Os mais recentes números de acessos da aplicação de rastreio da COVID-19, Stayaway Covid dizem que esta foi descarregada 3.166.109 de vezes desde a sua estreia, mas segundo avançou o coordenador do projeto, Rui Oliveira da INESC TEC à TSF, apenas um terço se encontra atualmente ativo e a contactar diretamente com os seus servidores. Os números oficiais demonstram que as pessoas estão cada vez menos a utilizar a aplicação de combate à pandemia.

Nas palavras do coordenador, as pessoas estão a desinstalar ou a desativar a aplicação por sentirem que o sistema em si não está a funcionar. Para o seu funcionamento eficaz, os médicos têm de gerar códigos, que são passados aos respetivos utilizadores para colocarem na aplicação. Desde o lançamento, apenas foram gerados 14.790 códigos, e desses, apenas 17,6% dos utilizadores introduziram no sistema, ou seja, 3.136 no total desde a sua estreia no dia 1 de setembro de 2020. Rui Oliveira explica que se as pessoas infetadas não colocarem a informação no sistema, acaba por ser inútil terem a aplicação no telemóvel.

Revelando números das últimas três semanas, entre 25 de março e 15 de abril, foi apenas introduzido um código na aplicação. E durante o mesmo período, do lado dos médicos, foram gerados 57 códigos, até ao dia 2 de abril. Nas últimas duas semanas não foram inseridos quaisquer códigos na app. Ainda assim, afirma que houve mais de 11 mil downloads da aplicação.

De recordar que o Governo quer mudanças na aplicação, de forma a agilizar a comunicação e inserção do código, aumentando a sua abrangência. O projeto de decreto-lei do Governo pretende agilizar o processo de obtenção e comunicação do código de legitimação de um teste positivo à COVID-19, permitindo que este seja gerado por outros profissionais de saúde, que não apenas médicos, e por meios totalmente automatizados. Desta forma pretende alargar-se a comunicação na aplicação dos testes positivos, que têm sido uma barreira à eficácia e que levaram muitos utilizadores a desinstalar a app.

O parecer da Comissão Nacional de Proteção de Dados, assinado pela presidente Filipa Calvão, diz que o projeto elimina "a referência à regulação da intervenção do médico", aditando que o diploma regula o código de legitimação do sistema Stayaway Covid, recomendando ao executivo que defina quais as categorias de profissionais de saúde abrangidas "pelo novo perfil de acesso".

Quanto à interoperabilidade da Stayaway Covid com outros sistemas, a CNPD defende a necessidade de adoção de medidas de segurança que protejam a informação e "a sua natureza pseudonimizada".

Nota de redação: O SAPO TEK contactou a INESC TEC sobre o estado atual da aplicação e o que falta para entrar em vigor o novo modelo de utilização, aguardando ainda as respostas no fecho desta notícia.