Sistemas operativos Web, sabe o que são? Numa altura em que muito se fala das soluções "na nuvem" e dos programas para alojamento e partilha de documentos que tiram partido do armazenamento Web- dispensando os utilizadores da parafernália de dispositivos físicos destinados a guardar ficheiros - propomos-lhe uma solução ainda mais "ambiciosa". Ou devemos dizer completa?

E se, em vez de recorrer a um serviço online para guardar os ficheiros que produz no seu ambiente de trabalho Windows, Mac ou Linux, optasse por criar, editar ou gerir esses ficheiros directamente num sistema operativo baseado na Web (na "nuvem")? Uma espécie de computador pessoal virtual, ao qual pode aceder em qualquer lado, desde que tenha à mão um equipamento (em alguns casos pode bastar um smartphone) equipado com um browser e ligação à Internet.

A realidade não será desconhecida para muitos, mas ainda não tinha merecido especial atenção da nossa parte. Assim, achámos que valia a pena compilar algumas das ofertas na área e oferecer aos interessados um ponto de partida para escolherem aquela que melhor se adapte às suas necessidades… ou gostos.

Os "Web OS" ou "Webtop" tornam-se particularmente úteis para quem tenha vários computadores, ou viaje muito, e queira manter todas as suas coisas - ficheiros, aplicações, jogos... - num só ambiente online. Só convém não esquecer que essa ligação à Internet é condição essencial ao seu funcionamento e que este sistema operativo Web não substitui (obviamente) a pré-existência de um outro, no computador onde corre o browser.

Começamos a montra de hoje pelo Glide OS 4.0, uma solução que se apresenta especialmente "simpática" no espaço de armazenamento que oferece na sua versão gratuita: 30GB. A característica é importante, se pensarmos que o objectivo é ter tudo na Web, sem ter de recorrer a discos externos. Refira-se também que muitos dos programas sugeridos contam com versões com diferentes capacidades de armazenamento, consoante o utilizador esteja, ou não, disposto a pagar uma subscrição.

O Glide é também "livre de anúncios" e os criadores afirmam que assegura compatibilidade automática de ficheiros e aplicações fornecidas com os vários dispositivos e sistemas operativos (propriamente ditos). Outra das suas particularidades reside no facto de permitir o acesso à mesma "máquina virtual" por até seis contas diferentes, para os vários membros da família, incluindo uma própria para crianças.

[caption]Glide[/caption]

Entre os pontos a favor conta-se ainda a interface simples e registo fácil e rápido, que permite importar automaticamente os contactos do Hotmail e Gmail. Vantagem é também acesso optimizado para smartphones e iPad.

Numa clara alusão à tecnologia que lhe garante a existência, apresentamos o iCloud. Aquela que será talvez uma das soluções mais consensuais da prateleira de hoje não só goza de uma óptima apresentação gráfica (personalizável) como apresenta um vasto leque de aplicações: processador de texto, calendário e agenda, email (com conta própria e compatível com outras), leitor de música, vídeo e rádio, contactos, calculadora, gestor de imagens com partilha integrada, instant messaging e... um browser.

Claro está, encontra-se disponível em modelos pagos e gratuitos, sendo que neste último não é tão generoso no espaço para armazenamento: 3 GB. Nesta versão terá também de suportar os anúncios… mas fica garantido o acesso a partir do telefone. No site do serviço é possível aceder a várias informações sobre como tirar partido da solução, bem como a alguns vídeos - como o que reproduzimos abaixo.

CorneliOS é o nome que se segue. O sistema operativo baseado na Web pode ser usado por vários utilizadores, oferecendo acesso a aplicações e ficheiros em qualquer lugar aos titulares das várias contas associadas.

Entre as particularidades do projecto de código aberto, com licença de livre utilização GPL e compatível com qualquer browser ou sistema operativo nativo, conta-se a disponibilização de uma Framework para desenvolvimento de aplicações Web.

[caption]CorneliOS[/caption]

A utilização é gratuita, podendo apenas os interessados contribuir com doações à comunidade de programadores do projecto, mas implica o download de software, o que, para alguns utilizadores, poderá constituir uma desvantagem.

Na lista segue-se agora uma solução desenvolvida especialmente para netbooks. O Jolicloud, para além da forte orientação para a Net, comum às soluções anteriores, tem a particularidade de ser compatível com quase qualquer tipo de hardware de ligação à Internet: placas 3G, Wi-Fi e Bluetooth.

Encontra-se principalmente vocacionado para as funcionalidades de media social, fornecendo acesso simplificado a serviços como o Facebook e Twitter, Skype, Google Reader, Gmail ou o serviço de troca de mensagens instantâneas Meebo.

Fornece também o acesso integrado à suite de produtividade de código aberto Zoho, com aplicações para processamento, leitura e edição de textos, criação de folhas de cálculo e apresentações.

[caption]Jolicloud[/caption]

eyeOS é outra das soluções que merece uma vista de olhos, desde logo por ser mais uma proposta open source, aberta a utilização tanto por particulares como por organizações - disponibilizando também ferramentas colaborativas.

Com um aspecto que se assemelha ao do sistema operativo próprio dos computadores da Apple, a solução pode ser usada através de uma conta e tirando partido dos servidores do serviço, ou descarregada para um servidor próprio. Entre as 67 aplicações e utilitários encontram-se por exemplo o processador de texto, livro de endereços, leitor de PDF e muitas outras, que resultam da colaboração da comunidade de programadores.

O último apontamento de hoje vai para mais uma solução de código aberto, o Lucid-desktop. Gratuita e com aplicações que passam por gestores de fotografias, leitores de música, editores de texto, calculadora ou jogos, têm ainda a particularidade de permitir o download de novas soluções criadas pela comunidade.

Bem sabemos que a questão do recurso à cloud não é pacífica e muitos argumentam tratar-se de uma decisão pouco segura. A nossa sugestão não passa por abandonar os computadores que temos em casa (ou nas pastas) para colocar toda a dependência em máquinas virtuais. Mas não deixa de ser interessante verificar se são capazes de constituir uma opção útil em caso de necessidade.

Joana Martins Fernandes