À medida que enfrenta uma crescente pressão do Governo de Xi Jinping para cumprir as ordens dos reguladores locais, a Apple deixou de fazer atualizações a dezenas de milhares de jogos mobile da App Store na China.
A gigante de Cupertino tinha permitido a publicação e download de jogos através da App Store enquanto os programadores das aplicações aguardavam por uma licença de Internet Content Provider dos reguladores do país.
A empresa já tinha avisado os developers de que precisariam da documentação oficial até 30 de junho para cumprir a lei estabelecida pelo Governo em 2016. Assim que o novo mês começou, a Apple deu a conhecer que as atualizações deixariam de ser feitas caso não conseguissem obter a licença.
De acordo com dados da consultora AppinChina, citados pelo Financial Times, a App Store conta com cerca de 60.000 jogos pagos ou com compras in-app no mercado chinês. Contudo, os reguladores do país emitiram 43.000 licenças desde 2010, com apenas 1.570 a ser lançadas em 2019.
São vários os analistas que sugerem que o Governo chinês está a “apertar o cerco” à Apple devido às tensões entre o país e os Estados Unidos. Em declarações à publicação, Todd Kuhns, gestor de marketing manager da AppinChina, indica que não há certezas acerca da forma como a empresa da maçã conseguiu “escapar” às regras durante tanto tempo. Ao todo, o responsável estima que a decisão poderá custar à Apple perdas na ordem dos 879 milhões de dólares.
Recorde-se que a China representa o maior mercado da App Store, arrecadando cerca de 16,4 mil milhões de dólares por ano, segundo dados da consultora Sensor Tower. A vasta maioria das receitas tem origem nas aplicações de jogos.
A Apple tem vindo a ser criticada por obedecer às medidas de censura do Governo chinês, tendo removido, por exemplo, o acesso a certas redes virtuais privadas (VPN) no país ou até a várias apps de podcasts, uma vez que as autoridades consideravam que poderiam ser usadas para ouvir conteúdo ilegal.
Para lá da relação instável com os Estados Unidos, as tensões entre a China e a Índia estão a escalar. No fim de junho, o Ministério da Informação e Tecnologia do país decidiu banir 59 aplicações chinesas, nas quais se incluem a popular TikTok, por serem consideradas uma ameaça para a integridade e segurança e segurança do país.
O Ministério afirma que recebeu várias queixas acerca das aplicações visadas com acusações de que estavam a roubar os dados dos utilizadores e a enviá-los de forma sub-reptícia para servidores localizados fora do país. “Tendo em conta a informação disponível, [as aplicações] estão envolvidas em atividades que são prejudiciais à soberania e integridade da Índia, assim como a segurança do Estado e da ordem pública”.
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