Pagamentos instantâneos, para qualquer país do mundo, com um custo de poucos cêntimos. A ideia está por detrás do conceito das criptomoedas e da tecnologia de blockchain, e a EasyPay está a avançar uma plataforma que põe em prática o modelo, através da AbyPay. Mas vai fazê-lo na Suiça e não em Portugal.

“Encontrámos pouca abertura do Banco de Portugal para a questão do Blockchain e das moedas criptográficas”, explicou ao TEK o CEO da EasyPay, Sebastião Lancastre, na Portugal Digital Summit, que está a decorrer no MEO Arena, em Lisboa. A Suiça foi escolhida porque a receção ao projeto foi muito diferente da AbyPay. “Disseram-nos que o projeto é excelente, o que nos enche de orgulho, e têm uma legislação em que escreveram preto no branco o que é uma moeda criptográfica e o que é aceite e não é”, refere.

Para o CEO da empresa, esta é a melhor forma de proceder porque se clarifica o mercado e depois são os consumidores que decidem se querem ou não usar. “É assim que o mundo faz hoje, não são os Estados que têm de intervir e decidir. Os consumidores são pessoas inteligentes e sabem escolher”, justifica.

Sebastião Lencastre explicou ainda que muita da má imagem que é transmitida sobre as Bitcoin não é justificada, não corresponde à realidade, e diz que fica “triste quando vejo pessoas com responsabilidades, como o Vitor Constâncio ou o CEO da JP Morgan falarem nisso”.

“Não é correto dizer que as bitcoins e outras moedas criptográficas estão associadas à DarkNet”, defendeu em entrevista ao TEK. “Todas as outras moedas estão associadas a atividade menos lícitos e fazer uma etiqueta dessas é muito perigoso porque não corresponde nada à realidade. E desafio as pessoas para provarem isso”, justifica.

“Quem quiser abrir uma conta em bitcoins sabe a dificuldade que é. As coisas são difíceis [… ] e se quiser lavar dinheiro preciso de ter 10 milhões ou 30 milhões em bitcoins. E é completamente rastreável”, adianta, dizendo que mesmo no caso mediático do criador do WannaCry muito dificilmente poderá ser movimentada a conta porque toda a gente sabe onde está e quanto dinheiro está lá. “Conheço outros casos que usaram empresas de transferência de dinheiro (e não vou referir nomes) e aí perderam mesmo o rasto”, refere.

Bitcoins na AbyPay só em 2018
O projeto da AbyPay está a avançar, mas Sebastião Lancastre diz que usar para pagar só “algures em 2018”. E não se justificará em todo o tipo de transações. “Eu diria, que é mais para fazer pagamentos em diferentes continentes,  é ai que vemos grandes vantagens. Para compra nos EUA consigo que dinheiro chegue lá em questão de segundos e a custar cêntimos. Na Europa? Tenho dúvidas. Já temos o euro, temos agora o novo PSD2 com as transferências instantâneas, e o sistema de pagamentos funciona relativamente bem, por isso a entrada de moedas criptográficas é difícil”, afirma.

O CEO da EasyPay não tem porém dúvidas de que o futuro dos pagamentos passa por estas soluções. E mesmo a rede de comerciantes estão a aderir ao conceito e “estão mais entusiasmados do que nós”, porque é mais uma forma de receberem pagamentos e aqui não querem barreiras.