Na história há sempre personalidades transformadoras, cujas ideias ajudam a dar saltos qualitativos na forma como o pensamento é aplicado ou os objectos são utilizados, de preferência para o bem comum. Apesar de recente, a história das Tecnologias da Informação e Comunicação reúne já um conjunto significativo desses visionários que, com maior ou menor impacto, acabaram por ter um impacto significativo na forma como usamos a informática e as telecomunicações, mudando a visão do mundo a contribuindo de forma definitiva para a globalização de conceitos.
Hoje decidimos destacar 6 dessas personalidades. O número é curto, o que torna ainda mais difícil a tarefa de escolher e acabou por fazer centrar a atenção nos últimos vinte anos, deixando de lado os precursores das TI.
Sabemos que fazer listas não é fácil, muito menos quando há que limitar o número de participantes, e conseguir incluir pessoas que reúnam consenso de forma alargada é sempre uma tarefa espinhosa, mas deixamos a caixa de comentários aberta à participação dos leitores para que listem outras personalidades relevantes e comentem as nossas escolhas.
Bill Gates
Começar a lista pelo patrão da Microsoft é mais um dos riscos assumidos nesta retrospectiva. Não faltará quem diga que Bill Gates não inovou com o lançamento do sistema operativo para computadores pessoais, que muitas das ideias foram copiadas de outras aplicações e sistemas, que criou um monopólio, etc, etc. A verdade é que seja de que prisma for que se olhe, a Microsoft e Bill Gates tiveram um papel fundamental na disseminação da informática pessoal no mundo. E continuam a ter.
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Bill Gates e Paul Allen, os dois fundadores da Microsoft, estavam no sítio certo, na hora certa, e souberam aproveitar o potencial que se lhes apresentou, seguindo a direcção do mercado no sentido da informática pessoal, com o crescimento dos PCs numa altura em que o mainframe e a informática empresarial ainda dominavam a atenção das grandes empresas de TI.
E o potencial mantém-se, até porque ainda não foi atingido a nível global a meta de “um computador em cada secretária em cada casa”, embora em grande parte dos países desenvolvidos esta meta já esteja transformada em “um computador, dois portáteis e três netbooks…”
Mesmo com o seu enorme sucesso, Bill Gates e a Microsoft estão longe de ter ganho todas as “guerras” em que entraram. Exemplos flagrantes são os leitores de música online, onde o Zune não consegue ganhar dimensão, e até o software para telemóveis, onde a notoriedade está longe de conseguir acompanhar a do iPhone.
Gordon Moore
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O sucesso do co-fundador da Intel está também intimamente ligado ao desenvolvimento da informática pessoal, e à ligação estreita à Microsoft no que se chamou a parceria “Wintel”, mas a visão de Gordon Moore tem de ser reconhecida, até porque uma das suas “leis”, formulada em 1965, ainda hoje se mantém válida e referenciada no mundo dos semicondutores. Conhecida como a Lei de Moore, esta refere que o número de transístores colocados numa placa de circuitos integrados duplica a cada dois anos, uma das forças motoras do desenvolvimento da electrónica que teve impacto em quase todas as áreas da economia.
Tim Berners-Lee
Sem o engenheiro britânico, a forma como navegamos na Internet poderia ser muito diferente. Enquanto ainda era estudante no CERN, Tim Berners-Lee avançou com um projecto de criação de hipertexto, que ainda hoje é a base das ligações Web assim como as conhecemos, fazendo a passagem entre a Internet como rede de comunicações entre computadores para a ligação entre páginas e sites da World Wide Web. A ligação entre as páginas Web cresceu de forma aritmética e mantém hoje acesa uma das principais fontes de informação e de conhecimento mundiais.
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Curiosamente Tim Berners-Lee acreditava que a Internet devia ser composta só de texto, acreditando que as imagens não fariam sentido nesta equação, uma ideia que viria a ser posta em causa com o desenvolvimento da Internet para caminhos cada vez mais multimédia.
Actualmente Tim Berners-Lee mantém um papel activo em várias organizações ligadas à gestão e controlo da Internet e do seu desenvolvimento, como o World Wide Web Consortium (W3C).
Steve Jobs
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Ainda hoje Steve Jobs é um dos mais carismáticos líderes das TI, com uma capacidade criativa que espalhou muito para além da Apple que fundou nos anos 70 com Steve Wozniak, baseada na ideia do desenvolvimento da computação pessoal onde o interface gráfico tinha um papel fundamental na simplificação do acesso às ferramentas. Depois de ter saído da Apple em 1985, Steve Jobs criou a NeXT, uma empresa que desenvolveu uma plataforma de estações de trabalho focadas no mercado da educação superior e empresas, mas esta acabou por ser comprada pela Apple, trazendo o co-fundador de volta às origens.
A sua visão estendeu-se ao mundo da animação, com a criação da Pixar Animation Studios, mas é na informática que é mais conhecido, tendo a sua presença em apresentações a capacidade de mobilizar os fãs e o valor das acções da Apple. A ele se deve a transformação que as Mac (Macintosh) sofreram nos últimos anos, com a aposta no design e na funcionalidades, desde os iMac aos MacBook, sem desixar de lado outros acessórios como os iPod e o mais recente iPhone.
Linus Torvalds
Na lista dos visionários não podia faltar Linus Torvalds, que deu um impulso fundamental ao desenvolvimento do movimento Linux e de sistemas open source com a criação do kernel do sistema operativo que está na base de centenas de distribuições diferentes.
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O seu contributo continua a ser relevante no desenvolvimento do código base do Linux, assim como na evangelização da comunidade aberta de desenvolvimento, que se revê na iniciativa de Linus e no seu empenho para contribuir de forma muitas vezes desinteressada com o seu capital de conhecimento e tempo de desenvolvimento de código para fazer do Linux um sistema operativo melhor.
Nicholas Negroponte
O seu mérito já era reconhecido a nível da análise académica e científica, mas a proposta do “Computador de 100 dólares”, no projecto One Laptop Per Child desenvolvido no MIT, teve um impacto que ainda está longe de ser avaliado, ao fomentar a criação de pequenos portáteis, de custo mais reduzido, que permitam executar funções básicas de comunicação, produtividade e lazer.
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Apesar de ainda não ter sido atingida a barreira dos 100 dólares e dos computadores não estarem a chegar tão rapidamente quanto desejado às crianças dos países mais pobre, esta ideia teve o mérito de “acender” outros projectos educativos, como o da Intel que perfilhou o português Magalhães, mas levou também as empresas fabricantes de computadores portáteis e desenvolverem modelos low cost, os chamados netbooks, que hoje estão em franca ascensão.
Haveria muito mais nomes a referir e visionários a referenciar, sendo esta lista demasiado curta para que homenagear os que contribuíram de forma mais relevante para a mudança maneira de trabalhar, comunicar e nos divertirmos.
Convidamos por isso todos os leitores a deixarem na caixa de comentários as suas impressões e nomes das personalidades que na sua opinião mais marcaram as TIC nos últimos anos.
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