Desde a primeira versão do sistema operativo para computadores pessoais MS-DOS, criada nos anos 80, o mundo da tecnologia deu um salto gigantesco, em termos de hardware, software e exigência dos utilizadores.

A mudança para o interface gráfico que deu origem ao Windows, o lançamento de um novo interface de utilizador com o Windos 95 e depois as renovações trazidas pelo Windows XP e o Vista, a última dificilmente "compreendida" pelos utilizadores, estão ainda na memória de muitos que têm gravadas na memória as imagens dos desktops, o som de arranque dos PCs e os temíveis ecrãs azuis que fizeram parte do dia a dia de muitos.

A dois dias da data marcada para a Microsoft lançar a nova versão do seu sistema para computadores pessoais, o Windows 7, e já com o Windows 8 em desenvolvimento, recordamos 7 pecados e 7 virtudes dos sistemas operativos que abriram a janela da esmagadora maioria dos utilizadores para o mundo da informática, da produtividade pessoal, do lazer e da Internet.


7 Pecados

1 - O temível ecrã azul
É cada vez menos frequente, mas que atire a primeira pedra quem nunca perdeu tempo - e trabalho feito - por causa do ecrã que mostrava a mensagem de "erro fatal", obrigando à reinicialização do computador. Conhecido como Blue Screen of Death, este erro não é exclusivo dos sistemas Windows mas ficou famoso sobretudo com as primeiras versões do Windows NT e o Windows Me.

O pior é que este erro não poupava mesmo ninguém, e até o próprio Bill Gates teve de engolir em seco numa apresentação da beta do Windows 98, na Comdex, quando uma tentativa de demonstrar a famosa funcionalidade de Plug and Play deu origem a um Blue Screen.

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2 - Segurança

A utilização massiva em milhares de milhões de computadores, com "operadores" da mais diversa formação informática, cada vez mais ligados em rede, pode ter sido uma das "receitas" que tornou o Windows tão apetecível para hackers e crackers, que exploraram todas as (muitas) falhas do sistema operativo, das aplicações da Microsoft e de parceiros. Resultado: uma sensação concreta de insegurança que por outro lado teve a virtude de ajudar a potenciar o mercado das empresas de consultoria e software anti-virus e de protecção para o computador


3 - Sede de processamento e de memória

O Windows XP e o Windows Vista, com os seus "requisitos básicos" são lembrados como os sistemas operativos mais sedentos de upgrades de hardware, mas quem tem mais experiência lembra-se que não foram os únicos e que, a cada mudança, a principal pergunta era: o que tem de mudar no seu computador para instalar o novo sistema operativo.

4 - Excesso de ambição?
As obrigações de upgrade estão muitas vezes ligadas à ambição de mudar muita coisa e introduzir muitas novidades. Se está a pensar no Vista pode recuar mais um pouco na história e recordar o Windows Me, ou Windows Millennium, o sucessor do Windows 98 que nunca chegou a ser… O sistema operativo foi classificado como um dos mais instáveis e inseguros da Microsoft e houve até quem o chamasse Windows Mistake Edition.
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5- Renovações demasiado rápidas


O mundo acelerou o ritmo, as mudanças aconteceram ao nível do hardware, mas a grande questão que se colocava era se fazia sentido obrigar os utilizadores, e sobretudo as empresas, a actualizarem os seus sistemas de dois em dois anos, com os custos de implementação, sob recarga dos departamentos de TI e formação de utilizadores que isso acarreta. As más-línguas garantiam que só assim se podia fazer avançar o poder "WinTel", uma sigla que combina o quase monopólio do Windows com o quase monopólio da Intel, que juntas impulsionavam o ciclo de renovações tecnológicas.

6 - Retrocompatibilidade não garantida

Este terá sido um dos pecados capitais do Windows Vista que ditou precisamente a sua fraca adopção, sobretudo nas empresas. Com uma mudança significativa de kernel, a Microsoft não fez um trabalho de casa suficientemente extenso para assegurar que as aplicações empresariais continuariam a funcionar no novo sistema operativo. Algo que a empresa parece não estar disposta a repetir…


7 - Má gestão da reputação

Não vale a pena apontar culpas, mas a verdade é que a concorrência da Microsoft conseguiu de forma muito bem sucedida montar uma campanha que ajudou a denegrir a imagem do Windows Vista. Com todas as falhas que lhe são reconhecidas, e algumas das quais já apontámos aqui, o sistema acabou por não ter uma performance tão má, com as correcções que foram sendo feitas. E quem se habituou a usar até acabou por gostar.

Haverá muito quem queira adicionar pecados a esta lista, mas por uma questão de equilíbrio e consistência decidimos manter o "número mágico". Mas, se quiser explorara outros pontos de vista, pode visitar o site da Free Software Foundation criado especialmente para listar os 7 erros que a associação encontra no Windows.


