Criado na década de 80 pela Psion, o sistema operativo móvel Symbian atravessou cerca de duas décadas até encontrar o momento em que o seu principal apoiante de todos os tempos decidiu abandonar a plataforma. A Nokia deixa este verão de comercializar equipamentos com o sistema operativo, depois de já no final do ano passado ter admitido que o PureView seria o seu último smartphone suportado na plataforma.



Na semana passada o Financial Times voltou à história, para garantir que o fim do Symbian no universo Nokia está eminente. Vai variar de mercado para mercado, em função dos stocks, mas ficará concluído durante a estação, no terceiro trimestre.



A ligação da Nokia ao Symbian foi formalizada em 1998, quando a empresa, juntamente com a Motorola, a Ericsson e a Psion criaram a Symbian. Na plataforma, afirmou-se como o primeiro sistema operativo de relevo para dispositivos móveis inteligentes, mas não resistiu à concorrência e foi perdendo apoios.



Em 2008 a Nokia passou a controlar a empresa na totalidade e anunciou a criação da Fundação Symbian, para fazer da plataforma um projeto open source, um caminho que se pautou por vários avanças e recuos que não garantiram o sucesso desejado. Em 2011, uma nova decisão transferia o negócio para a Accenture, que passou a gerir todas as atividades de desenvolvimento e suporte em redor da plataforma até 2016.



O percurso do Symbian no mercado de telemóveis começou a ser abalado depois do lançamento do iPhone e do iOS e continuou a trajetória descendente com o surgimento e explosão do Android. Em 2007, o sistema operativo assegurava uma quota de mercado de 63,5%, pelas contas da Gartner. Quatro anos mais tarde, em 2011, esta fatia já tinha descido para os 18,7%, enquanto o Android disparava para os 46,5%.



Sem conseguir encontrar um caminho para reagir aos desafios dos novos concorrentes com as armas antigas, a Nokia mudou de estratégia e abraçou o Windows Phone como plataforma de referência para os smartphones, juntando-se a outro gigante à procura de um rumo mais certeiro no mercado móvel, a Microsoft. A parceria afastou ainda mais da ribalta o Symbian, como também significou o fim da linha para outras apostas da Nokia nesta área, exemplo do Meego.



No último trimestre do ano passado a Nokia já só vendeu 2,2 milhões de smartphones com Symbian. No mesmo período já vendia 4,4 milhões de unidades de telemóveis inteligentes com Windows Phone.



Nos três meses terminados em abril, como referia a notícia do FT, o Symbian já só conseguiu uma quota de 1,8% no mercado europeu, contra os 8% do ano anterior. Globalmente as vendas do Symbian representaram só 5% das vendas globais no mercado de smartphones.



A Nokia explica o abandono da plataforma pelos números e revela que leva 22 meses a colocar um smartphone Symbian no mercado. O mesmo processo com o Windows Phone leva menos de um ano.



"Gastamos menos tempo em questões relacionadas com código e mais tempo no aperfeiçoamento de aspetos relacionados com a experiência de utilização como a fotografia, mapas, musica ou aplicações em geral, o que faz uma grande diferença", justifica a empresa em declarações citadas pelo FT.



Numa viagem ao passado hoje recuperamos alguns dos equipamentos que fizeram história na relação que durante vários anos uniu Nokia e Symbian. Tínhamos de começar, claro, pelo Nokia Communicator 9210.



Lançado em 2001, modelo continua a ser um dos equipamentos mais emblemáticos da história da Nokia, que já tinha comercializado duas versões do telefone antes de lhe aplicar o Symbian. Pertence aos idos do 2G e contava com um já (muito) pouco impressionante TFT de quatro mil cores com 640x200 pixeis no ecrã principal. O processador era um ARM 9 a 52 MHz e a RAM de 8 MB.



Mas o que era mesmo impressionante neste modelo, equipado com a versão ^1 6.0 do Symbian, era mesmo o tamanho: 158x56x27 milímetros.

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Pouco tempo depois, em 2002, também tinha suporte Symbian (versão ^1 6.1) o primeiro telemóvel Nokia com uma câmara incorporada. A estreia coube ao Nokia 7650, outro equipamento com processador ARM 9, mas neste caso a 104 MHz, e com uma memória de 4 MB.



Uns anos mais à frente, em 2004, chegaria ao mercado o primeiro telemóvel multimédia da Nokia, um marco na vida da empresa e da plataforma Symbian, mais uma vez. O Nokia 7710 estreia a Series 90 do Symbian, conta com um ecrã LCD de toque com 640x320 pixéis. A memória interna era de 90 MB, disponibilizava uma câmara de 1 MP, Bluetooth e GPRS.



No que se refere às funcionalidades multimédia, o modelo contava com um leitor de música com suporte para os formatos MP3, AAC, RealAudio, MIDI, WAV ou AMR e também suportava vários formatos de gravação vídeo. QCIF, H.263 e Real Video 8 são exemplos.

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Já na era da terceira geração móvel deixamos um destaque para o Nokia N70, utilizador do Symbian ^1 8.1. Com câmara de 2 megapixéis e flash integrado, o equipamento lançado em 2005 também contava com câmara à frente para suporte a novas funcionalidades, como a videoconferência.



Tal como os outros modelos Nokia NSeries, o Nokia N70 integrava um processador ARM9 de 220 MHz. Garantia suporte para jogos java, leitor digital e Bluetooth.

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Fechamos com o equipamento que encerra o reinado do symbian na Nokia, o PureView 800. O principal destaque do modelo é mesmo a câmara, com um sensor de 41 megapixéis. O modelo também dispõe de um processador de 1,3 GHz, ecrã de 4 polegadas, 512 MB de RAM e 16 GB para armazenamento.

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Mas é óbvio que a história da Nokia e do Symbian tem muito mais para contar e no fundo só queríamos ter um pretexto para lançar a discussão partilhe connosco as suas impressões sobre os modelos mais marcantes nesta longa história de vida em comum da fabricante de telemóveis finlandesa e do primeiro grande sistema operativo móvel do mercado. A caixa de comentários está aberta…



Nota de redação: Foi corrigida uma gralha no texto.

Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico