portugal Ventures e da Faber Ventures. Os 630 mil euros obtidos por esta via vieram garantir suporte financeiro para um plano a dois anos, concentrado sobretudo no desenvolvimento de um novo produto, que se juntará em breve à oferta que a empresa já disponibiliza.
O primeiro produto lançado pela GetSocial assenta num conjunto de ferramentas sociais que permitem às grandes lojas de comércio eletrónico promoverem as suas ofertas tirando partido da informação e das interações que os clientes vão gerando. Os clientes ficam a saber quais são os produtos mais badalados entre os amigos, ou que amigos já desejaram um ou outro produto, por exemplo.
É uma oferta que já tem alguns clientes (o Clube Fashion é um exemplo), mas que permitiu à startup perceber que não poderia ficar limitada ao mercado das grandes empresas, como definiu originalmente. Neste segmento o ciclo de decisão é longo e a necessidade de customização às necessidades do cliente também é elevada.
Desta aprendizagem nasceram as bases para uma nova oferta, dirigida a PME, formatada como um serviço self service, pronto a usar, e que pode ser utilizado por empresas de todo o mundo, como explica João Romão, CEO. O financiamento recolhido através da Call tem ajudado a GetSocial a prosseguir com o plano e o novo produto, que está já a ser testada em alguns sites e que será lançado em breve.
A nova oferta está direcionada a pequenos e médios operadores, como sites de comércio eletrónico ou de media, e explora aquelas que se revelaram as opções mais utilizadas na ferramenta social lançada primeiro para grandes empresas. "As opções que permitem demonstrar sentimentos (gostar, não gostar, querer…) são as que reúnem maior recetividade dos utilizadores", explica João Romão.
Vai permitir aos sites incorporarem botões que deixam os utilizadores interagir e partilhar sentimentos, informação que é divulgada nas redes sociais para potenciar visualizações e conversa sobre o tema.
João Romão diz que o modelo pode render até 25 vezes mais que um anúncio no Facebook. As empresas ganham ainda instrumentos para auditar os dados gerados pelas interações e perceberem que produtos têm mais impacto, quem vê o seu site e o que quer. Permite "trazer um nível de informação que hoje as marcas não têm" acredita o responsável.
Os mercados alvo desta nova oferta, que estará disponível com planos de preços diferenciados, serão num primeiro momento os Estados Unidos e Reino Unido. Numa fase posterior, a GetSocial também estará de olho em mercados como o Brasil, Espanha ou México. Em Portugal o produto também estará disponível (tal como no resto do mundo, já que a oferta estará online) mas o mercado local não é prioritário. O facto de o cliente português ser ainda muito conservador no consumo online é uma das razões.
Os fundadores da GetSocial também criaram a Wishareit que recebeu várias distinções, mas que acabou por não vingar. Começaram de novo e já conquistaram algumas vitórias com o novo projeto.
Aptoide: a caminho dos 100 milhões de utilizadores
Criado em 2009, o projeto que fez nascer a Aptoide tinha como objetivo desenvolver um mercado aberto de aplicações para Android. Foi fazendo o seu caminho e em 2011 criou uma identidade própria, depois de um spin-off da Caixa Mágica Software.
É hoje a maior plataforma independente de aplicações para o sistema operativo móvel promovido pela Google. Conta quase 6 milhões de utilizadores em todo o mundo e traçou como meta até 2017, alcançar os 100 milhões de utilizadores. A nível global integra 110 mil lojas, onde já foram feitos mais de 750 milhões de downloads.
Uma das conquistas recentes no processo de expansão do negócio foi a assinatura de um contrato na Mongólia, com um operador de telecomunicações local a quem a Aptoide vai fornecer a sua loja de aplicações, plataforma que permite a empresas e programadores distribuírem aplicações Android a partir das suas próprias lojas, garantindo autonomia na gestão dos conteúdos e uma imagem personalizada, por exemplo.