7 Virtudes

Mesmo quem está do lado da concorrência, tem que reconhecer pelo menos algumas das virtudes da Microsoft e do Windows. Reunimos 7.

1 - Ajuda à massificação da informática pessoal
Podia ter sido outro sistema operativo qualquer, mas não foi. De facto foi com o Windows que a grande maioria dos utilizadores tomou contacto pela primeira vez com os computadores pessoais, ou então com o velhinho MS-DOS, para os que já têm mais idade. A facilidade de uso (às vezes… ) e a formação dada ajudaram naturalmente, assim como os acordos com os fabricantes. Mas esta é uma virtude que tem de ser reconhecida.

2 - Larga base de compatibilidade com hardware e software
Esta compatibilidade foi crescendo, mas uma das mais valias reconhecidas nas várias versões do Windows é que logo à partida existiam drivers para tudo e mais alguma coisa que se quisesse ligar ao PC. E se não havia, era fácil de os conseguir, quer através dos CDs ou das velhinhas disquetes de instalação ou mais tarde nos bancos de recursos online.
O mesmo acontecia com o software. Poucas aplicações eram desenvolvidas que não tivessem suporte nativo para o Windows, entre software pago, shareware e freeware, o que garantia a extensão das funcionalidades do sistema operativo para particulares e empresas.

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3 - Máquina de vendas, marketing e formação
Não, não é uma contradição. Já tínhamos dito antes que esta máquina de vendas e marketing falhou com o Windows Vista, não conseguindo pelo menos passar a imagem de sistema perfeito. Mas foi muito bem sucedida com versões anteriores, junto das empresas, dos particulares e de públicos específicos, como alunos e professores, que continuam a ter acesso a versões especiais a preços muito mais baixos.

4 - Apoio a um ecossistema de parceiros global
Não é obrigatório, mas a Microsoft mantém de facto um trabalho de parceria com empresas que desenvolvem hardware e software, apoiando-as, dando acesso a informação privilegiada e a laboratórios de testes a nível local. O TeK já deu conta várias vezes desta realidade que tem ajudado a potenciar as aplicações de diversas empresas portuguesas face à concorrência dos pesos-pesados internacionais, dando-lhe visibilidade e "ferramentas" para concorrer de forma mais justa.
O suporte a várias línguas logo nas primeiras versões das aplicações, e as equipas instaladas em cada país, são mais dois argumentos a adicionar a este ponto.

5 - Funcionalidades acrescentadas
Esta é uma virtude que pode ser vista como um defeito. Por cima do sistema operativo a Microsoft não parou de acrescentar novas aplicações e ferramentas que sem dúvida melhoraram a vida do utilizador final, que tem acesso a mais funcionalidades sem ter que instalar novas aplicações e pagá-las. Mas esta política também prejudicou o negócio de outras empresas. O Windows Media Player, o Messenger, uma versão "light" do gestor de correio Outlook e o browser Internet Explorer são exemplos apontados com frequência, e alguns já sancionados pela Comissão Europeia por isso mesmo.

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6 - Aposta na segurança
Outra aparente inconsistência desta lista, a aposta da Microsoft na segurança é também real. A empresa mantém políticas de actualização e correcção de erros, equipas de análise e prevenção. "Não fizessem código com tantos 'buracos'", seria uma das respostas evidentes dos críticos, mas também já tínhamos referido que o que faz do Windows um sistema tão atraente para os hackers e crackers é precisamente a sua larga utilização. Problemas de popularidade….
Com o Windows 7 a Microsoft também quer reforçar a segurança, tornando o próprio sistema operativo menos vulnerável mas impedindo também falhas de "atenção" dos utilizadores, que são avisados de forma mais insistente sempre que tentam instalar algum programa considerado perigoso, aceder a sites registados como inseguros ou "passar à frente" dos avisos para instalar as actualizações. No entanto, a decisão final cabe ao utilizador, ou ao seu gestor de sistema.


7 - Evolução tecnológica

Mesmo que se diga que algumas das inovações introduzidas pela Microsoft foram copiadas de outros sistemas e de ideias de outros fabricantes, a empresa de Redmond não está "a dormir à sombra dos seus louros" e tem vindo a aperfeiçoar e melhorar o Windows, em áreas que seriam até insuspeitas à partida, como o reconhecimento de voz e reconhecimento de escrita manual em várias línguas.

Esta não é naturalmente uma lista fechada. Como referimos no início haveria mais "pecados" a adicionar, mas também mais virtudes. A caixa de comentário fica livre para que também os leitores possam deixar as suas experiências, opiniões e ideias.