Portugal é um dos países europeus mais vulneráveis à alteração do padrão climático e as taxas de mortalidade têm uma correlação elevada com as temperaturas exteriores, e as pessoas não estão também seguras dentro de casa porque a maioria dos edifícios não cumpre os requisitos mínimos relativos ao conforto térmico.

Existem já dois sistemas de alerta, o Ícaro para as ondas de calor, e o FRIESA para as ondas de frio, com o potencial impacto na mortalidade com base na previsão do tempo, que é atualizado diariamente. Agora o portal criado pelo Instituto Superior Técnico e o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge quer melhorar os atuais modelos de previsão de risco e aumentar a resolução espacial das advertências, disponibilizando informações em tempo real e de alta resolução espacial sobre os riscos à saúde dos ocupantes dos edifícios durante eventos climáticos extremos.

A plataforma CLIMAEXTREMO foi apresentada no final de junho e apresenta dados em tempo real com recurso a modelos de previsão meteorológica e dados de saúde de todos os municípios de Portugal Continental. Junta informação de um modelo que considera as características de construção de mais de 2 milhões de edifícios em todo o país, que tem como propósito prever as temperaturas dentro das habitações.

O mapa está disponível de forma aberta, sinalizando os vários níveis de risco, e o objetivo é que a plataforma possa ser usada pelos cidadãos mas também pela Proteção Civil e os serviços de saúde para sinalizar populações em maior risco, ajudando a desenhar estratégias de intervenção e sinalização das populações mais vulneráveis. "Este portal permite ainda o registo de instituições e organizações, para acesso a informação detalhada de locais pré-selecionados, com o índice de risco, vulnerabilidade e recomendações da Direção-Geral de Saúde", pode ler-se na informação disponibilizada.

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Através de um registo é possível receber um email de aviso caso o nível de alerta seja médio ou elevado. Carlos Santos Silva, professor do Instituto Superior Técnico, investigador do Laboratory of Robotics and Engineering Systems (LARSyS)/Centro de Estudos em Inovação, Tecnologia e Políticas de Desenvolvimento (IN+) e coordenador do projeto, explica que a resolução espacial destes mapas poderá ir, no futuro, ao nível da subsecção estatística que, no caso de uma cidade como Lisboa, representa um conjunto de edifícios.

Clicando no mapa é possível ter indicação do índice de risco, temperatura exterior, temperatura interior e o índice de vulnerabilidade, mas também a algumas recomendações de saúde.

Hoje no mapa estão assinalados com o índice de risco máximo várias zonas do Algarve, como Portimão, Silves, Albufeira, Loulé, Tavira, Mértola, Castro Marim e Alcoutim, mas também o município de Azambuja, perto do Cartaxo. Com nível de risco 2 há muitos municípios sinalizados a laranja, de sul a norte do país, sendo Alfândega da Fé o que está localizado mais a norte.

De notar ainda os níveis de vulnerabilidade da população a eventos climáticos, sendo mais elevados na Asseiceira, em Tomar, Sesimbra, Pinhel, Enxara do Bispo, Lourinhã e Celourico de Basto, algumas das freguesias com nível de vulnerabilidade 24, o máximo da escala.

Pode aceder ao portal Clima Extremo através deste link