No ano passado a Aptoide recolheu um investimento de 700 mil euros da Portugal Ventures na sequência da participação numa Call. A verba tem sido usada para expandir a equipa e para aumentar a capacidade de presença internacional em Feiras e Eventos, um dos vetores centrais na estratégia de internacionalização da empresa. "Para além do investimento, estar inserido na rede da Portugal Ventures permitiu-nos ter apoio na definição da estratégia e aceder à sua rede de parceiros", acrescenta Paulo Trezentos, CEO da empresa.
A equipa da Aptoide é hoje constituída por 15 pessoas, a maior parte da área de engenheira, uma das vertentes em reforço neste momento. A equipa de marketing também está a ser reforçada.
Uma estrutura maior vai permitir responder melhor ao objetivo de fazer crescer o número de utilizadores da plataforma, uma meta que passa em grande medida pela capacidade de multiplicar parcerias, como a que a empresa fez recentemente na Ásia "incontornável por lá estarem baseados os principais fabricantes e pela dimensão dos mercados", explica Paulo Trezentos. No entanto, outras regiões do globo, como a Europa e os Estados Unidos, também desempenham aí um papel importante. "Neste caso, porque os developers / publishers estão mais centrados nestas geografias", acrescenta o responsável.
Auditmark: trazer os Estados Unidos para o centro do negócio
O grande objetivo estratégico da Auditmark no curto prazo é o mercado norte-americano, onde está concentrado um elevado número de empresas consumidoras do tipo de tecnologias que a empresa tem vindo a desenvolver. Se tudo correr conforme previsto o crescimento este ano pode atingir os 500%, antecipa Pedro Fortuna, CEO da empresa.
Nos EUA a Auditmark quer fornecer a grandes empresas o seu produto mais maduro, o JScrambler, que ainda recentemente ganhou uma nova versão. Procura parcerias mas também está interessada em analisar modelos de licenciamento.
O JScrambler é uma solução que permite tornar indecifrável o código das aplicações protegendo-o de ataques. Na versão mais recente introduziu alterações importantes, como a capacidade de dar às aplicações um papel ativo na proteção contra tentativas de adulteração de código.
Uma nova release, que já está a ser desenhada, voltará a inovar, desta vez introduzindo o suporte à tecnologia Node.js, passando a garantir proteção de apps desenvolvidas nesta tecnologia.
O produto é usado em cerca de 130 países, mas sobretudo na versão cloud, mais direcionada às PME. Há um ano a Auditmark lançou a versão Enterprise do JScrambler, com instalação local no cliente e mais preparada para endereçar regras mais restritivas de segurança, procurando um reforço da presença em grandes empresas. Já conseguiu clientes na Malásia, Índia e China.
O próximo passo na estratégia é "integrar a tecnologia com produtos ou plataformas cloud que beneficiem da tecnologia JScrambler e que possam afirmar a nossa tecnologia como a mais avançada do seu tipo e ao mesmo tempo que nos permitam fechar contratos de grande valor", explica Pedro Fortuna. É nos EUA que a empresa quer concretizar este objetivo em primeiro lugar, agora que conta com o financiamento garantido pela Portugal Ventures.
Os planos de internacionalização estendem-se à nova solução de segurança Active Website Protection, que será lançado até final do ano. O produto, que começou a ser desenvolvido em finais de 2011 e que foi patenteado entretanto pela empresa, é aliás uma das principais motivações do investimento da Portugal Ventures.
"Estamos a explorar a possibilidade de vir a integrar o nosso segundo produto no portfólio de grandes vendors de segurança americanos", sublinha Pedro Fortuna.
A AWP é uma proteção contra fraudes web e ataques para modificação de páginas, como ataques Man-in-the-Browser.
Anualmente, a Portugal Ventures prevê investir cerca de 20 milhões de euros em empresas selecionadas através da Call For Entrepreneurship. Esta iniciativa é a porta de entrada para o Programa de Ignição, liderado pela Portugal Ventures e integrado no programa público de apoio ao empreendedorismo +e+i.
Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico
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